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VIGÍLIA I !
Um rosto incerto e sombrio.
Um ar cheio de impurezas.
Um olhar num copo vazio.
Deixem-me errar.
Deixem-me acertar.
Por favor, deixem-me viver
Nas paredes soturnas
Com essas mortes diurnas
Vastas de solidão.
Onde o alarme e o cimento
Fazem a solidez do meu passo
Na incerteza da própria morte.
No rompimento desse arsenal de pó
Onde a vigília fere, sobretudo os muros
Em que a loucura real ou fictícia
Adormece entre traças e chagas.
Meus olhos gritam e rompem-se
Quando a boca da fome te devora
Na guerra do nordeste.
(Antologia política
do mais alto palavrório oco.)
tudo é vida, tudo é poesia,
tudo é surdo e cego, completamente.
E tudo é mudo sob esse sol,
Sob esse fato.
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Poema do livro "EFUSÃO" de 1984.
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