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Sei que muitos leitores já observaram que nas notícias sobre a catástrofe em Santa Catarina que saem na TV dá para notar a existência de dois discursos.
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Um discurso dos políticos, autoridades financeiras, empresários, exportadores e importadores. Esse discurso é baseado no valor que está no topo da lista das prioridades de nossa sociedade: a valorização financeira da situação. Todos os citados acima fazem levantamento do quanto já foi perdido em dinheiro, quanto deixarão de lucrar, da infra-estrutura destruída, das estradas, dos portos, das empresas que foram destruídas... Tem um empresário do setor de pisos industriais e residenciais que só dá entrevista dizendo que está perdendo diariamente cerca de 1 milhão de reais.
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Esse discurso evoca o governo para reconstruir a base produtiva daquela região. O governo responde que tudo será devidamente reconstruído. Reclamam que as estradas têm que ser refeitas para escoar os produtos do vale do Itajaí. Que o governo tem que abrir linhas de créditos para os empresários que estão em dificuldades. O governo colocará em muito breve essas linhas de crédito à disposição.
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O outro discurso é aquele que apela para a solidariedade. Todo mundo deve participar para ajudar os desabrigados e afetados pelas chuvas e desmoronamentos. Pouco se fala da ajuda oficial para a reconstrução das casas da maioria absoluta destes. Estes, não. São sem poder político nenhum, sem recursos financeiros nem influência social. Estão colocados à margem do esforço oficial que está sendo destinado quase que completamente aos outros acima citados.
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Então, o que é mais importante? Ou quem é mais importante? Poderão responder que sem o setor produtivo não haveria desenvolvimento e nem mesmo pessoas por lá. Será mesmo verdade. Uma verdade inteira? Uma meia verdade? Que resposta devemos dá?
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