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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A BELA MORTE DE PLATÃO DE BRASÍLIA - II.

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A identidade individual e intransferível só surgiu quando protestantes começaram a questionar a intermediação da igreja para as pessoas entrarem em contato com Deus. Se cada um é filho dele e é individual, então pode manter o contato direto com ele. Nega-se assim a necessidade de padres e bispos intermediando o negócio. (interessante que os protestantes criaram as suas seitas para fazer exatamente o que condenaram.)
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Já a partir do séc. XVIII com a consolidação do capitalismo como economia e organização social instituídas criou-se o valor do individualismo assegurando para cada pessoa uma identidade desvinculando da phratría. “Cada um é cada um”. Cada um é seu número, seus direitos, suas qualidades, seus valores, seus objetivos individualizados.
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Mas na Grécia arcaica era diferente e apesar de falar de fatos contemporâneos a referência é lá.
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Mas Platão de Brasília morreu. E o que era morrer para os gregos arcaicos? Morrer belamente era atributo para aqueles que eram considerados heróis. Daqueles que morriam bravamente, enfrentando perigo em defesa daquilo que lhe era sagrado.
Para ir ao Hades, local para onde iam os bravos guerreiros heróis e os que tinham areté, depois da morte, o herói tinha que ter seu corpo (morfé) preservado para passar por todo os rituais funerários.
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Por isso faz sentido aquela cena do filme “Tróia” em que AQUILES sai puxando o corpo de HEITOR até o acampamento. Não era malvadeza e nem sadismo. Era um meio de impedir que o herói HEITOR chegasse ao Hades. Destruindo seu corpo não poderia haver o ritual funerário, então não iria ao mundo daqueles que possuíam areté.
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Eu retirei de PLATÃO, o meu cachorro, a oportunidade de ir ao Hades quando não lhe permiti os rituais funerários, quando não preservei a sua morte. Mas ele não vagará sem rumo eternamente porque executei uma forma de resolver esse impasse. Não preservei a morte, mas utilizei uma saída que surgiu na época em que surgiram as cidades.
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Essa saída é o Epitaphioi (epitáfio). Que é uma louvação apologética por escrito lida na hora do ritual funerário e dele podia ter algo retirado para inscrever na lápide.
Fiz uma poesia para preserva-lhe a fama, memória, honra. Desse jeito ele não estará condenado a vagar eternamente sem rumo porque manterei seu nome, sua fama, pelo menos entre aqueles que o conheceram.
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