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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

SOFIA E O POMBO CRISTÃO.

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Quando minha segunda filha, SOFIA, está na casa de meus pais apronta das suas. A última dela me levou a escrever este texto porque a cena que vi, já na nossa casa, me remeteu à postagem “Ele gostava de sofrimento”, sobre NIETZSCHE, que fiz outro dia.

Ocorreu o seguinte: Ela gosta de ir ao galinheiro da casa de meus pais. Ela sempre vai lá depois de cumprimentar a todos. Ontem ela conseguiu pegar um pombo com suas mãos. Levando-o para nos mostrar, na sala em que almoçávamos, disse que o tinha pegado porque ele estava onde as galinhas põem. “Foi fácil”, disse quando meu pai perguntou como tinha conseguido.

Imediatamente meu pai pediu que ela o entregasse. Sem saber o porquê ela o entregou. Meu pai começou a arrancar as penas das pontas das asas alegando que era para que ele não mais voasse. Ao ver o modo como ele fazia, ela ficou com pena. ”Não faz isso não, vô.” Ele explicou que era para o pombo não mais voar permitindo que ela pudesse brincar com ele. SOFIA ficou calada diante do argumento e da pena que sentia do pombo. Não soube conciliar os sentimentos e a euforia de poder brincar com ele.

Fomos para casa. Lá ela o pôs numa área de nossa casa meio reservada. SOFIA viajou ontem mesmo a Teresina e me deixou encarregado de cuidar do pombo. Hoje pela manhã observei o modo como ele se comportava. Estava encolhido num canto. Comendo e bebendo. Poucos passos (agora que sem asas, passos) de um canto a outro. Ficou dócil. Domesticado. Manso.

O pombo é um animal que, em seu estado natural, é arredio à aproximação de qualquer outro ser. Diante da menor possibilidade de ameaça foge voando. E rápido. E pra longe. É assim que é porque foi assim que a natureza, ao longo dos milhões de anos, o preparou para viver e a utilizar os mecanismos de ataque e defesa que a evolução o possibilitou.

Mas quando meu pai arrancou as penas de suas asas mudou tudo. Nós interferimos na condição original, natural dele e ele se domesticou. Ficou dócil. Um cordeirinho.

Vendo o pombo naquelas condições lembrei-me dos motivos que levaram NIETZSCHE a abandonar e odiar o cristianismo. A religião faz com o homem o que fizemos com o pombo. NIETZSCHE defendia os valores que fazem do homem um ser dotado de vontade de poder, de dominar, de ser impetuoso, valente, destemido, intenso. De - diante dos problemas, sofrimentos e percalços - ser capaz de utilizá-los como motivo para se superar. De ter a consciência que as dores, sofrimentos e fracassos são capazes de mostrar todas as armas que ele tem para ser quem ele é. “Torna-te quem tu és”.

Tudo o que é usado pelo homem para mascarar aquilo que ele é deve ser repudiado. Pois, se fugir daquilo que ele é será um covarde. Bebida com o objetivo de mascarar a realidade e a religião fazem exatamente isso. Pela religião o homem se torna um cordeiro, um covarde, conforme NIETZSCHE. Igual ao pombo da SOFIA.

Quando as penas do pombo voltarem ao que eram antes irei soltá-lo. Ele me sensibilizou. Para NIETZSCHE, quando o homem adotar a moral do além do homem (Aqui ele se refere ao homem como aquilo que ele é com a religião, e o além do homem seria aquilo que ele será quando transformar a moral que o faz ser como ele é. Ou seja, quando transvalorar os seus valores atuais e adotar os valores do além do homem, do super-homem) ele será quem realmente deve ser.

Pode ser que SOFIA não entenda ainda nada disso visto que ela tem nove anos, mas aos poucos irei mostrar o motivo que devemos devolver ao pombo as condições para que ele seja quem ele é naturalmente. E dizer que só nessas condições é que ele será feliz, que ele será pombo.

Quanto ao homem, que não nasceu para “viver de joelhos diante da humanidade”, só será feliz quando for quem ele é e não aquilo em que foi transformado pela moral cristã. Pois sendo assim, cristão, não será feliz nas condições que escolheu para viver. Desse modo o homem será sempre o pombo da SOFIA, triste e calado no seu canto, só comendo, rezando e bebendo.

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11 comentários:

Umbelina disse...

passando para deixar meu alô
Estás com saudades de Sofia hein?
Bom fim de semana

JAIR FEITOSA disse...

Olá Umbelina.

Sim, ela é uma referência para mim. Assim como também o é a Ingridy. Amo muito as duas. Com a Ingridy, de certa forma, já me acostumei porque estuda em Teresina. Mas pretendo ir lá também agora nas férias.

Obrigado pela passagem por aqui.

Um abraço.

Jair Feitosa.

Aristócrates Carvalho disse...

Ah, conhece a Ingridy. Estudamos juntos!

Uma menina de uma inteligênia surpreendente!

Antonio José Rodrigues disse...

Como diz, Jair, o provérbio: "Podem cortar as nossas asas, mas não a nossa vontade de voar" o pombo, coitado, assim como o homem/refém dogmático, sonha em voar um dia. Abraços

BioLoukos IFPI disse...

Nossa! É por isso que sou seguidor deste MESTRE! É uma postagem melhor que a outra.
Sabe de uma coisa? Lembro que quando pedimo-lhe que nos prestasse uma entrevista, você não quis aceitar que nos referissemos a ti como filósofo, mas diante de um texto como esse... não há como não ser!

Só espero, um dia eu ter capacidade intelectual pra elevar o meu blog a tal nível!

FELIZ NATAL E PROPERIDADES EM 2011

Ronilson DuMont

JAIR FEITOSA disse...

Olá Aristócrates.

Bom, obrigado pelo comentário. E agradeço pelo elogio que fez à Ingridy.

Um abraço.

Jair Feitosa.

JAIR FEITOSA disse...

Olá AJRS.

Lembro que esse provérbio está na placa de formatura de sua turma de Matemática.

É por aí mesmo. Graças a cabeças como a sua é que podemos contar sempre com o ser humano para poder transformar as coisas. Fazer com que as coisas deixem de ser o que são em vista do que queremos que elas sejam.

Um abraço e obrigado pelo comentário.

Jair Feitosa.

JAIR FEITOSA disse...

Olá BioLoukos (Ronilson).

Pois é, sou apenas um professor de Filosofia. Filósofo, como alguns historiadores fazem questão de frisar, é aquele que é capaz de constituir um Sistema Filosófico. Infelizmente eu não sou capaz.

Fico com o título que me cabe: Professor de Filosofia.

Um abraço e obrigado por comentar a postagem.

Jair Feitosa.

Anônimo disse...

O apostolo Paulo escrevendo uma carta aos Colossesses ele deu um alerta ao povo de Deus: Tende cuidado, para que ninguem, vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas,segundo os rudimentos deste mundo.

JAIR FEITOSA disse...

Caro Anônimo.

É certo que Paulo foi um homem muito sagaz. Já tive a oportunidade de ler algumas de suas cartas. Por isso digo que ele era sagaz.

Sabendo de sua tarefa e de seu compromisso com a sua religião, e sabendo muito claramente que religião é o que é tratou de proteger a sua dos inevitáveis confrontos com outras formas de pensar. Ou seja, atacou para se defender antes do ataque do outro. Muito esperto, muito sagaz.

Ele sabia que viriam alertas sobre o que ele pregava. Ele sabia muito claramente o que fazia. E as críticas seriam inevitáveis. Então, tratou de dizer o que disse.

Não que o que disse seria uma verdade inquestionável, mas porque sabia que prevendo os fiéis dos alertas e críticas que viriam daquilo que chamavam de "pagãos" ele manteria mais facilmente seus fiéis. (Um parêntese: Eu não sou batizado, sou, então, pagão?) Ele sabia que todos aceitariam seu argumento e o utilizariam junto aos demais para fortalecer a sua religião. Sagaz, muito sagaz.

Vejo a questão toda por aqui. Você a vê de outro modo. Você não me convencerá dos seus argumentos e talvez eu também não conveça dos meus. Mas devemos expô-los. Faz bem pra gente. Assim temos a "sensação da missão cumprida".

Obrigado pelo comentário e um abraço.

Jair Feitosa.

Anônimo disse...

tomara que o teu castigo seja a morte, que Deus não tenha pena de você