Com o texto abaixo pretendo dar uma demonstração do estilo de
governar do PSDB. Certo é que quanto mais a mídia tradicional esteja ao lado
desse partido, como é do conhecimento até do mundo mineral, como sempre diz o
MINO CARTA, mais blindado ele estará frente às inúmeras denúncias de corrupção
que estão sendo feitas pelos “Blogueiros Sujos”. As denúncias são feitas, leia
a revista Carta Capital desta semana e se surpreenda com o lamaçal que foi o “mensalão”
do PSDB em Minas Gerais, mas a grande mídia, ou mídia tradicional, não
repercute as horripilantes denúncias.
Eu sei que Floriano está muito longe dos grandes centros,
portanto, longe dos grandes figurões do PSDB. Mas há aqui, proposta pelo atual
prefeito da cidade, que é do PTB, o mais incompetente de sua história, uma onda de
incivilidade, uma crescente aversão à convivência democrática, um embrião de
autoritarismo pernicioso, muito perigoso para a democracia que poderá ser ampliado se esse espírito antidemocrático nacional do PSDB viesse a ser implantado aqui também. Por que não? Afinal os partidos tendem a seguir as diretrizes nacionais.
Pois nesse espírito antidemocrático que está em vigência na
cidade a democracia boa é aquela que é sempre a favor. Ou seja, a mídia deve
falar, mas sempre falar a favor. Se tiver de falar algo contrário que seja
através de eufemismos para que as pessoas não percebam, ou não entendam, que está sendo feita uma
crítica dura. O que é divulgado tem de ser a partir do conceito estabelecido
oficialmente sobre o que deve ser divulgado, ou denunciado.
Mas eu sou contra isso. Sou seguidor do tipo de ideologia do
cantor e compositor BELCHIOR que diz: “Não me peça que eu lhe faça / Uma canção
como se deve / Correta, branca, suave / Muito limpa, muito leve / Sons,
palavras, são navalhas / E eu não posso cantar como convém / Sem querer ferir ninguém...”
Por isso estou sendo implacavelmente punido por dizer a verdade sem retoques e
salamaleques.
Nunca na história dessa cidade houve tanto despudor contra os
princípios democráticos. Nunca houve tanta aversão à democracia. Nunca houve
tanto desprezo pelos princípios mundiais de se assegurar, no jogo democrático,
o direito da livre expressão.
E eu não digo isso baseado apenas em minhas convicções, não. O
faço baseado nos princípios que garantem a democracia em nosso país. Baseado no
que dizem os defensores destemidos da democracia.
“A Constituição Federal, nos artigos 5o., incisos IV e IX, e
220, garante o direito individual e coletivo à manifestação do pensamento, à
expressão e à informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, independentemente
de licença e a salvo de toda restrição ou censura”, Ministro do Supremo
Tribunal Federal RICARDO LEWANDOWSKI.
“A liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade”, Presidente
do Supremo Tribunal Federal AYRES BRITTO. Que, segundo texto publicado no “Estadão” (Ministro defende plenitude da liberdade de imprensa) pretende acabar com decisões que representam censura à liberdade de expressão
(leia clicando AQUI).
E mais uma frase dentro do contexto do espírito antidemocrático
expresso pelo PSDB na ação que tenta fazer valer contra os “Blogueiros Sujos”. Como
asseverou o historiador francês ALEXIS DE TOCQUEVILLE, ao dizer: “Os excessos
da liberdade se corrigem com mais liberdade.”
Tenha uma boa leitura do texto do Sociólogo MARCOS COIMBRA, abaixo. Se preferir ler no original clique AQUI.
"SERRA CAÇANDO OS “BLOGUEIROS SUJOS”
Publicado em 30 de julho de 2012
Por Marcos Coimbra, no Correio Braziliense
Uma das sabedorias antigas dos mineiros ensina que, na
política, não existem gestos gratuitos. Todos têm consequência.
E não só para quem os pratica. Muitas vezes, os efeitos de um
ato individual atingem correligionários e companheiros.
Podem, por exemplo, afetar de maneira ampla a imagem do
partido a que pertencem. Mudam a percepção da sociedade a respeito de seus
integrantes. Quando é para o bem, ótimo. Mas pode ser para o mal.
Nesses casos, o ônus é compartilhado. Todos pagam por ele. A
decisão da Executiva Nacional do PSDB de recorrer à Justiça contra os
“blogueiros sujos” que o criticam é um desses.
O verdadeiro inspirador da ação foi o candidato do partido a
prefeito de São Paulo, mas suas consequências negativas não se circunscrevem a
ele. O gesto de Serra alcança coletivamente os tucanos.
Em si, é apenas uma reação tola. Que expectativa de sucesso
tem o ex-governador? Será que acredita que conduzir o PSDB a uma cruzada contra
os responsáveis por blogs que antipatizam com ele redundará em alguma vantagem
para sua candidatura?
Movido por sua insistência, o partido representou à
Procuradoria-Geral Eleitoral para denunciar o “uso de recursos públicos” no
financiamento de “blogs, sites e organizações”
que funcionariam como “verdadeiras centrais de coação e difamação de
instituições democráticas”.
Na prática, o que o PSDB pretende é que empresas e bancos
estatais sejam proibidos de comprar espaço publicitário em blogs contrários ao
partido e às suas lideranças. A argumentação de que é movido pelo zelo de
proteger as instituições é fantasiosa. Aliás, sequer cabe aos partidos
políticos esse papel.
O que Serra quer mesmo — e não é de hoje – é impedir a
manifestação de seus adversários [destaque meu].
Talvez tenha se acostumado com a convivência que mantém com
alguns veículos e comentaristas da nossa indústria de comunicação. De tanto
vê-los defendendo seus pontos de vista e acolhendo suas opiniões, convenceu-se
que os críticos não mereceriam lugar para se expressar.
O fascinante na argumentação é que não o incomoda (ou a seu
partido) que existam “blogs, sites e organizações (?)” — bem como revistas, jornais e emissoras de
televisão e rádio — que recebam investimentos em propaganda do setor público e
façam oposição até agressiva ao governo.
Parece que acham isso natural e que tais aplicações se
justificariam tecnicamente. Se determinado veículo tem leitores, não haveria
porque excluí-lo do plano de mídia de uma campanha de interesse de um órgão ou
empresa pública. Fazê-lo equivaleria a puni-lo por um crime de opinião.
Se vale para os órgãos de comunicação hostis ao governo e ao
“lulopetismo”, por que não se aplicaria no caso inverso? Seria errado anunciar
em blogs com visitação intensa, apenas porque seus responsáveis não simpatizam
com os tucanos?
Ou Serra e seu partido aplaudiriam se o governo proibisse que
seus órgãos comprassem espaço publicitário na imprensa oposicionista?
A decisão sobre a alocação dessas verbas pode ser questionada
com base em critérios objetivos: tem determinada emissora suficiente audiência
para cobrar seus preços? Aquele jornal tem a circulação que afirma? O blog ou
site em questão tem volume relevante de acessos?
Fora disso, é apenas castigar — ou querer castigar — quem tem
opinião diferente.
Engraçado lembrar o destaque que o PSDB e suas figuras de
proa, como Fernando Henrique, veem dando à internet na discussão do futuro do
partido. Tomara que não pensem como Serra: que na internet só podem ficar os
“limpos” — que os que o aplaudem, pois os “sujos” — que o questionam – devem
ser banidos."