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Saiu na imprensa que a rainha da Inglaterra, ELIZABETH II, abriu uma conta no Facebook. Legal. Agora ela estará conectada ao mundo através de uma ferramenta quase imprescindível nos dias de hoje. Ela prometeu postar fotos de cerimônias e eventos. Legal. Também disse que estaria disposta a aceitar os milhares de internautas que desejarem ser associados à sua página. Fazendo as suas ressalvas, no entanto. Tem todo direito. Até eu tenho uma página no Facebook. Tenho oito amigos lá.
Ao ver tanta ostentação e soberba na apresentação da notícia me ocorreu de indagar como vive, de quê vive a família real inglesa. Me envolvi, para tentar responder a mim mesmo, com a questão do trabalho. Pois a família real não trabalha, mas mesmo assim ostenta tanta riqueza que causa indignação em vista dos ditos súditos, que a sustentam. Tal situação causa indignação em mim, não neles, súditos.
Cordeiramente eles destinaram cerca de R$ 110 milhões (clique AQUI) este ano para cobrir as despesas da família real. Então, eles trabalham, produzem e financiam a vida boa de uma família que não faz nada de produtivo na vida. Tive um professor de Filosofia na faculdade que é comunista de carteirinha e tinha asco da família real. Certa vez comentando a vulgaridade da vida de tal família disse que as pessoas não deviam dizer que eles não faziam nada. Seria, segundo ele injustiça. Pressenti ironia.
A família real faz uma coisa muito bem. Produz algo que nenhuma outra família é capaz de produzir. Eles passam o dia todo ocupados produzindo a sua especialidade. E por isso merecem o mimo que têm. Acordam e fazem o desjejum, almoçam, tomam chá as cinco, depois jantam e tudo isso para produzir cocô. Não um cocô qualquer, de trabalhador, pobre ou miserável, mas um cocô real. Seria, segundo esse meu professor, a única coisa de útil que faz a família real inglesa.
Não concordei com ele por ser uma posição muito dura e pouco honesta. Além, é claro de ser repugnante, nojenta. Prefiro o que disse MARX: “O ato mais importante do Rei é o ato sexual, a produção de outro Rei”. Esta sim mais nobre. Que explicarei depois.
O trabalho é uma ação exclusivamente humana que hoje tem um valor inestimável para a sociedade. Vivemos na sociedade do trabalho. Isto só foi visto assim a partir do século XVII. Até então essa ação produtiva na tinha o mesmo valor de hoje. Na Antiguidade o trabalho era uma ação exclusiva de escravos. O nobre se dedicava ao ócio (tempo livre para se dedicar às atividades unicamente intelectuais: Política, Ciência, Filosofia, Arte e táticas de guerra).
Por que trabalho era uma ação exclusiva de escravos? A técnica para realização de qualquer trabalho era elementar. As atividades de produção de riqueza eram basicamente a agricultura básica, o artesanato e o incipiente comércio. Diante desse quadro não se exigia requisitos intelectuais complexos para realizá-lo. Qualquer um poderia fazê-lo.
Fazendo a divisão entre os que trabalham e os que deveriam viver dele a sociedade grega antiga criou a noção de divisão dos seres entre os que a natureza tinha preparado para o ócio e os que não tinham sido contemplados com a inteligência. ARISTÓTELES dizia que aquele que a natureza não teria dotado de nada além dos membros e do corpo deveria se entregar ao escravismo, pois não sendo dotado de inteligência não tinha nada mais a oferecer à sociedade. E talvez morresse a míngua por não ter inteligência para se manter sozinho. Seria melhor ser escravo e ter onde morar e ter o que comer que ficar à revelia de sua falta de inteligência natural.
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Continua.
2 comentários:
O texto, Jair, está bem lúcido. Espero conclusão. Abraços
Valeu, AJRS.
Vou terminar sexta-feira. Amanhã tem mais.
Um abraço.
Jair.
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