LOCALIZAÇÃO DE LEITORES


web site estatísticas

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

POESIA - II.

.
Quando ainda era adolescente já estudava em Fortaleza e todo dia fazia o mesmo intinerário para o Colégio Lourenço Filho. Dentre os vários amigos de Floriano que moravam conosco numa casa eu estudava com DELSON BARBOSA GOMES (Delsão). Todo dia íamos juntos ao colégio, nesse determinado período.
.
No trajeto passávamos pela esquina das ruas Tristão Gonçalves e Gen. Clarindo de Queiroz seguindo rumo à Rua Barão do Rio Branco (onde fica o colégio). Quase na esquina havia um bordel. Nesse bordel havia uma moça que me atraía fisicamente. Todo dia eu a olhava e ela me olhava. Ela sorria e eu sorria também. Mas nunca parei para conversar com ela.
.
Todos os dias ela estava sempre acompanhada, seja durante o dia, ou à noite. Todo dia estava sempre sentada à mesa com homens e mulheres. Às vezes só com um homem. Mas nunca só. E sempre com um copo de cerveja à sua frente. Ela era bonita, muito bonita mesmo. Não sei como uma mulher daquelas teria ido parar ali. Eu ficava imaginando mil possibilidades que explicassem aquela condição. Olhava o bordel até onde poderíamos ver quando passávamos.
.
Certa vez o Delsão me perguntou por que eu não parava para conversar com ela. Não sei. Era muito inseguro quanto a situação que poderia se formar a partir desse encontro. Escolhi ser apenas um observador daquela mulher bonita, jovem e protituta. A forma que encontrei para me aproximar dela foi escrevendo esse poema que tenta esclarecer o máximo que pude me aproximar dela e entender a sua existência. Até hoje não sei o nome dela e muito menos em que lugar vive.
.
.
REPTO DE VIVER !
.
A fragilidade desse gelo em que pisas
Confunde a idéia feita depois do desespero carnal
Imaginação flácida como a frieza desses olhos
Contrariando tudo, feito o gen que não resistiu,
Essa tristeza toda, vestida sobre essa cama prostituta,
São músicas
São homens
São todos que te destroem.
.
Esse corpo que embate o duro rascunho de um gozo
Ostentando uma existência de um pensamento traidor.
É triste, senhora,
Olhar o mundo de uma maneira naufragado
De um jeito oral a um velório sem amigos.
.
É triste, dama de sonhos,
Sentir o compasso desse tempo surdo e tonto
Desse mistério feito de indômitos sentidos
Desse sarcasmo vivo na voz que ecoa no quarto
Dessa gratidão vã dos olhares que não te vêem.
.
É triste, mulher,
Vestir esse fosso sombrio e funéreo
Essa carne suja desse mausoléu frio
Repetindo ao flóreo orvalho da solidão
Tudo o que a alma odeia e esfuma.
.
Não me olhe assim
Como se não pudesse viver
Sem um copo cheio de insanidade em forma de espuma.
.
Oh! Vida de encantos mórbidos
Será que é sina essa dorida ilusão?!.....
.
.

Nenhum comentário: