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sábado, 28 de novembro de 2009

O LADO “B” DO LP E O PT - II.

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Calma gente, o que fiz foi desacomodar o silêncio, pois o silêncio inunda de incertezas aqueles que necessitam falar e como consequência das incertezas silenciadas surgem certezas mal disfarçadas, não discutidas que acomodam questões que deveriam ser discutidas.
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Silenciar não é preservar a harmonia, mas antes de tudo estabelecer “verdades” que não refletem o bem estar de todos. Mas apenas a “verdade” que foi posta, mesmo que os demais tenham a necessidade de também mostrar as suas “verdades”. É nesse confronto de “verdades” que pode resultar aquilo que depois pode ser considerado e estabelecido como consenso e harmonia, que durará enquanto novas “verdades” necessitarem ser discutidas.
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Se o discurso do outro for silenciado pode se estabelecer um consenso, uma harmonia, que não é a vontade do outro, mas apenas de quem impôs a harmonia, o consenso. O meu desacomodar o silêncio serve para o debate, o confronto de “verdades” e daí resultar a momentânea harmonia. Mesmo porque a verdadeira harmonia é aquela que o outro também sente e vive por concordar e aceitar como resultado do debate.
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Uma família deve ir passar na nossa eternamente inacabada praça central antes de resolver as suas questões mais urgentes de mãos dadas transparecendo harmonia? Para quê? É mais útil que resolvam o embate de questões, estabeleçam os laços verdadeiros naquilo que é primordial e a partir daí sair de mãos dadas pela praça (se um dia for terminada). Assim o consenso, a harmonia não seria apenas externa, mas o reflexo da concordância de todos. Seria a externação de um discurso que contemple os desejos, as necessidades e objetivos do grupo como resultado do desacomodar da aceitação da “verdade” apenas de um ou de outro.
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Por fim, a minha alegoria do LP é para dizer que quando um afirma que o lado B é melhor do que o lado A (ou vice-versa) é para surgir entre os tietes do disco aquilo que será o discurso deles sobre a qualidade do disco na totalidade levando em consideração os dois lados. E não dois discursos dando conta apenas do lado A ou lado B.
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O LADO “B” DO LP E O PT - I.

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Por uma questão de vivência maior gosto mais do LP do que do CD. Neste século comprei muito poucos CD’s. Na época do LP, dos artistas preferidos, eu comprava todos os discos lançados. Como os meus artistas preferidos não continuam tão produtivos como antes, então, por isso mesmo, tenho comprado poucos discos atualmente. Na verdade, quase nenhum.
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Mas com isso não quero dizer que fiquei preso ao passado. PATO FU, PITTY, ZECA BALEIRO, AMY WINEHOUSE... são artistas que tenho ouvido. Chego até gostar. Mas é de LP e CD que desejo falar nesta postagem. Quando comprava um LP do FAGNER ouvia primeiro as músicas do lado B do disco. Isso porque no lado A estavam, quase sempre, as músicas “de trabalho” e as com maior apelo comercial.
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Eu sempre preferi as músicas mais bem elaboradas, mesmo que isso me fizesse ficar no grupo daqueles com menor poder de convencimento. Porque enquanto eu dizia que as músicas do lado B eram melhores os apreciadores do FAGNER me falavam da lista das “mais tocadas”, e nela quase nunca estava alguma do lado B (só muito raramente). Nesse embate de preferências entre os lados do LP resultava sempre que, afinal, o disco era bom naquilo que todos nós concordávamos. Pelo menos até o lançamento do próximo LP.
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Pelo menos assim, na discussão, eu não ficava sufocado, calado e frustrado por não ter dito a minha “verdade” sobre aquilo que necessitava dizer, e que era fundamental para mim: que eu gostava mais do lado B. Mesmo que depois eu defendesse, junto com o pessoal do lado A, que o disco mais recente do FAGNER era sensacional, na sua totalidade.
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O pessoal do lado A tinha a mídia para demonstrar que estava com a “verdade” com sua lista das “mais tocadas”. Mesmo assim eu defendia o meu gosto. Mas aí chegou o CD e juntou todas as músicas num lado só. Quiseram unificar o discurso dos tietes na marra. Sem lado A e lado B o aspecto gerador das discussões foi extinto? No fundo o que gerava a discussão não era o fato de as músicas estarem separadas por lados. Mas a qualidade e estética das músicas.
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Mesmo que tenhamos ficado espacial e geograficamente do mesmo lado as razões que foram requeridas e oferecidas para justificar as discussões permaneceram: os gostos, as preferências rítmicas e estéticas, o apelo comercial, a elaboração... O CD não foi suficiente para impor uma “verdade” sem levar em consideração as diferenças. Para que haja um discurso que seja a representação da opinião de todos sobre o disco é necessário que todos os tietes possam opinar e construir o discurso juntos.
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Esta alegoria é para falar da insatisfação do lado A, ou B, do PT em relação à postagem “Nada de tranqüilidade” que fiz sobre a eleição do diretório municipal do PT. Quero dizer que não me referi a todos os militantes do partido. Não precisava dizer isso, pois está tudo lá, mas... Me referi explicitamente àqueles que ocupam cargos de confiança na prefeitura de Floriano; à desejada harmonia do partido; e da parte da mídia que disse que a eleição foi “tranqüila”.
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Os demais militantes não foram referenciados, por isso não tem motivo nenhum de alguém ter se sentido ofendido. Até porque não tive informações da postura desses outros no dia da eleição. Falei daquilo que me confidenciaram. Se é político, é público. Se é público, me interessa. Meu interesse, no entanto, não é sobre as músicas do lado A ou B, mas do disco.
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Não prefiro o lado A ou B, até porque não gosto de forró. Tanto é que quando o FAGNER enveredou no rumo do forró não comprei nenhum disco dele. Meu estilo, ritmo, estética de música, preferência não é essa.
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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

FRASE DA FRAN.

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Esta da foto é FRANCIELLE MARIA CHIES GHIRALDELLI, conhecida por FRAN, formada em Filosofia, cunhou esta frase em seu Twitter: "o pastor é meu senhor e nada me sobrará". Uma demonstração incontestável de criatividade e sagacidade, além de um humor desconcertante.
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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

NADA DE TRANQUILIDADE.

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Foto do portal Notícias de Floriano. EDVALDO (à esquerda) e CELSO.
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"PT/Flo: Diferença de 11 votos dá vitória de vereador sobre lider estudantil." Publicado em 23.11.2009.
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"Uma disputa acirrada marcou a eleição para a Presidência do PT - Partido dos Trabalhadores em Floriano. A eleição ocorreu neste domingo (22/11) e mostrou uma clara divisão entre duas alas petistas.
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O Vereador Edvaldo Costa conseguiu a vitória por uma diferença de 11 votos diante do lider estudantil Celso Vieira.
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Segundo as primeiras informações, votaram pouco mais de 260 filiados ao Diretório Municipal do PT de Floriano."
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Reproduzo esta reportagem acima do portal www.noticiasdefloriano.com.br em virtude de uma conversa que tive com militante do PT em Floriano e o mesmo fez algumas colocações que expõem contradição em relação ao que saiu noutro meio de comunicação de nossa cidade.
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O meio de comunicação (referenciado por ele) ao afirmar que a eleição foi "tranquila" não reflete a verdade acerca dos fatos, disse o indignado militante. Esta colocação tem procedência em virtude dos fato que ocorreram e que contrariam a tentativa, segundo ele, de transformar a vitória do candidato vencedor em algo já esperado e normal.
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Um jovem estudante, CELSO, põe em risco a eleição de um candidato ao diretório municipal, EDVALDO, que é suplente de vereador e que está exercendo mandato na câmara. Este teve apoio do candidato ao diretório estadual, do governador, de deputados estaduais e do prefeito de Floriano. Mesmo assim, CELSO quase ganha a eleição. Isso demonstra que o grupo político de que faz parte dentro do PT, em Floriano, é mais forte do que supunha os adversários. O grupo, de agora em diante, vai sim ser levado em consideração na hora da tomada de decisões do partido.
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Nada mais incorreto afirmar que tudo saiu na "santa paz", pois houve muita confusão, inclusive com registro de B.O.; jura de acerto de contas posteriores entre militantes; pessoas que foram pressionadas a votar no candidato apoiado pelo prefeito, que segundo o militante, teria feito ingerência em favor de EDVALDO.
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O candidato CELSO foi meu aluno e o conheço na sua integridade ética. Sei de suas habilidades políticas desde que já manifestava em sala de aula o pendor para o debate e a ação pública. Acredito que o PT perdeu a oportunidade de ter um dirigente capaz, articulado e com posições morais e éticas que dariam a oportunidade ao PT municipal de um novo rumo na sua atuação em nossa cidade. Mas 11 votos, segundo me relataram, resultado também de ameaça de demissão de cargo de confiança, definiram pela continuidade das diretrizes atuais. É uma pena se perder a oportunidade de experiências com gente com dignidade.
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ELE NÃO TINHA OPÇÃO.

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Um homem tinha três namoradas e não sabia com qual delas deveria se casar.
Resolveu, então, fazer um teste para ver qual estava mais apta a ser sua mulher.
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Tirou R$ 15 mil do banco, deu R$ 5 mil para cada uma e disse:
- Gastem com o que quiserem.
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A primeira foi ao shopping, comprou roupas, jóias, foi ao cabeleireiro, salão de beleza, etc.
Voltou para o homem e disse:
- Gastei todo o seu dinheiro assim para ficar mais bonita para você, para lhe agradar. Tudo isso porque amo você.
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A segunda foi ao mesmo shopping, comprou roupas para ele, um CD player, uma televisão tela plana dois pares de tênis, tacos de golfe e filmes pornô.
Voltou para o homem e disse:
- Gastei todo o seu dinheiro assim para lhe fazer mais feliz, lhe agradar. Tudo isso porque amo você.
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A terceira pegou o dinheiro e aplicou em ações.
Em três dias duplicou o investido, retornou os R$ 5 mil para o homem e disse:
- Apliquei o seu dinheiro e ganhei o meu. Agora posso fazer o que quiser com o meu dinheiro. Tudo isso porque eu amo você.
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Então o homem pensou,
Pensou.
Pensou...
Pensou...
(homens demoram para pensar...)
Pensou
Pensou...
E...
Escolheu aquela que tinha a bunda maior!!!
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DEFINIÇÃO DE ESTÉTICA.

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Aquela confusão toda na Uniban foi por causa disso aí. Alguns alunos teriam se sentido provocados (?) por ela e teriam tomado, em manada, aquela atitude. As mulheres disseram que também se sentiram incomodadas pelo jeito "sexy" dela. Convenhamos... Deve sair na Playboy, já pensou a quantidade de homens que irá comprar. A estética ficou mesmo doida. Não há mais parâmetros.
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POESIA.

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POEMINHA TEU.
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pra que uma piscina na minha casa
se tenho hidrofobia
pra que tantas laranjas no meu quintal
se estão podres
pra que tantos livros na estante
que falam de coisas que não entendo
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com tanta água parada
a piscina está cheia de lodo
com tantas laranjas fétidas
o quintal é só mau cheiro
com tantos livros herméticos
para a minha angústia e a tua admiração
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essa água não me serve no batismo
essas laranjas corrompidas
esses livros expostos e minha mente oca
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a água não mata a sede
as laranjas não curam
e os livros nunca os li
(JAIR: 24.11.2009)
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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

PALAVRA LIVRE E PÚBLICA.

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O desejo ansioso de me processar e a angústia da minha palavra ser livre e pública subtraíram a necessária perspicácia que daria a capacidade imprescindível para entendê-la. O resultado foi esse emaranhado de aleivosias sem precedente na história política de Floriano. Tanto no que se refere ao atentado aos pilares da democracia quanto ao uso da justiça pelos autores da ação com o objetivo de consagrar um amontoado de bobagens.
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A forma como o ataque à minha palavra livre e pública foi feito revela pouco domínio de conhecimentos técnicos e jurídicos por parte daqueles que promoveram essa descabida ação. E mais, revela também pouca preparação para a vivência política. Pois foi a partir de uma análise que fiz a outro atentado contra a circulação livre de informação (a ação empreendida contra o portal FlorianoNet e seu proprietário, CHICO DEMES) que prometeram “que iam me pegar” – segundo relato de dois interlocutores.
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Como o atual prefeito de Floriano já antes havia tentado me silenciar – quando exigiu que a direção da rádio Santa Clara AM impedisse minha participação no programa “Café da Manhã” que era apresentado pelo radialista RIBAMAR DOS SANTOS, e que depois, ele próprio, acabou saindo por força, também, da exigência – dessa vez se juntou ao que ansiosamente desejava “me pegar”. Sem tempo para refletir (em virtude da ânsia) sobre o ato que empreenderam o resultado não poderia ser outro que não o ódio que muitos cidadãos estão sentido com essa cilada. A pressa ansiosa cegou e revelou o caminho que podem trilhar os estouvados e antidemocráticos.
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Não temo por minha vida porque não admito viver com medo, mas indivíduos como esses talvez possam continuar trilhando o caminho da inconsequência e do autoritarismo e só eles são aqueles que poderiam silenciar de vez a minha palavra livre e pública, pois não tenho com ninguém esse sentimento de animosidade que essa dupla tem comigo. Resultado que é da inconsequência e do autoritarismo.
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Ao cobrarem respeito ao prefeito esqueceram que um governante pode ser respeitado e temido ou odiado, como propôs MAQUIAVEL e a quem recorrerei no próximo parágrafo utilizando idéias expostas no “O Príncipe”, em análise de CLAUDE LEFORT (citado por MARILENA CHAUI).
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“Qualquer regime político – tenha a forma que tiver e tenha a origem que tiver – poderá ser legítimo ou ilegítimo. O critério de avaliação, ou o valor que mede a legitimidade e a ilegitimidade, é a liberdade”.
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A meu ver qualquer forma de cerceamento à palavra livre e pública não é apenas uma brutalidade contra os cidadãos, mas é fundamentalmente um ataque direto e inoportuno à legitimidade do poder constituído. Desejar ser respeitado através do medo e do terror psicológico (porque só não fica apreensivo com ações desse tipo quem já está acostumado a se ver envolvido com isso) não é lá uma atitude que seriamente se leve em consideração no atual estágio de desenvolvimento da democracia. Talvez o fosse nas lições ao príncipe dadas por MAQUIAVEL e talvez fosse útil na Florença do século XVI.
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Essa atitude reverbera e reverberou odiosamente na cidade. Na minha avaliação não surtiu nenhum efeito de temeridade, pelo contrário. Um governante, quando eleito, carrega consigo toda a esperança de seus eleitores para resolver os problemas da cidade, ou pelo menos o básico.
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Quando a esperança se desfaz na incapacidade de realizá-la não será o temor ou o terror psicológico que resgatarão o respeito. Pelo contrário, gerará críticas acerbas. Nesse caso só a competência tornará sem efeito o discurso crítico, e não o temor e o terror psicológico.
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Voltando a LEFOR sobre MAQUIAVEL, ele diz: um regime será legítimo se nele o poder não estiver a serviço dos desejos e interesses de um particular ou de um grupo de particulares.
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Por enquanto vou ficando por aqui com minha palavra livre e pública. A continuidade e conclusão da reflexão serão mais proveitosas por parte de você leitor.

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VITÓRIA DA COMPETÊNCIA.

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EMANUEL PEREIRA e SIGIFROI MORENO, respectivamente presidente da OAB - Floriano e presidente OAB - Piauí (foto do N. F.). Sucesso que revela a escolha que os advogados fizeram baseados em critérios racionais e morais.
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"EMANUEL PEREIRA - CHAPA 1 VENCE ELEIÇÕES/OAB EM FLO
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Publicado em 21.11.2009 pelo portal Notícias de Floriano. (http://www.noticiasdefloriano.com.br/)
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Chapa OAB Compartilhada venceu com maioria de mais de 20 votos
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A Chapa encabeçada pelo advogado Emanuel Pereira (OAB Compartilhada) venceu as eleições para a OAB - Subsecção de Floriano.
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A maioria entre Emanuel Pereira e o candidato Josimar Laurentino (OAB Fortificada) foi por 21 votos de diferença.
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Votaram 87 advogados. A eleição foi encerrada às 17 horas deste sábado e apuração foi logo em seguida.
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Para a Seção do PI, o Candidato da Chapa Aprovoab - Sigifroi Moreno, também teve grande maioria em Floriano. Na foto abaixo, a dupla de vencedores e que deverá fazer parceria em prol da classe dos advogados e da OAB de Floriano."

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DEMOCRACIA?

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A cubana YOANI SÁNCHEZ e as sequelas da surra que levou de um ditador. Foto de ENRIQUE DE LA OSA, agência Reuters. Leia a seguir reportagem da revista Veja sobre o caso.
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"EU ACHEI QUE NÃO SAIRIA VIVA"
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Quem vê a cubana Yoani Sánchez, blogueira conhecida por driblar a censura, automaticamente se contrai só de pensar no sofrimento a que seu corpo frágil, de apenas 49 quilos, foi submetido enquanto era surrada por três brutamontes dentro de um carro. Na tarde da sexta-feira 6, Yoani estava a caminho de uma quase impossível manifestação de protesto em Havana quando foi atacada por agentes da polícia política. Sofreu ameaças e espancamentos antes de ser jogada na calçada de um bairro longínquo. Yoani escreve há dois anos sobre as dificuldades de viver na ilha no blog Generación Y (www
.desdecuba.com/generaciony) e é autora do livro De Cuba, com Carinho (Contexto). Vive sob vigilância, mas nunca havia sido fisicamente atacada. Aqui, ela descreve o ocorrido com exclusividade para VEJA e, com a habitual coragem, manda um recado ao "general" – Raúl Castro. De muletas, sequela do espancamento que a imobilizou em casa, pediu a uma amiga que levasse o relato em um pen drive até um ponto de acesso à internet para enviá-lo por e-mail.
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"Não era uma sexta-feira qualquer. As comemorações do vigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim se aproximavam e um grupo de jovens artistas cubanos planejava uma passeata contra a violência naquele dia. A tarde era cinza em uma cidade onde quase sempre brilha um sol inclemente, que nos faz caminhar colados às paredes para nos beneficiarmos da sombra. Estavam comigo Claudia Cadelo e Orlando Luís Pardo, dois autores de blogs que recebem milhares de visitas a cada semana. Enquanto andávamos, contei a eles sobre uma desconhecida que, dias antes, havia se aproximado e me perguntado: "Você não tem medo?", em referência, claro, ao fato de que digo livremente minhas opiniões em um país onde o governo detém o monopólio da verdade. Meus amigos sorriram quando narrei a eles a resposta que dei à transeunte angustiada: "Meu maior temor é ter de viver com medo". Não imaginava que em poucos minutos eu viveria o terror de um sequestro e enxergaria o rosto da impunidade policial em sua forma mais dura.
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Eu caminhava pela Avenida dos Presidentes, em Havana, com a intenção de participar da demonstração pacifista convocada pelos jovens. À altura da Rua 29, a uns 300 metros de onde estavam os manifestantes, um carro da marca Geely, de fabricação chinesa, cor preta e placa amarela, de uso privado, parou diante de nós. Três homens em trajes civis nos mandaram entrar no automóvel. Não se identificaram nem mostraram um mandado de prisão. Eu me recusei a obedecer. Disse que, como não tinham ordem judicial, seria um sequestro. Depois de uma breve discussão, um deles chamou alguém pelo celular, pedindo orientações. Imediatamente, os três começaram a nos tratar com violência para que entrássemos no carro. Enquanto nos empurravam, os homens do automóvel negro usaram o celular outra vez e uma viatura da polícia se aproximou. Pensei que os policiais nos salvariam. Pedi ajuda a eles, explicando que estávamos sendo atacados por supostos sequestradores. Os homens que estavam à paisana então deram ordens aos policiais para levar Claudia Cadelo e outra amiga que estava conosco. Eles obedeceram e ignoraram o pedido de ajuda que eu e Orlando fazíamos. As pessoas que observavam a cena foram impedidas de prestar ajuda, com uma frase que resumia todo o pano de fundo ideológico da cena: "Não se metam. Eles são contrarrevolucionários". Fazendo uso de toda a força física e de um evidente conhecimento de artes marciais para nos dominar, obrigaram-nos a entrar no carro. Comigo empregaram especial violência, enfiando-me de cabeça para baixo e me mantendo imobilizada com um joelho sobre o peito.
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Dentro do veículo e durante cerca vinte minutos, os sequestradores nos espancararam sem parar. Frases de mau presságio saíam da boca daqueles três profissionais da intimidação: "Yoani, isso é o seu fim", "Você não vai mais fazer palhaçadas", ou "Acabou a brincadeira". Achei que não sairia viva. Tentei escapar pela porta, mas não havia maçaneta para acionar. A certa altura, o carro parou. Eu já tinha perdido a noção do tempo. Do lado de fora, caía a noite. Finalmente, ambos fomos jogados em plena via pública, longe do lugar onde se realizava a passeata contra a violência.
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Por causa dos golpes desferidos por esses profissionais da repressão, estou com a face esquerda inflamada. Tenho contusões na cabeça, nas pernas, nos glúteos e nos braços, além de uma forte dor na coluna, que me obriga a caminhar com muletas. Na noite de 7 de novembro, um sábado, fiz uma consulta médica, mas não quiseram redigir um exame de corpo de delito sobre os maus-tratos físicos. A médica teve de me atender na presença de um funcionário que estava ali apenas para me vigiar. Uma radiografia mostrou que não havia traumas internos, apesar dos sinais exteriores das pancadas. Recebi apenas algumas recomendações para minha recuperação.
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Eu já me sinto fisicamente melhor e desde sexta-feira tenho uma ideia constante. As autoridades cubanas acabam de compreender que, para silenciar uma blogueira, não podem usar os mesmos métodos com os quais conseguiram calar tantos jornalistas. Ninguém pode despedir os impertinentes da web nem lhes prometer umas semanas na Praia de Varadero ou presenteá-los com um Lada. Muito menos podem ser cooptados com uma viagem para o Leste Europeu. Para calar um blogueiro, é preciso eliminá-lo ou intimidá-lo. Essa equação já começou a ser entendida pelo estado, pelo partido e pelo general."
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SILÊNCIO ENSURDECEDOR.

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ENTRE O ROTO E O ESFARRAPADO
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20/11/2009
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Da Redação da revsita Carta Capital
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Nem deu tempo de os tucanos explorarem a contento o blecaute da terça-feira 10. Logo em seguida, desabou uma das vigas do Rodoanel, a menina dos olhos da gestão do PSDB em São Paulo.
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Nos dias posteriores, assim como no caso do apagão, foi possível perceber certo amadorismo entre os diretamente envolvidos com as obras, bem como a inépcia dos órgãos públicos – Dersa, Tribunal de Contas da União e do Estado de São Paulo – encarregados, em tese ao menos, de defender os interesses coletivos.
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O diagnóstico divulgado pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de São Paulo (Crea-SP) aponta imperícia técnica do consórcio encarregado da obra, capitaneado por duas empreiteiras de peso, OAS e Mendes Jr., além de uma terceira de menor porte, a Carioca Engenharia.
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As três empresas cometeram um erro banal ao instalar apenas quatro das cinco vigas projetadas originalmente, sem os devidos cuidados para evitar o desmoronamento. A falta de uma amarra que ampliasse a capacidade de resistência das vigas instaladas, diz o Crea-SP, teria levado ao colapso.
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Desvios administrativos contribuíram para o acidente, que provocou ferimentos graves em três vítimas e por pouco não causou mortes. A Carioca Engenharia havia sido desclassificada da licitação justamente por falta de capacitação técnica.
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A reforçar essa tese o fato de a empreiteira ter no currículo outro caso lamentável. Era parte do consórcio que cuidava do famigerado Fura-Fila, com a Andrade Gutierrez, quando, em abril de 2008, um viaduto em construção desabou.
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O caso talvez tenha servido de argumento para desclassificar a Carioca das obras do Rodoanel. A Dersa, contudo, tratou de acatar o seu pedido de reavaliação da decisão, impetrado pela empreiteira do Rio, medida que contou com o aval do TCU e do seu equivalente estadual. Segundo a estatal paulista, a Carioca “estava e está habilitada do ponto de vista técnico e legal”.
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Acrescentou ainda que não saberia dizer se uma empreiteira em particular cuidava do trecho que desmoronou ou se eram empregados do consórcio. Estimada em 5 bilhões de reais, a obra de construção do trecho sul do Rodoanel terá pouco mais de 60 quilômetros. Sua inauguração, prevê o governo Serra, ocorrerá em 2010, ano eleitoral.
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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

OAB - ELEIÇÃO.

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EMANUEL PEREIRA (em foto do portal Piauí Notícias) candidato à presidência da OAB - Floriano pela chapa "OAB Compartilhada" e apoia a candidatura de SIGIFROI pela chapa "APROVOAB" na eleição para a presidência estadual da ordem. A melhor opção dentre os candidatos porque possui os requisitos para o cargo que requer respeito, conhecimento, reconhecimento e dignidade. Leia matéria do portal Notícias de Floriano. A eleição será no sábado 21.11.2009.
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"A Chapa "OAB Compartilhada", encabeçada pelo advogado Emanuel Nazareno Pereira, encerra a campanha para a eleição da Seccional da OAB de Floriano nesta sexta-feira, no Hotel Rio Parnaíba.
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Os advogados que apóiam a chapa foram convocados e devem celebrar o final da campanha em clima de confraternização.
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A Chapa tem como candidato a Vice-Presidente o advogado Exdras, da cidade de Itaueira. Os demais cargos são preenchidos pelos advogados Raimundo Marques, Edmundo Ayres e Raquel Leila.
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A eleição acontece neste sábado, a partir das 8 horas da manhã, na sede da subseccional."
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ALUNO X MESTRE.

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Filósofo PAULO GHIRALDELLI JR, ex-aluno de OLGÁRIA MATOS, e seu artigo em que analisa o artigo dela. Vale a pena ler os dois. É expressão do pensamento de dois dos maiores intelectuais do Brasil.
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OLGÁRIA MATOS E A AURORA DOS CRIADORES
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Em uma fita italiana dos anos 70 há uma cena em que os alunos universitários estão discutindo sobre o que o professor deveria lhes ensinar. O velho professor chega e, vendo aquilo, se reúne com eles e passa a participar da discussão. Eles não chegam a consenso algum e terminam por devolver ao professor o comando da classe. O professor, então, retoma seu lugar junto à lousa e diante de todos, anuncia: ‘Estou aqui para ensinar a vocês a beleza de um verso de Petrarca’.
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É com essa historieta que a filósofa Olgária Matos termina, de maneira bela, o seu artigo “
O crepúsculo dos sábios”, no qual faz uma crítica ao que ela entende que está vigente na universidade brasileira atual. Sua crítica se inicia com a denúncia de que esta universidade que temos é apática, perdeu seu brilho e está cedendo à idéia de produção de intelectuais cada vez mais especializados. Há antes técnicos que sábios, no modelo atual. Ela não diz, mas eu digo, estaríamos diante do professor como o homem moderno de Weber: “especialista sem inteligência, hedonista sem coração”.
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A denúncia me parece, ao menos em boa parte, correta. Todavia, na hora que ela, Olgária, passa às causas, o artigo perde um pouco sua força. Por uma razão simples: Olgária explica o fracasso da universidade atual do mesmo modo que ela explicou, em artigo ainda deste ano, a Guerra do Iraque e o ataque de Israel à Faixa de Gaza. Do mesmo modo que a Igreja, nos tempos medievais, para tudo que dava errado, culpava o demônio, Olgária reavivou essa figura na pele de uma trindade maligna: capitalismo-mercado-lucro. Aliás, diga-se de passagem, essa trindade, para a Igreja do final dos tempos medievais, era prima do próprio demônio.
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Os intelectuais que leram Marx demais nos anos 60, como Olgária Matos, nem sempre fizeram esse tipo de critica, vigente agora. Quando o marxismo era “a ciência de toda a Usp”, Olgária e outros não eram tão marxistas quanto agora. Até porque ser adepto das teses da Escola de Frankfurt, até os anos 80, era não ser marxista ortodoxo de modo algum. Todavia, à medida que o tempo passou desde a Queda do Muro e Berlin e o Fim do Comunismo o início deste nosso século atual, parece que toda uma geração de intelectuais marxistas, até então mais “lights”, digamos assim, se sentiu na obrigação de respirar ares mais pesados. É como se tivessem ficado com medo de ver todo um conteúdo de livros que leram se perder. E então, artigos semelhantes a este como o da Olgária começaram a proliferar pela digitação de gente que, no passado, jamais teria escrito algo assim.
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Eu pergunto: o que vale explicar a universidade brasileira, seu aparente fracasso de formar novos intelectuais, com esse argumento tão geral que, ao fim e ao cabo, por servir para tudo, acaba não sendo útil para nada? Quando alguém me diz que o triunvirato “capitalismo-mercado-lucro” é o que acabou com a universidade brasileira recente, e que nos anos 60 não era assim, eu fico pasmo. Minha vontade é perguntar: nos anos sessenta vivíamos em um Brasil onde não existia nem capitalismo, nem mercado e nem lucro? Sim, tudo leva a crer que sim, se olharmos as críticas da Olgária e outros, atualmente, sempre falando em “globalização”, e não raro fundindo “pós-modernismo” com “neoliberalismo” de um modo pouco aconselhável. Pois, afinal, há tamanha idolatria dessa tal universidade dos anos 60 que daqui a pouco eu vou até achar que também a Olgária esteve lá no grupo de leitura de O Capital, montado pelo José Arthur Giannotti – um grupo que foi menos um fato intelectual e mais um fato jornalístico atual.
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Mas, a verdade é que Olgária está endurecendo o discurso sem se dar conta de que não está explicando a universidade com isso. Ela recriou uma universidade que jamais existiu, e que está somente na cabeça dela, para colocar como uma utopia capaz de servir de base para criticar – não sem razão – a universidade atual. Todavia, quando pegamos entrevistas de Olgária Matos dos anos 80, ela não revela esse saudosismo dos anos 60 que agora percorre seus textos. Ao contrário. Entrevistada pelo Leia Livros, em meados dos anos 80, ela diz duramente que a USP dos anos 60 não lhe ensinou muita coisa, que nem havia aula, que foram greves demais. Olgária parece que era mais realista nos anos 80 que agora.
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Tudo isso, é claro, é muito subjetivo. Mas o que há de objetivo é que a teoria que ela usa em “O crepúsculo dos sábios” não ajuda a entendermos a universidade brasileira. Falar que o mercado equaliza tudo, torna nossas relações abstratas e, então, por causa disso, lá na USP, estamos tendo professores de filosofia que já publicaram mais de meia dúzia de livros ainda jovens, mas que esses livros não foram comprados nem lidos, não explica nada. A relação entre a teoria marxista que ela usa e o objeto que ela quer analisar é análoga a se dizer, por exemplo, que há crimes porque a natureza humana tem um componente de maldade.
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Com menos teoria, podemos fazer melhor, talvez.
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O que dá para sentir é que o ensino superior brasileiro atual está passando por um processo parecido ao que já ocorreu, em décadas anteriores, ao ensino médio. Estamos democratizando a universidade por vias pouco cuidadosas já faz algum tempo, de modo semelhante ao que fizemos com outros níveis de ensino. Foram duas grandes levas de democratização, uma saiu pelas mãos de Roberto Campos e Delfim Neto, nos anos 70, e outra da mão de Lula, agora, passando por um pequeno movimento de democratização também feito por FHC.
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Como isso foi feito e continua sendo levado adiante sob o tacão da pressa, por razões óbvias (nosso país está fazendo em poucos anos o que outros países levaram séculos), realmente a atribulação, o não planejamento e a incapacidade de políticas educacionais articuladas e eficazes se faz patente. Mas isso nada tem a ver, de modo direto e em todos os níveis do sistema de ensino superior, com lucro. “Lucro” é algo muito genérico para se aplicar aos problemas de democratização do ensino superior brasileiro, nas suas diversas ondas de ampliação, considerando o setor público, o setor privado e, enfim, as universidades confessionais e filantrópicas sérias. O problema, de modo mais específico, é o de falta de políticas educacionais federais e estaduais para o ensino superior. E este é o caso agora.
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Aliás, agora a USP deveria até não estar nessa situação que está, de receber uma parte das críticas da Olgária, pois já há quase dezesseis anos que passam pelos gabinetes brasilienses ou de estados, da área de educação e de cultura, uma boa parte dos uspianos. Todavia, uma vez nesses gabinetes, o que fizeram? De modo desorganizado, muita coisa. De modo organizado, nada (e até eu, em certo sentido, tenho lá pequenas bicadas nisso, não só como uspiano, mas também como puquiano!).
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Ora, no caso do ensino superior, eis aí que qualquer social democrata poderia criar uma política educacional que, sabendo-se política social, iria fugir dos elementos mais tolos vindos das pseudo exigências do mundo industrial atual, dosando a capacidade da universidade de se manter guardadora da cultura e ao mesmo tempo incentivadora da inovação. Para tal, o modelo não poderia nunca ser o de produção do técnico que, na filosofia, sabe a respeito de como que Wittgenstein produziu dois – e somente dois – de seus aforismos do “segundo período”, mas que é incapaz de ter uma história da filosofia na cabeça. Mas o modelo não poderia ser, contra este, o de geração do talvez nunca existente sábio que veio “ensinar a beleza dos versos de Petrarca”. Até porque, quem verdadeiramente acreditaria que algum sábio, caso fosse sábio mesmo, iria tentar “ensinar a beleza”?
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Entre esses dois modelos de professor universitário, um criticado e outro inventado, penso que poderíamos ter algo mais viável, e melhor. Talvez pudéssemos ter um professor universitário como a própria Olgária foi, nem técnica e nem idiossincrática. Olgária como professora foi, antes de tudo, inteligentemente criativa. Sua inteligência era tamanha, ali na USP, que mesmo com o marxismo segurando suas pernas – coisa menor que agora –, ela foi criativa a ponto de ser vista como completamente distante dos “marxistas endurecidos”, como uma filósofa que adquiriu muitos admiradores (eu mesmo, claro, Olgária foi minha orientadora em um mestrado e um doutorado na USP, em filosofia).
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Um professor criativo não é o que sabe da cera do ouvido de Wittgenstein ou que faz alguém aprender a beleza, numa lição de lousa e giz, de um verso de Petrarca. Um professor criativo, entre outras coisas, é o que faz você achar que pode olhar Wittgenstein pelos olhos de Petrarca e talvez recriar discursos de Petrarca a partir de noções wittgensteinianas. Isso Olgária sabia fazer. E sabia incentivar outros a fazer. Mas ela, ao teorizar sobre a universidade, preferiu desconsiderar sua própria práxis como professora em favor de um marxismo que pouco nos ajuda.
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Para melhorar a universidade que temos não deveríamos escutar os nossos intelectuais falando sobre educação ou ensino, mas deveríamos apenas vê-los trabalhar na sala de aula. Olgária como professora-filósofa, na universidade, contra todo o marasmo, sempre nos daria o exemplo de como é a aurora dos criadores.
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São Paulo: 19/11/2009
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Por: PAULO GHIRALDELLI JR.
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MESTRE X ALUNO.

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Filósofa OLGÁRIA MATOS escreveu o artigo aqui reproduzido sobre a Universidade brasileira. Na próxima postagem PAULO GHIRALDELLI JR faz uma análise do artigo dela.
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O CREPÚSCULO DOS SÁBIOS
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O conceito de universidade moderna e a natureza do conhecimento que ela produziu até os anos 1960 tinham por objetivo formar o cientista. Este representava o "mestre da verdade" porque capaz de compreender seu ofício na complexidade dos saberes e da história. Sua autoridade procedia de sua palavra pública, pela qual se fazia responsável. O cientista era o intelectual, e para ele a pesquisa não correspondia a uma profissão, mas a uma vocação. O conhecimento mantinha sua autonomia com respeito às determinações imediatamente materiais e do mercado. Sua temporalidade - a da reflexão - compreendia-se no longo prazo, garantidora da transmissão de tradições e de suas invenções.
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A universidade pós-moderna, por sua vez, converte pesquisa em produção, constrangendo-se à pressa e à produtividade quantificada do conhecimento, adaptando-se à obsolescência permanente das revoluções técnicas, promovidas pelas inovações industriais segundo a lógica do lucro. A temporalidade do mercado confisca o tempo da reflexão, selando o fim do papel filosófico e existencial da cultura. Para a universidade moderna não cabia a pergunta "para que serve a cultura", mas sim "de que ela pode liberar". A universidade moderna elevava a sociedade aos valores considerados universais no concerto das nações que procuravam uma linguagem comum ao patrimônio cultural de toda a humanidade, devolvendo-o à sociedade com seus maiores cientistas e seus melhores técnicos. Essa foi a tradição de Goethe que havia formulado a ideia da Weltliteratur, da literatura universal como cosmopolitismo do espírito.
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A universidade pós-moderna é a da indiferenciação entre pesquisa e produção. O intelectual cultivado foi destituído - em todos os domínios do conhecimento - pelo especialista e seu conhecimento particularizado, cujo contato com a tradição cultural é episódico ou inexistente. Seu discurso não diz mais o "universal" e se limita a formulações técnicas, perdendo-se o sentido do conhecimento e seus fins últimos, com a passagem da questão teórica "o que posso saber" para a pragmática "como posso conhecer". Pra Gunther Anders, o emblema da conversão do intelectual em pesquisador, da razão crítica em desresponsablização ética e racionalidade técnica, foi Fermi na Itália e Oppenheimer nos EUA, cujas pesquisas sobre a bomba atômica foram tratadas por eles em termos estritamente técnicos.
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A universidade pós-moderna não lida mais com as "grandes narrativas" nem busca a fundamentação do conhecimento e seus primeiros princípios. Como o mercado, se pauta pela mudança incessante de métodos e pesquisas. Nada aprofunda, produzindo uma cultura da incuriosidade, imune ao maravilhamento. Em sua pulsão antigenealógica, acredita que tudo o que nela se desenvolve deve a si mesma, não reconhecendo nenhuma dívida simbólica com as gerações passadas. Essa circunstância, por sua vez, pode ser compreendida no âmbito da massificação da cultura e da universidade..Com a ditadura dos anos 1960 no Brasil, a universidade pública moderna - concebida de início para formar as elites governantes, a partir do ideário de universidade cultural, científica e com suas áreas técnicas - começa sua desmontagem, o que e resulta em sua massificação. Sob a pressão de massas historicamente excluídas dos bens científicos e culturais, bem como do sucesso profissional aferido pelo enriquecimento nas profissões liberais, a universidade pós-moderna acolhe populações sem o repertório requerido anteriormente para a vida acadêmica. Face ao ideário moderno baseado no mérito de cada um e não mais no sistema nobiliárquico do nascimento, e sua incompatibilidade com a desigualdade real de oportunidades para a ascensão social, a universidade pós-moderna questiona, contrapondo-os, mérito e igualdade, reconhecendo no primeiro a manutenção do regime de privilégios e distinções do passado.
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Assim, a universidade atual adapta-se à fragilidade do ensino fundamental e médio, passando a compensar as deficiências dessa formação. Para isso, a graduação retoma o ensino médio, a pós-graduação a graduação, o doutorado o mestrado, cuja continuidade é o pós-doutorado, tudo culminando na ideia da "formação continuada" e de avaliações permanentes. Ao mesmo tempo, a ideia de pesquisa moderna anterior transforma-se em fetiche pós-moderno, tanto que a iniciação científica se faz para estudantes em preparação para a vida universitária adulta, mas constrangidos a publicações precoces. O paradoxo é grande, uma vez que, maiores as carências nos anos de formação do estudante - como a precariedade no acesso à bibliografia em idiomas estrangeiros e dificuldades de expressão oral e escrita na língua nacional -, mais estreitos são os prazos para a conclusão de mestrados e doutorados. Prazos e métodos, por sua vez, migram das disciplinas científicas para todos os campos do conhecimento, sob o impacto do prestígio da formalização do pensamento, como é possível reconhecer, em particular no estruturalismo e, mais recentemente, no linguistic turn, sua legitimidade garantida pelo rigor científico de suas formulações. Acrescente-se o abandono da ideia de rigor na escrita e o fim do estilo, com o advento do gênero paper e a multiplicação de congressos no mundo globalizado.
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Massificada a cultura, proliferaram, com a ditadura militar, a privatização do ensino e seu barateamento, as universidades particulares - salvo as exceções de praxe - prometendo ascensão social e acesso ao "ensino superior" e decepcionando suas promessas. A universidade moderna que a antecedeu garantia o exercício da formação especializada e se encontrava na base dos cursos técnicos com formação humanista para todos os que não se encaminhavam para a pesquisa, devendo atender à profissionalização, mas também à felicidade do conhecimento.
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A emergência da universidade pós-moderna diz respeito ao abandono dos critérios consagrados até então a fim de democratizá-la. Mas a democratização pós-moderna é massificação. A sociedade democrática comportava diversas representações das coisas: os partidos representavam as diferentes opiniões, os sindicatos os trabalhadores, a Confederação das Indústrias os empresários. Na sociedade pós-moderna, o consenso é produzido pela mídia e suas pesquisas de opinião, através da eficiência persuasiva da televisão, que primeiramente cria a opinião pública e depois pesquisa o que ela própria criou. Razão pela qual massificação significa perda da qualidade do conhecimento produzido e transmitido, adaptado às exigências de massas educadas pela televisão, com dificuldade de atenção e treinadas para a dispersão, mimadas por uma educação que se conforma a seu último ethos.
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A cultura pós-moderna é a da "desvalorização de todos os valores". Sua noção de igualdade é abstrata, homóloga à do mercado onde tudo se equivale. Em meio à revolução liberal pós-moderna, a universidade presta serviços e se adapta à sociedade de mercado e ao estudante, convertido em cliente e consumidor, como o atesta a ideologia do controle dos docentes por seus alunos.
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Em seu ensaio Filosofia e Mestres, Adorno diz, temendo incorrer em sentimentalismo, que o conhecimento exige amor. Sua universidade, a de Frankfurt, era moderna, humanista, como era humanista o professor de uma fita italiana dos anos 1970. No filme, estudantes impedem o franzino docente de literatura românica com seus compêndios eruditos de entrar na sala de aula onde discutem questões do curso. Sentado em um banco, o mestre escuta o vozerio e ruídos de cadeiras sendo arrastadas. Por fim é chamado e, quando entra, os estudantes em suas carteiras estão em círculo, e o professor senta-se entre eles. Discutem então o que o professor deveria ensinar-lhes. Como não chegam a nenhum consenso e o dia se faz crepuscular, decidem finalmente deixar que o professor se manifeste. Ao que o professor, retomando seu lugar junto à lousa e diante de todos, anuncia: "Estou aqui para ensinar a vocês a beleza de um verso de Petrarca".
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Metáfora rigorosa para a educação, da escola maternal à universidade, o conhecimento, como escreveu Freud, é uma das tarefas mais nobres da humanidade no longo processo de sua humanização.
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Por: OLGÁRIA MATOS
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Professora de filosofia da USP
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Artigo publicado no Jornal “O Estado de S.Paulo” de 15/11/2009.
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

AMPLIAÇÃO DO IFPI - FLORIANO - II.

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Foto do professor SANTANA, Reitor do IFPI. Fiz uma postagem sobre a questão da doação do terreno contíguo ao IFPI - Floriano por parte da prefeitura na sexta-feira, 24 de julho de 2009. Dessa vez vou reproduzir uma matéria do portal Notícias de Floriano sobre a recente visita do Reitor a este campus.
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"Reitor do IFPI (Cefet) se revolta com Pref. de Floriano." Publicado em 13.11.2009.
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Francisco Santana disse que desinteresse do prefeito pode prejudicar Floriano.
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Fonte: Redação do
www.noticiasdefloriano.com.br
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O Reitor do IFPI (Ex-Cefet), Francisco Santana, esteve na última terça-feira (10/11) em Floriano e se mostrou revoltado com a Prefeitura de Floriano. Ele disse à imprensa local que tem feito todos os esforços, inclusive já conseguiu verbas para ampliar a estrutura do IFPI para que tenha uma capacidade para mais 1 mil
alunos, e não tem percebido qualquer interesse do Município para esse benefício.
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Francisco Santana disse que há 3 anos vem tentando que a Prefeitura Municipal desaproprie um imóvel que fica ao lado da escola, mas já percebeu que não existe nenhuma iniciativa efetiva por parte do Prefeito para que isso aconteça. "Eu acredito que entendimento não vai ter mais nenhum. O prefeito não aparece. Ele manda representante e o representante não decide nada. Eu não vou mais atrás do prefeito porque eu sei que ele não vai fazer mais essa ação. Se quisesse já tinha feito" afirmou Santana.
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O reitor enfatizou que "quem perde é Floriano porque a
escola poderia chegar logo a 1.800 alunos". Santana garantiu que não vai desistir da ampliação e que vai conversar pessoalmente com os proprietários do terreno para ver se, através do Ministério da Educação, o imóvel seja adquirido pelo próprio Instituto.
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O Secretário Municipal de Governo, Edilberto Araújo, disse que o reitor está equivocado, que o Município vem há muito tempo tentando um entendimento com os proprietários do imóvel e que o terreno pertence a um espólio. "Poderiamos fazer a desapropriação, mas correriamos o risto dessa família não concordar com a avaliação e embargar a futura obra". Edilberto afirmou que recentemente houve uma negociação com proposta por parte da família e contra-proposta pela Prefeitura.
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Quando fiz a primeira postagem disse que esperaria pelo desenrolar sensato dos fatos. Por mim esperaria mais, porém o Reitor já não acredita mais que a prefeitura queira resolver esta questão. Soube que a prefeitura fez uma oferta (a mais recente) ao representante dos proprietários.
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O encarregado da prefeitura na negociação foi logo dizendo ao representante dos familiares donos do terreno "que tinha até vergonha de dizer", mas a proposta era de 10% do valor de mercado do terreno.
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Mas o deputado VALÉRIO CARVALHO está empreendedo esforços para viabilizar a doação do terreno através do governo do estado. Talvez assim o campus poderá ser ampliado e assim desevolver as atividades que tem como objetivo promover a nossa cidade. Se o estado fizer a doação o deputado terá conseguido um grande investimento para a nossa cidade.
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Porém, pela via da prefeitura, desse jeito não vai ter negócio nunca. Talvez seja esse mesmo o fim esperado pela prefeitura de Floriano. Que pena. Mas só se valoriza aquilo que se gosta.
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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

IFPI EMPOSSA NOVOS SERVIDORES.

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Publicada em: 16/11/2009
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Dia 10 de novembro, foram empossados 41 professores do ensino básico e Técnico/ Tecnológico que irão colaborar com o Instituto Federal do Piauí nos seus diversos campi.
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A solenidade foi conduzida pelo Diretor do departamento de Gestão de Pessoas professor Antônio João que apresentou aos novos servidores a cultura organizacional da Instituição e esclareceu os direitos e deveres que os mesmo terão como Servidores Públicos Federais.
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Após a explanação do prof. Antônio João, o pró- reitor de Ensino, prof. Paulo Henrique, discorreu sobre a importância do professor para o crescimento da Instituição e do país. E o presidente da associação dos servidores (ASCEFET), prof. Raimundo Soares, falou sobre a associação, e as vantagens para os associados.
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Estavam prestigiando a solenidade, diretores, pró-reitores e professores do IFPI, além dos familiares dos que estavam sendo empossados.
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Alguns dos novos professores foram alunos do IFPI em cursos de graduação e tecnologia. Um exemplo é Romério Alves Carvalho que fez o ensino médio e superior na Instituição. “Trabalhar no IFPI representa para mim uma realização profissional e pessoal já que fiz meu ensino médio e superior aqui. Pra mim é um sonho realizado fazer parte da equipe do IFPI. Aqui, desde muito tempo é minha segunda casa”, declara emocionado.
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Finalizando a solenidade, o professor João Soares Junior, representando o reitor do IFPI, empossou e parabenizou os novos professores solicitando-lhes compromisso e dedicação para com a Instituição. “É preciso trabalhar com empenho para o progresso da nossa Instituição, é necessário que façamos isso de forma harmônica e compromissada”.
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Fonte: ASCOM do IFPI.
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INACREDITÁVEL.

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ENTERRO DA ESPOSA DE UM TRAFICANTE NO RIO
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Você não vai acreditar no que vai ver!
Preste muita atenção nos detalhes dessa COVA:
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Ela tem a metragem de um quarto. O caixão está em cima da cama e a mulher será enterrada com TV de LCD, cadeiras, cama de casal, todo o seu guarda-roupas e sapatos, espelho, penteadeira, bebidas importadas...
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Repare que as paredes estão com massa corrida e pintadas e o carpete é de primeira linha. O povo que foi ao enterro está pasmo à beira da cova! Acho que ninguém se atreverá a roubar a tal TV de LCD...
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Tá parecendo com os enterros dos farós do Egito! Parece que, como odinheiro é roubado mesmo, o cara nem se importa com a aberração...
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Isto é o Rio de Janeiro, já dominado por estes bandidos...
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Recebi por emeio.
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PARA RIR / PARA CHORAR.

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domingo, 15 de novembro de 2009

MODELO APARENTE X MODELO REAL.

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Nos quinzes últimos dias um prefeito de uma cidade do interior do estado de São Paulo foi flagrado roubando dinheiro público. Filmado recebendo propina de um empreiteiro achacado que construía uma creche com dinheiro federal para a prefeitura. Cinicamente, quando entrevistado depois do flagra, disse, entre sorrisos ao repórter, que não sabia da história e que nunca fez esse tipo de coisa.
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Com a denúncia insistente do fato pelo Jornal Nacional o prefeito pediu licença do cargo, mas continua como prefeito. Continua como recebedor de propina. O que mais essa história representa? Ela contribui, como ainda outros tantos exemplos continuarão a contribuir, para a sedimentação do modelo de administração pública estabelecido por malfeitores, que se elegem políticos, que diz que quem exerce cargo público furta sob qualquer circunstância. Não adianta querer ser honesto.
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O sorriso emblemático dos malfeitores que exercem cargos públicos, e são denunciados nos mais variados tipos de crimes, mostra à população que com eles é diferente. Invariavelmente não acontece nada. E vai-se formando pela quantidade e continuidade dos mais variados tipos de delitos a sensação que eles são “melhores”, “nobres”, “superiores”, “inatingíveis”, e com licença para malversar.
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Quanto mais se torna arraigado esse modelo, quanto mais forte essa imagem da “liberdade” para a sordidez se solidifica nas mentes dos cidadãos mais displicentes (que não conseguem perceber as consequências funestas para toda a população, da subtração do dinheiro público) fica difícil se convencer os eleitores mais simples a não votarem nesses malfeitores. Por quê?
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Por causa do modelo de administração pública estabelecido através da arrogância, da impunidade, do autoritarismo e da aceitação inconsequente dessa postura.
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E esse modelo sendo firmado, estabelecido, dificulta o entendimento mais profundo daquilo que deveria ser a prática comum: honesta, clara, legítima, justa, competente. Assim, as pessoas que não compreendem que há uma forma correta de administração pública não conseguem penetrar no seio desta postura administrativa (a correta) – o modelo real. Ficam, entretanto, no nível do modelo imoral que vem sendo “propagado” como inescapável, o modelo aparente. Este, a meu ver, é o grande gargalo da mudança de modelo.
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Que continuem denunciando esses malfeitores, mas que os punam exemplarmente sem ceder aos apelos falsos. Sem concessões. Sem acordos.
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QUEIMA - II.

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Cartaz do filme "Muito além do jardim" que tem como astro principal o impagável PETER SELLERS. A história de um cara que viveu a vida toda numa casa como serviçal sem nunca ter saída na porta da casa. Até que um dia ele se vê saindo e fica estupefato com o que vê além do jardim da casa que trabalhou e morou por toda a vida. O filme diz muito do que quero demonstrar aqui. Vale a pena assistir.
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Um aluno me pediu para explicar melhor o que eu quis dizer quando afirmei na postagem “Queima” que algumas pessoas, as vezes, precisam de um feriado das normas, regras, leis que a sociedade incessantemente vai criando, e que esses se sentem por vezes, sufocados. Vou explicar através de uma analogia.
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Imagine que uma pessoa precise trabalhar e viver no ambiente de trabalho (pode ser uma casa). Logo de início a dona da casa expõe as normas, regras, leis que devem ser seguidas para que a casa se conserve do jeito que ela quer e gosta. O que a pessoa tem de fazer para ter um emprego e guarida é aceitar e defender o que foi esclarecido. É manter a casa organizadinha porque é assim que te de ser. É assim que as coisas funcionam. É assim que a dona quer.
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Poder-se-ia perguntar: e isto não é bom? Não, é péssimo. Se voltarmos para a vida real veremos que alguns espíritos criativos se perdem nessa ordem estabelecida. È como se a pessoa vivesse num mundo que não é seu. E eu acredito que a vida só vale a pena se ela carregar a nossa marca. É um desperdício viver uma vida que não é nossa, viver num “mundo de segunda mão”.
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É muito mais útil para a vida daquela pessoa que ela vá embora e adquira a sua própria casa e coloque as coisas que ela quiser no lugar que ela quiser. Que ela construa a sua ordem; a sua vida; que tenha a profissão que escolher; que escolha os valores que se encaixem na sua maneira de ver melhor o mundo; que construa a sua própria família; que tenha liberdade para criar, testar, viver.
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Da maneira oposta, ao chegar na velhice, vai perceber o tempo que perdeu sendo sufocada por coisas que eram suas, por uma vida que não era a sua. E aí pode ser tarde para recomeçar. É simples. É bom. É útil. É fundamental fazer uma faxina nos valores e perceber que algumas velharias não nos servem mais e que “há coisas novas pra viver”.
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