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terça-feira, 21 de julho de 2009

APRENDENDO COM EXEMPLOS.

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Modelo de bandido glamourizado pela mídia e por algumas pessoas.
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Há os pensadores que nos ensinam que a aprendizagem se dá de modos variados, e não apenas de uma forma só. Filósofos debateram - e continuam debatendo, agora com a neurociência – este tema desde a Antiguidade. Aprender no sentido de conhecer é, portanto, uma preocupação que tem levado os estudiosos a várias explicações.
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Não podemos conhecer nada se não admitirmos que nada se modifica, que tudo permanece inalterado. Não! Só podemos conhecer tais coisas, a realidade, se aceitarmos que tudo muda, “tudo flui”, tudo se transforma.
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Na verdade, ninguém conhece nada, apenas relembramos. Não! Só há conhecimento se experienciarmos as coisas. Nascemos com os conhecimentos todos, só nos resta relembrá-los. Não! Nascemos apenas com algumas ideias, as demais derivam das primeiras que são irrefutáveis. Pelo contrário, sentimos as coisas, depois as percebemos, depois as compreendemos.
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Outros disseram que vivemos experienciando e guardando na memória essas experiências para poder agir diante de novas situações. São muitas as teorias, mas há um aspecto na aprendizagem que se tornou ponto pacífico, psicologicamente.
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Crianças aprendem com ações, práticas das pessoas mais próximas, de pessoas que elas admiram como heróis. Aprendem com aqueles que se destacam publicamente e, nos nossos dias, com aqueles que a mídia ele como modelos, ou mesmo com as autoridades.
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As crianças não compreendem, ainda, a dimensão temporal. Ao ver os heróis agindo não levam em consideração o passado e todas as circunstâncias em que acertos e erros foram cometidos. Ou mesmo a modificação de comportamento dos mesmos. O que veem são os atos presentes envoltos numa precária projeção de futuro.
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Há alguns anos ouvi um relato de uma aluna, professoranda, sobre uma experiência numa escola pública de Floriano. Num determinado dia a professora titular da sala fez uma dinâmica com o objetivo de difundir o valor do trabalho. Perguntou às crianças que profissão gostariam de exercer quando adultas.
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Várias foram as respostas, e as profissões mais valorizadas socialmente foram as mais citadas. Um queria ser médico, outra advogada, outra dentista, outro queria ser policial, outro falou bombeiro... Na seqüência um garotinho disse que queria ser bandido. Perplexidade geral.
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A professora toda avexada perguntou, por quê? O garoto justificou com a sua inocência: não precisarei estudar, não precisarei trabalhar, acordarei na nora que quiser, terei muito dinheiro, terei casas, terei carrões, terei mulheres e não serei preso por isso.
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Pronto, normalmente este é o modelo mais recorrente que se vê na mídia ultimamente sendo divulgado. Se o bandido rico vai preso, logo, logo ele estará nas ruas de novo, e isso quando vai preso. São os exemplos lamentáveis que influenciarão algumas crianças sem uma base moral consistente.
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Neste país das desigualdades econômicas, sociais, culturais, políticas, pessoas que não possuem profissão nenhuma e nem trabalham, de uma hora para outra aparecem ricas esnobando a riqueza roubada desavergonhadamente com um ar de intocável. Roubam e todo mundo está vendo que são ladrões, mas ninguém faz nada. Fica todo mundo calado.
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Eu falei para a minha ex-aluna, depois de seu desabafo entristecido, que nós temos que continuar educando para a dignidade, mesmo que, ao que parece, algumas autoridades queiram o contrário. Mesmo que o exemplo do pilantra bem sucedido seja mais glamoroso e divulgado. Mesmo que nossa luta pareça chata, inglória. Mesmo que os pilantras sempre apareçam na mídia servindo de exemplo às inexperientes crianças e projetando um futuro sombrio.
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