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Olha a foto dela (ops, dele) aí.
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ELITE TÃO PURA QUE CHEGA A SER NETA DE HITLER
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Uma das coisas mais interessantes a respeito da “biologia de discriminação” é que ela é cega. Quando era mera ideologia, vinda da Alemanha nazista e sem qualquer êxito científico verdadeiro, os estudos desejosos de determinar as origens e as propriedades dos humanos, atribuindo-as a cargas genéticas, foram rechaçados por todos os democratas do mundo.
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Todavia, agora, esses estudos ganharam outro rumo. Não se trata de mera ideologia. A engenharia genética avançou mesmo. Os testes de DNA – para citar apenas um exemplo – ajudam não só no campo das ciências naturais, no tratamento de doenças e na prevenção, mas também no campo da história, da filosofia e das ciências humanas em geral, detectando origens de grupos sociais e determinando quem é quem quanto ao que se descobre em sítios arqueológicos. A cada dia que passa, os democratas do mundo todo começam a perceber que a biologia, apesar de ter sido usada por Hitler para mentir, quando diz algo útil, mostra que não é fruto do demônio.
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Todavia, como o destino sempre é irônico, agora esses exames de DNA estão servindo para caçar – no bom sentido – parentes de Hitler ainda vivos. Já foram descobertos mais de 40 vivos (artigo). Trata-se, é claro, apenas de curiosidade e, é claro, de tentativas de escritores de encontrar algum parente de Hitler que conte alguma coisa que ainda não foi contada sobre uma das biografias que mais fascina os leitores, a de Hitler. Mesmo que não consiga conversar com nenhum desses parentes (a maioria são sofridos fugitivos do nazismo ou herdeiros destes), quem tiver o mapa da família de Hitler nas mãos terá algo para colocar no mercado editorial – algo lucrativo.
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Até aí, para além da curiosidade sobre Hitler que, é certo, nunca cessa, nada há de interessante. Mas, a idéia que salta dessa caça aos familiares de Hitler é simples e óbvia, mas que, até agora, não havia sido estampada de modo tão nítido. Talvez seja isso que esteja preocupando tanto os que estão com medo de que o Brasil possa ser mapeado não só por classes sociais, mas também por grupos étnicos. Até então, os homens da elite que se dizem brancos, nunca se importaram com tal mapeamento que, agora, dizem se importar. Em nossas carteiras de identidade há o registro da cor, e isso sempre foi assim. Mas agora, a direita política começou uma gritaria, denunciando algo que não consigo enxergar, que seria uma divisão do país a partir de critérios raciais. Ora, será que essa direita está com medo de que, num futuro próximo, um ditador populista a coloque para fazer exames e mais exames de DNA, mostrando que ela é, em sua maioria, bastarda? Estão com medo de descobrir que o sangue azul que imaginam ter é bem vermelhinho e, também, cheio de restos de sífilis dos bandidos e prostitutas, todos os degradados de Portugal que, enfim, deram a base genética dos “paulistas de quatrocentos anos” e de outras elites regionais em nosso país.
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Cada pessoa que, hoje, grita contra cotas raciais e tenta não entender que se trata de uma política não para ampliar educação, mas para fazer todo mundo poder andar em todos os lugares, de um modo a quebrar não-familiaridades de modo mais rápido, parece que, no fundo, está com medo da biologia discriminatória. Pois agora, essa biologia pode servir não para ampliar preconceitos, mas para quebrá-los. Podemos descobrir não que há filhos de Hitler entre nós, mas algo completamente saudável – filhos de pessoas que não possuem carga genética de ladrões só quando tal carga vem do índio e do negro. Pois o índio e o negro não eram ladrões. Já o branco português, em boa parte, não veio para cá por livre e espontânea vontade não. Durante muito tempo Portugal se livrou de seus criminosos com o “caminho das Índias” que, enfim, dava nas costas do Brasil.
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Ora, é claro que esse tipo de análise, para filósofos como eu, democratas, pouco importa. Carga genética é alguma coisa que vale a pena considerar, mas não para determinações desse tipo – isso é inútil. Mas, sabendo que alguns que se acham azuis mais claros que todos os azuis, no íntimo, se importam sim com o sangue, seria hilariante vê-los apavorados diante do DNA. Seria interessante vê-los descobrir que apesar de não serem filhos dos pais que pensam ser, são sim netos dos avós que não gostariam de mostrar. Se descobrirem isso, acho que vão parar de escrever contra cotas, fingindo estarem defendendo a igualdade – será? Será que tomarão juízo?
Uma das coisas mais interessantes a respeito da “biologia de discriminação” é que ela é cega. Quando era mera ideologia, vinda da Alemanha nazista e sem qualquer êxito científico verdadeiro, os estudos desejosos de determinar as origens e as propriedades dos humanos, atribuindo-as a cargas genéticas, foram rechaçados por todos os democratas do mundo.
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Todavia, agora, esses estudos ganharam outro rumo. Não se trata de mera ideologia. A engenharia genética avançou mesmo. Os testes de DNA – para citar apenas um exemplo – ajudam não só no campo das ciências naturais, no tratamento de doenças e na prevenção, mas também no campo da história, da filosofia e das ciências humanas em geral, detectando origens de grupos sociais e determinando quem é quem quanto ao que se descobre em sítios arqueológicos. A cada dia que passa, os democratas do mundo todo começam a perceber que a biologia, apesar de ter sido usada por Hitler para mentir, quando diz algo útil, mostra que não é fruto do demônio.
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Todavia, como o destino sempre é irônico, agora esses exames de DNA estão servindo para caçar – no bom sentido – parentes de Hitler ainda vivos. Já foram descobertos mais de 40 vivos (artigo). Trata-se, é claro, apenas de curiosidade e, é claro, de tentativas de escritores de encontrar algum parente de Hitler que conte alguma coisa que ainda não foi contada sobre uma das biografias que mais fascina os leitores, a de Hitler. Mesmo que não consiga conversar com nenhum desses parentes (a maioria são sofridos fugitivos do nazismo ou herdeiros destes), quem tiver o mapa da família de Hitler nas mãos terá algo para colocar no mercado editorial – algo lucrativo.
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Até aí, para além da curiosidade sobre Hitler que, é certo, nunca cessa, nada há de interessante. Mas, a idéia que salta dessa caça aos familiares de Hitler é simples e óbvia, mas que, até agora, não havia sido estampada de modo tão nítido. Talvez seja isso que esteja preocupando tanto os que estão com medo de que o Brasil possa ser mapeado não só por classes sociais, mas também por grupos étnicos. Até então, os homens da elite que se dizem brancos, nunca se importaram com tal mapeamento que, agora, dizem se importar. Em nossas carteiras de identidade há o registro da cor, e isso sempre foi assim. Mas agora, a direita política começou uma gritaria, denunciando algo que não consigo enxergar, que seria uma divisão do país a partir de critérios raciais. Ora, será que essa direita está com medo de que, num futuro próximo, um ditador populista a coloque para fazer exames e mais exames de DNA, mostrando que ela é, em sua maioria, bastarda? Estão com medo de descobrir que o sangue azul que imaginam ter é bem vermelhinho e, também, cheio de restos de sífilis dos bandidos e prostitutas, todos os degradados de Portugal que, enfim, deram a base genética dos “paulistas de quatrocentos anos” e de outras elites regionais em nosso país.
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Cada pessoa que, hoje, grita contra cotas raciais e tenta não entender que se trata de uma política não para ampliar educação, mas para fazer todo mundo poder andar em todos os lugares, de um modo a quebrar não-familiaridades de modo mais rápido, parece que, no fundo, está com medo da biologia discriminatória. Pois agora, essa biologia pode servir não para ampliar preconceitos, mas para quebrá-los. Podemos descobrir não que há filhos de Hitler entre nós, mas algo completamente saudável – filhos de pessoas que não possuem carga genética de ladrões só quando tal carga vem do índio e do negro. Pois o índio e o negro não eram ladrões. Já o branco português, em boa parte, não veio para cá por livre e espontânea vontade não. Durante muito tempo Portugal se livrou de seus criminosos com o “caminho das Índias” que, enfim, dava nas costas do Brasil.
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Ora, é claro que esse tipo de análise, para filósofos como eu, democratas, pouco importa. Carga genética é alguma coisa que vale a pena considerar, mas não para determinações desse tipo – isso é inútil. Mas, sabendo que alguns que se acham azuis mais claros que todos os azuis, no íntimo, se importam sim com o sangue, seria hilariante vê-los apavorados diante do DNA. Seria interessante vê-los descobrir que apesar de não serem filhos dos pais que pensam ser, são sim netos dos avós que não gostariam de mostrar. Se descobrirem isso, acho que vão parar de escrever contra cotas, fingindo estarem defendendo a igualdade – será? Será que tomarão juízo?
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© PAULO GHIRALDELLI JR.
© PAULO GHIRALDELLI JR.
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São Paulo, 14 Setembro de 2009
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