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sábado, 29 de agosto de 2009

SORRY, PERIFERIA.

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Eita menino besta.
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Uma tal “teoria da prosperidade” divulgada pelo onipresente televangelismo apela aos incautos que doem dinheiro em quantidades constantes para que sejam abençoados por Deus e tenham uma vida cheia de recompensas divinas e felicidade.
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Para ser agraciado o incauto deve ir a uma dessas igrejas que comerciam a relação de Deus com os seres humanos. É certo que a característica fundamental da “cultura” capitalista (nosso modo de sentir, pensar, agir) é a transformação de tudo o que existe em algo que possa ser comerciado – nossos corpos, nossas relações, nossas preferências, nossas subjetividades. Mas vender Deus (ou a idéia de Deus como um sedento, ávido por dinheiro) já é o cúmulo.
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Você conseguirá ter uma vida rica e feliz se tiver fé em Deus. Mas ter fé só não é suficiente, você tem de demonstrar o tamanho da fé aos “representantes” de Deus, os pastores. E de que modo você os convencerá que crer realmente em Deus? Doando dinheiro. De preferência, muito dinheiro. Se doar pouco, fé pouca. Se doar muito, fé muita. É uma lógica aparentemente correta, mas uma lógica torta na verdade.
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Deus tem adquirido características estranhas ao longo dos tempos. De Criador gracioso do universo e de tudo que nele existe até cobrador de imposto para que suas criaturas vivam felizes nele. Deus , pela lógica pentecostal, é o maior capitalista do universo. Criou tudo para ganhar dinheiro e colocou os pastores aqui para fazer a coleta do imposto por ele.
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Você pode discordar e não pagar o imposto divino devido, mas lá no ajuste de contas final você vai cair na malha fina de Deus. E aí coitado de você, vai ter os mais terríveis castigos. Então cuide logo, demonstre seu arrependimento pela inadimplência e doe tudo o que conseguiu sonegando o imposto de Deus. Doe a sua casa, o seu dinheiro, os seus bens, a sua vida. Desse modo você estará no caminho para a felicidade (por certo).
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Se o tamanho da fé é medido pela quantidade de dinheiro doado fico pensando no tamanho da fé do jogador brasileiro de futebol do Real Madrid, Kaká. Não creio que haja no Brasil um pentecostal com salário maior do que o dele. Desse modo ele pode fazer a maior doação do imposto divino (dízimo) e se tornar o homem mais feliz do Brasil porque tem a maior fé. E eu posso imaginar Kaká, no seu íntimo, dizendo aos outros menos afortunados: "sorry, periferia".
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Deus gosta tanto dele, Kaká, que mandou seus coletores de impostos transformá-lo em presbítero. De doador ele passará a coletor. Existirá felicidade maior? Kaká vai ser pastor – ele já se consagrou presbítero, como mostra a foto que ilustra esta postagem. Quando parar de jogar e de ganhar os seus milionários salários cuidará de manter a sua relação feliz com Deus tentando encontrar um substituto (doador) à sua altura. Além do mais vai poder manter a sua fortuna preservada do desejo capitalista de Deus por dinheiro, pelo seu dinheiro. Se Deus gosta tanto de dinheiro, por essa lógica torta, Kaká gosta muito mais, e vai ganhar 'algum' com isso. Ô menino besta.
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Se você não aguenta mais doar o seu suado dinheirinho faça como Kaká: vá ser um coletor de imposto divino. E amém.
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4 comentários:

Anabel disse...

É tão bom ter esse dialogo...
Sabe...discordo do seu modo de pensar relacionado ao Kaká, ao dízimo, aos pastores.
1-Kaká começou trabalhar desde cedo, cresceu profissionalmente pelo seu esforço.
2- dízimo é uma questão de fé.
3-Ao meu ver pastores não são coletores.
No caso incluiriamos como coletores, os padres também.

Sabe, eu não gosto de discurti religião.
Gosto de debater opinião.
Então...deixo bem claro.
Si por acaso dinheiro destinado a obra de caridade está sendo usado de forma incorreta...que seja feito JUSTIÇA!

Parabéns pelo blog...!!!

Anabel disse...

É tão bom ter esse dialogo...
Sabe...discordo do seu modo de pensar relacionado ao Kaká, ao dízimo, aos pastores.
1-Kaká começou trabalhar desde cedo, cresceu profissionalmente pelo seu esforço.
2- dízimo é uma questão de fé.
3-Ao meu ver pastores não são coletores.
No caso incluiriamos como coletores, os padres também.

Sabe, eu não gosto de discurti religião.
Gosto de debater opinião.
Então...deixo bem claro.
Si por acaso dinheiro destinado a obra de caridade está sendo usado de forma incorreta...que seja feito JUSTIÇA!

Parabéns pelo blog...!!!

Anônimo disse...

EU CREIO QUE UM DIA AINDA VOU VER VOCE DANDO O SEU DÍZIMO.... O QUE É 10% DE UM SALARIO..É MUITO POUCO EM RELAÇÃO O QUE DEUS TEM DADO PRA NÓS.. UM ABRAÇÃO....

Anônimo disse...

Meu dinheiro? Entregar nas mãos de pastores, padres? Você tá brincando comigo? Esses caras são tão homens como eu, portanto passíveis de errar. Nunca irei tirar o dinheiro para educar minhas duas filhas para doar a pastor nenhum educar as dele. Vejo nas ruas de nossas cidade em que o dinheiro doado está sendo utilizado. Pastor andando de S-10 zerada, mulher de pastor com carro novo, zerado, pastores em casas fenomenais, viagens inesquecíveis... Com o meu dinheiro, não. Pode ser que você ache isso tudo certo. Mas só peço o direito de não concordar em sustentar a vida boa dessa gente.

Um abraço.

Jair.