Escrevi este texto em 2009 (clique AQUI) para falar
sobre os recorrentes e previsíveis acidentes envolvendo motocicletas seguidos
de morte em Floriano. Semana passada morreu mais uma pessoa. O fato foi causado
pela imprudência do condutor da motocicleta, segundo informações dos portais de
notícia da cidade.
Republico o texto porque pediram que
eu falasse sobre a conduta de algumas pessoas que mesmo sabendo que poderão
morrer ao pilotar irresponsavelmente continuam a desafiar a morte. Com isso, colocam a própria vida e a de outros em risco
de morte permanente.
A ilustração desta postagem é uma
foto da Internet que representa a ideia do texto. Uma mariposa morta ao ser
atraída pela luz da vela acesa que já está no fim.
Nesta postagem utilizarei uma explicação de comportamento
animal baseado numa tese do Biólogo Evolucionista inglês RICHARD DAWKINS citada
no seu livro “Deus, um delírio” para um despretensioso questionamento acerca do
comportamento de algumas pessoas no trânsito em Floriano.
Diz o cientista: “As mariposas voam para dentro da chama da
vela, e a coisa não parece acidental. Elas fazem tudo para se entregar ao fogo
como oferenda. Poderíamos rotular o comportamento como ‘auto-imolação’ e, sob
esse nome provocativo, questionar como pode ser possível que a seleção natural
possa tê-lo favorecido".
Será suicídio? Não! “Não se trata de suicídio”, afirma ele.
Quando percebe-se este comportamento animal pode-se perguntar então por que as
mariposas vão “resignadamente” morrer na chama da vela. RICHARD DAWKINS
responde que esses animais se orientam pelas luzes da lua e das estrelas.
Pela especificidade do lugar onde essas referências estão e
pelo tipo de raios que emitem, os insetos, com seus sistemas de nervos
centrais, se especializaram em utilizá-los (raios de luz) como bússola para ir
e voltar com precisão em linha reta aos lugares que precisam ir. “A luz
artificial é uma inovação recente no mundo noturno”, diz DAWKINS, e isso
confunde as mariposas que obedecem aos comandos instintivos “cegamente”. Seguir
um caminho utilizando informações que nunca falharam pode dar errado quando
mudam as circunstâncias.
Em nossa cidade todo mês morrem pessoas que se envolvem em
“acidentes” automotivos, predominantemente, conduzindo motos. Grande parte dos
envolvidos em “acidentes” com este tipo de veículo estavam alcoolizados ou
desrespeitaram as mais elementares regras do trânsito.
No último final de semana dois fatos foram bastante
divulgados e comentados por toda a cidade. Todo mundo ficou sabendo dos fatos e
das circunstâncias que os geraram. As pessoas ficaram consternadas,
entristecidas pelas consequências mortais dos acontecimentos, mas ao que tudo
indica, apenas momentaneamente.
Pois logo em seguida passam a agir como se nada tivesse
acontecido, como se tivessem esquecido tudo. E os que ainda restam, e os
recentes iniciados nessas práticas, passam a pilotar motos como se tivessem
praticando um ritual de suicídio. Como se fossem mariposas rumo ao fogo da
vela.
No sábado à noite, dia do acidente fatal mais comentado na
cidade, vi um motoqueiro em alta velocidade na Avenida Eurípedes Aguiar
pilotando em pé e sem capacete. Um pouco mais adiante, na mesma avenida, vi
também quatro mulheres em cima de outra moto, todas sem capacetes e gritando
desesperadamente para as pessoas que passavam. Davam a impressão que estavam
querendo dizer: "olhem nós aqui arriscando as nossas vidas, não estamos
nem aí".
Fiquei me perguntando, será que essas pessoas saem de casa
como quem diz afirmando loucamente: “Quero ver se volto viva hoje pra casa”.
Sim, porque pilotar uma moto nessas condições tendo consciência das muito
prováveis possibilidades de morrer só podem pensar assim. Mas será que as
causas dos problemas são apenas essas?
Falando sério, não acredito que sejam suicidas. Por outro
lado as autoridades responsáveis pela organização e fiscalização do trânsito na
cidade têm que buscar respostas científicas essenciais que esclareçam as causas
desse comportamento. Porque dizer que são apenas irresponsáveis (não ligam para
as leis do trânsito), ou não usam os equipamentos protetores (capacetes,
principalmente) porque nosso clima é muito quente para tal, não responde
adequadamente à questão.
São respostas para gente preguiçosa que não quer solucionar o
problema, são respostas superficiais, aparentes, comuns demais. Tem mais coisas
além do aparente que só serão decifradas apenas com pesquisas sérias, pois
essas pessoas não podem simplesmente ser confundidas com mariposas “suicidas”.
Um comentário:
Excelente.
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