Curso intensivo ministrado pelo
vibrante prefeito BRANDO ensinando como enriquecer do nada sem trabalhar e sem
ganhar na loteria.
Ana Flores e a prodigalidade de fatos surpreendentes. Nunca
tinha ouvido falar em cidade tão cheia de artimanhas e desfechos inusitados. Criei
esta cidade fictícia com o objetivo de fazer fluir as mais inacreditáveis
práticas politicas que um ser humano é capaz de protagonizá-las.
Nessa cidade há um prefeito, óbvio, que criei com outra
finalidade, mas ao longo das circunstâncias aqui relatadas ele foi adquirindo
contornos morais tão reles que surpreende até o mais desqualificado ladrão de
galinha. BRANDO, o prefeito, adquiriu vida e moral próprias, independente de
minha interferência e vontade.
Em Ana Flores todos os personagens, história e as situações
por eles protagonizadas são meras criações fictícias e qualquer relação
existencial com alguma cidade verdadeira ou personagens reais terá sido mera
coincidência. Mera coincidência.
BRANDO era um cara originalmente despossuído de aparato econômico
que lhe possibilitasse uma vida minimamente confortável. Ou seja, ele era pobre.
Mas pelas circunstâncias entrou para a política levado pelas mãos fraternais de
um velho agente dela. Com o tempo se tornou prefeito de Ana Flores por força
das circunstâncias também.
Logo no início de seu governo passou a pensar muito nas
diferenças econômicas e sociais que agora guiavam a sua vida ainda insistentemente
medíocre. Fez um voto de determinação e jurou a si mesmo que nunca mais seria
pobre na vida.
Mas para ele só haviam duas alternativas: 1- Ou BRANDO
roubava o dinheiro da prefeitura de Ana Flores, ou, 2- Ganhava na loteria. Não
havia uma terceira via, pois ele nunca quis estudar durante toda a sua vida
para poder ter uma profissão minimamente qualificada que lhe alçasse num voo
rumo à ascensão social e econômica.
Contudo ele foi ficando, como já disse, independente em suas
ações e traquinagens. Pois ele me surpreendeu com uma solução que eu não
poderia ter criado para descrevê-la aqui.
BRANDO não ganhava nunca na loteria. Então resolveu roubar o
dinheiro da prefeitura de Ana Flores e abrir um negócio que estivesse ligado
organicamente com a segunda alternativa. “Contratou” um laranja para administrar
uma casa lotérica para ele numa cidade a uma média distância da sua.
Nessa cidade, cujo nome nos remete à gíria de drogados
injetáveis, Ponta Aguda, ele comprou um prédio onde funciona a casa lotérica na
parte de baixo e um andar encima. É a mais bem estruturada casa lotérica de
Ponta Aguda. Chega a fazer inveja aos concorrentes. E estes não sabem de onde
veio tanto dinheiro para tanta estrutura.
BRANDO está rindo dos anaflorenses porque a maioria deles
vive na pobreza e ele agora é um dos homens(?) mais ricos de Ana Flores. Já comprou
fazendas e apartamentos e os colocou em nomes de laranjas.
Quando BRANDO sair da prefeitura irá dar um curso de como
ganhar na loteria, pois se ele não conseguiu, ao menos enriqueceu de forma tal
e com objetivos tais que está facilitando para os outros o caminho para serem
premiados.
Esse BRANDO é mesmo um artista. Conseguiu ludibriar todos com
seu jeito manso de falar e por trás, sempre por trás, ele fez seu pé de meia da
maneira mais vil que se pode imaginar. Ao invés de crer na exclusão entre si
das alternativas que tinha diante de si tapeou a lógica e fez as duas coisas: Roubou
para comprar uma casa lotérica.
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