Foto: Portal Floriano News.
O Condomínio Catumbi, aqui em Floriano, foi inaugurado na
sexta-feira, 03.08.2012. É um condomínio de apartamentos financiado e
construído pela Caixa Econômica Federal. Os mutuários estão providenciando a
mudança após assinarem os contratos com o banco. A partir desse ponto os moradores
terão de assumir uma nova postura para a convivência com seus vizinhos.
Vão ter de eleger um síndico e uma diretoria para administrar
e manter o condomínio e toda a sua estrutura de funcionamento. E logo de início
vão ter de realizar uma assembleia de condôminos para a criação de regras de
convivência. Vão ter de deliberar sobre o que deve e o que não deve ser feito,
o que pode e o que não pode ser feito, o que tem e o que não tem de ser feito.
Tudo isso junto forma as regras para tornar a convivência
possível entre os moradores. É aqui onde quero chegar com essa minha analogia.
Uns participarão das reuniões de condôminos. Outros abrirão
mão de participar. Outros tantos não irão propositadamente. Como então analisar
esses casos? Bom, a experiência mostra o seguinte: aqueles que participam de
todas as assembleias sabem – porque têm consciência disso - que é lá onde tudo
que diz direito à vida de TODOS no condomínio será decido.
E estes sempre decidirão em votações o que deve, o que pode e
o que tem de acontecer no condomínio. Os que abrirão mão de participar
colocarão nas mãos dos que participarão diretamente o direito de decidir por
eles. Ou seja, se uns não irão, estarão, desse modo, assinando um cheque em
branco para que aqueles que sempre estarão nas assembleias decidam sobre o que
é necessário. E, ao final da assembleia, tudo o que for decido valerá para
todos.
Até que horas se poderá ouvir música nos apartamentos? Festas
nos apartamentos serão permitidas? Poderão ser criados animais domésticos nos
apartamentos? Visitantes poderão entrar no condomínio até que horas? Quantos
funcionários serão necessários no condomínio? O lixo poderá ser colocado nas
escadas? Irão comprar TV a cabo ou antena coletiva?... São questões que dizem
respeito diretamente à vida de todos os moradores.
Se uns não irão às assembleias, os que irão decidirão por
elas. Assim também é, só que de forma ‘mais ampla’, a vida na cidade. Vivemos
numa democracia e tudo o que se refere à vida de todos na sociedade se resolve,
direta ou indiretamente, através dos representantes políticos que são eleitos.
São eles que irão decidir os rumos que a cidade tomará depois que assumirem
seus mandatos.
Quando uns abrem mão de participar do processo eleitoral na
cidade porque estão decepcionados com aqueles que estão atualmente no poder e pregam
o voto nulo estão agindo como os moradores do condomínio que não irão às
assembleias. E a cidade não deixará de ter prefeito porque alguns votarão nulo.
É este o modelo de regime político que temos.
Estou defendendo uma proposição positiva generalizante pelo
voto válido consciente. Mas quando se trata de gente a coisa não é tão
automática como os mecanismos sociais e suas regras nos possibilitam perceber.
Pois para muita gente essa proposição teria algo como um semblante autoritário.
Quando alguém diz que algo deve ser o CERTO para todos o propõe a partir de seu
ponto de vista. Às vezes não percebe que outros podem pensar diferente, ou
mesmo pensar o contrário.
O que poderia ser feito para resolver esta questão ética? Fazer
uma análise a partir de uma situação particular (de um fato) tentando colocá-la
dentro de uma perspectiva global. E o que dizem os fatos? Os fatos mostram um
sistema político que depende da participação das pessoas para decidirem o que é
melhor para elas mesmas.
Só que as decisões, nesse sistema do “demo” (traduzindo do
grego = povo), é a democracia. Se é um sistema social então todos serão
afetados e / ou beneficiados pelo o que for decido pela maioria dos que
participarem.
Então, como agir de outra forma, que não a anterior, dentro
da análise do fato em questão? Mesmo sabendo que os que não participarem serão
afetados e / ou beneficiados pelas decisões tomadas pelos outros e, de tal modo,
poderão discordar depois e reclamar do que foi decidido?
Outra possibilidade é abrir mão da proposição positiva e agir
levando em consideração que cada um tem o direito de fazer o que bem entende. E
se a pessoa decidiu votar nulo o fez porque a partir do seu ponto de vista é esta
a posição correta a ser adotada. Será?
Mas, e a sociedade com seu modelo político atual como vai
funcionar? Deve ser levado em consideração que se TODOS, ao votarem nulo, não
elegerão nenhum governante. Quem tomará as decisões? Que rumo haveremos de
seguir? Cada um por si? Este é o meu ponto. Não votar em ninguém não resolve o
problema da falta de credibilidade dos políticos. Pelo contrário, torna o
funcionamento do sistema político ainda mais caótico, ou mesmo impossível.
A política é a união de forças, de pessoas, em torno de um
conjunto de ideias que orientará as ações desse grupo. Se o sistema funciona a
partir da participação e decisão dos cidadãos, então, de qualquer forma, mesmo
que um número pequeno participe será esse grupo que dará as cartas na
administração.
Você não concorda que seja um grupo qualquer que dê as cartas
na administração pública? Então, se a política é a união de forças, una-se
àqueles que mais têm ideias semelhantes, próximas às suas. Desse jeito você
terá a oportunidade, ou possibilidade, de deixar aqueles que você não concorda
que governem a cidade longe do poder.
Abrir mão de participar é se isolar. É deixar que aqueles que
se uniram decidam os rumos da cidade. Votar nulo, no meu singelo modo de ver as
coisas, é permitir que seus oponentes tenham o caminho facilitado rumo ao
poder. Sem barreiras, sem oposição, sem nada.
Votar inversamente a um determinado grupo é lutar para que
aquilo com o que você não concorda tenha ao menos dificultado o seu sucesso. No
mínimo você dificultou que aquilo que você não quer seja posto em prática.
Votar nulo não impedirá que o contrário se consolide. Votar nulo é abrir mão de
lutar pelo o que você não quer. Votar nulo é abrir mão de buscar aquilo que
você deseja.
Antes de se impor uma proposição, mesmo que positiva como é o
caso do voto válido, devemos olhar os fatos, as circunstâncias, as
possibilidades históricas e avaliarmos aquilo que poderá fazer de nós seres
melhores do que somos. Ou como diria o Filósofo RICHARD RORTY: “versões
melhores de nós mesmos”.
2 comentários:
Interessante argumentação caro Jair... Vc so esqueceu de lembrar aos seus leitores que se 50%+1 dos votos forem nulos, obrigatoriamente deve acontecer outra eleição, com outros candidatos.
Eu vou votar nulo. Talvez pq, sozinho, não esteja satisfeito, ou ainda, esteja decepcionado com a atual conjuntura política de Floriano. Talvez tb eu esteja errado sozinho. Mas quem garante?
Creio que acima de tudo, devo ter uma posição séria e pessoal quanto a isso, levando em consideração minhas responsabilidades.
Como vc diz, assino um "cheque em branco"; é um forte argumento pra não cobrar nada e portanto pra não atuar politicamente. Por isso veja: se a maioria, um dia, não estiver satisfeita ou decepcionada, algo está muito errado.
É isso. Forte abraço,
Chico Mário
Interessante argumentação caro Jair... Vc so esqueceu de lembrar aos seus leitores que se 50%+1 dos votos forem nulos, obrigatoriamente deve acontecer outra eleição, com outros candidatos.
Eu vou votar nulo. Talvez pq, sozinho, não esteja satisfeito, ou ainda, esteja decepcionado com a atual conjuntura política de Floriano. Talvez tb eu esteja errado sozinho. Mas quem garante?
Creio que acima de tudo, devo ter uma posição séria e pessoal quanto a isso, levando em consideração minhas responsabilidades.
Como vc diz, assino um "cheque em branco"; é um forte argumento pra não cobrar nada e portanto pra não atuar politicamente. Por isso veja: se a maioria, um dia, não estiver satisfeita ou decepcionada, algo está muito errado.
É isso. Forte abraço,
Chico Mário
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