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SERRA mira na qualidade da educação do Brasil apoiado por seu projeto neoliberal com as armas que o PSDB está utilizando para o rebaixamento da educação pública de São Paulo. O objetivo subliminar é privatizar o que for possível e transferir para os municípios a gestão dos Institutos Federais construídos no atual governo federal que não forem do interesse dos empresários. Como prova disso ele, recentemente, disse que vai criar um tal de ProTec que é uma espécie de ProUni para as escolas técnicas. Ou seja, ao invés de continuar a investir na educação pública de qualidade pretende transferir o dinheiro para as escolas técnicas particulares existente e para as que existirão com esse seu plano. É essa a política dos ricos que sempre defendeu o PSDB e SERRA contra um direito básico dos trabalhadores e pobres deste país.
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Leia o texto a seguir do Filósofo paulista PAULO GHIRALDELLI JR, uma das maiores autoridade em educação do país.
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“TOPA TUDO POR DINHEIRO” NA REDE DE ENSINO
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Pagar cinquenta reais para que o aluno volte para a escola e participe de um programa de “reforço” em matemática é sem dúvida a admissão da falência não só do sistema escolar, mas da imaginação do governante que propôs algo assim. Independentemente da medida trazer ou não o jovem para mais alguns dias de aula, o que o Estado de S. Paulo está realizando ao por essa idéia em prática é, novamente, um desserviço à educação pública brasileira.
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De modo algum sou daqueles filósofos vindos do seminário ou do marxismo que diz que odeia dinheiro e que acha que o “consumismo” é o mal do mundo. Pagar para o aluno da escola pública estudar deveria ser algo normal, corriqueiro. Aliás, o PMDB, nas mãos de Quércia, criou uma bolsa para o magistério em nível médio, dentro dos CEFAMs, que foi um sucesso. O êxito foi tão grande que não deixaram durar. Mário Covas, quando entrou para o governo, para não deixar de nos lembrar o que é o PSDB, destruiu os CEFAMs (literalmente, inclusive os prédios!). Mas, o problema dessa medida de agora, que dá os “cinquentinha” pela matemática, é que estamos diante da mesma idéia do bônus dado ao professor. Resumindo ao máximo minha crítica: não se trata de uma política educacional de longo ou médio alcance, capaz de gerar uma cultura a respeito de direitos e deveres em educação, mas uma esmola para um serviço pontual que, exatamente por ser pontual, serve apenas para pulverizar recursos e criar vícios.
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O bônus ao professor não veio para complementar salário, ele surgiu para fazer do salário algo sobre o qual não se mexe, uma vez que se pode dar a esmola do bônus com critérios aleatórios, mutáveis, desvinculados da carreira. Os cinquenta reais para o aluno ficar “reforçado” em matemática é a mesma coisa, ou talvez pior: “tome lá seus cinquentinha, agora, compareça às aulas chatas de matemática que você nunca quis ir”.
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Do mesmo modo que as elites passam nas ruas e oferecem seus sapatos para os engraxates que estão cheirando cola, o Estado de São Paulo distribui cinquenta reais para mãos que se erguem, e que retribuirão indo a umas aulinhas de matemática – as mesmas que já haviam sido oferecidas e que não serviram para o aluno que, afinal, acabou precisando do “reforço”. É só. Nada mais do que isso. Por que com o cinqüentinha o aluno aprenderia em poucos dias o que não aprendeu antes?
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Mas o problema não é só este. A questão aqui, no caso, é mais complexa, mais ultrajante. Eu explico.
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Que o Sílvio Santo jogue notas esparsas em um auditório previamente escolhido (as antigas “colegas de trabalho”), não vejo problema. Que o governo de São Paulo, por meio da sua secretaria de Educação, faça assim com o alunado da rede pública, é algo humilhante, degradante e, do ponto de vista de política educacional, um enorme erro. Estudantes que recebem bolsas para estudar, com o critério associado entre mérito intelectual e nível sócio-econômico, deveria ser uma prática da rede pública. Tal prática, acoplada à política de professores bem pagos, resolveria de vez a maior parte dos problemas de nosso ensino. Transformaria o Brasil em poucos anos. Mas essa minha idéia simples é completamente diferente de um “topa tudo por dinheiro” feito com menores de idade. No limite, essa atitude do governo deveria ser tomada como criminosa, quase que um tipo de prostituição de menores. Um país sério colocaria o governador do Estado de São Paulo, o ex-comunista Alberto Goldman, vice de José Serra, sob suspeita merecedora de uma investigação por parte da Corregedoria do Estado.
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É estranho que esse tipo de ação populista, antes posta em prática só com adultos, agora se dirija sem eira nem beira também às crianças. Mais estranho ainda é ela ser anunciada quando o Estado parou de chamar professores concursados sob o argumento de que acabou o dinheiro para pagar o cursinho de ingresso destes, uma idéia criada pela própria secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Ou seja, não há dinheiro para pagar o cursinho já planejado, mas há dinheiro para jogar às crianças, visivelmente como esmola, para que elas possam ficar mais horas na escola. O que se quer com isso? Populismo agregado ao aumento de número de horas aulas na escola. Dois tipos de lucros podem ser obtidos disso, para os governantes: o populismo dá voto, o tempo na escola dá cacife para empréstimos no exterior e, depois de uns anos, também é número para se apresentar dentro das “conquistas do governo”. Agora, em termos de lucro para a população e para os alunos, garanto, não há nenhum.
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Tudo que é feito pelo PSDB tem esse problema de nascer sob o signo da fuga da política institucionalizada. Tudo é feito de modo a desorganizar a ação do Estado diante da responsabilidade de manter serviços públicos. Tudo no PSDB caminha com esse rosto estranho, sarcástico, do próprio José Serra, do Paulo Renato e, é claro, do Fernando Henrique. Nunca o Brasil teve uma elite tão irresponsável como esta, que se fixou no PSDB.
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©2010 PAULO GHIRALDELLI JR., Filósofo, Escritor e Professor da UFRRJ
Pagar cinquenta reais para que o aluno volte para a escola e participe de um programa de “reforço” em matemática é sem dúvida a admissão da falência não só do sistema escolar, mas da imaginação do governante que propôs algo assim. Independentemente da medida trazer ou não o jovem para mais alguns dias de aula, o que o Estado de S. Paulo está realizando ao por essa idéia em prática é, novamente, um desserviço à educação pública brasileira.
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De modo algum sou daqueles filósofos vindos do seminário ou do marxismo que diz que odeia dinheiro e que acha que o “consumismo” é o mal do mundo. Pagar para o aluno da escola pública estudar deveria ser algo normal, corriqueiro. Aliás, o PMDB, nas mãos de Quércia, criou uma bolsa para o magistério em nível médio, dentro dos CEFAMs, que foi um sucesso. O êxito foi tão grande que não deixaram durar. Mário Covas, quando entrou para o governo, para não deixar de nos lembrar o que é o PSDB, destruiu os CEFAMs (literalmente, inclusive os prédios!). Mas, o problema dessa medida de agora, que dá os “cinquentinha” pela matemática, é que estamos diante da mesma idéia do bônus dado ao professor. Resumindo ao máximo minha crítica: não se trata de uma política educacional de longo ou médio alcance, capaz de gerar uma cultura a respeito de direitos e deveres em educação, mas uma esmola para um serviço pontual que, exatamente por ser pontual, serve apenas para pulverizar recursos e criar vícios.
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O bônus ao professor não veio para complementar salário, ele surgiu para fazer do salário algo sobre o qual não se mexe, uma vez que se pode dar a esmola do bônus com critérios aleatórios, mutáveis, desvinculados da carreira. Os cinquenta reais para o aluno ficar “reforçado” em matemática é a mesma coisa, ou talvez pior: “tome lá seus cinquentinha, agora, compareça às aulas chatas de matemática que você nunca quis ir”.
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Do mesmo modo que as elites passam nas ruas e oferecem seus sapatos para os engraxates que estão cheirando cola, o Estado de São Paulo distribui cinquenta reais para mãos que se erguem, e que retribuirão indo a umas aulinhas de matemática – as mesmas que já haviam sido oferecidas e que não serviram para o aluno que, afinal, acabou precisando do “reforço”. É só. Nada mais do que isso. Por que com o cinqüentinha o aluno aprenderia em poucos dias o que não aprendeu antes?
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Mas o problema não é só este. A questão aqui, no caso, é mais complexa, mais ultrajante. Eu explico.
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Que o Sílvio Santo jogue notas esparsas em um auditório previamente escolhido (as antigas “colegas de trabalho”), não vejo problema. Que o governo de São Paulo, por meio da sua secretaria de Educação, faça assim com o alunado da rede pública, é algo humilhante, degradante e, do ponto de vista de política educacional, um enorme erro. Estudantes que recebem bolsas para estudar, com o critério associado entre mérito intelectual e nível sócio-econômico, deveria ser uma prática da rede pública. Tal prática, acoplada à política de professores bem pagos, resolveria de vez a maior parte dos problemas de nosso ensino. Transformaria o Brasil em poucos anos. Mas essa minha idéia simples é completamente diferente de um “topa tudo por dinheiro” feito com menores de idade. No limite, essa atitude do governo deveria ser tomada como criminosa, quase que um tipo de prostituição de menores. Um país sério colocaria o governador do Estado de São Paulo, o ex-comunista Alberto Goldman, vice de José Serra, sob suspeita merecedora de uma investigação por parte da Corregedoria do Estado.
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É estranho que esse tipo de ação populista, antes posta em prática só com adultos, agora se dirija sem eira nem beira também às crianças. Mais estranho ainda é ela ser anunciada quando o Estado parou de chamar professores concursados sob o argumento de que acabou o dinheiro para pagar o cursinho de ingresso destes, uma idéia criada pela própria secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Ou seja, não há dinheiro para pagar o cursinho já planejado, mas há dinheiro para jogar às crianças, visivelmente como esmola, para que elas possam ficar mais horas na escola. O que se quer com isso? Populismo agregado ao aumento de número de horas aulas na escola. Dois tipos de lucros podem ser obtidos disso, para os governantes: o populismo dá voto, o tempo na escola dá cacife para empréstimos no exterior e, depois de uns anos, também é número para se apresentar dentro das “conquistas do governo”. Agora, em termos de lucro para a população e para os alunos, garanto, não há nenhum.
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Tudo que é feito pelo PSDB tem esse problema de nascer sob o signo da fuga da política institucionalizada. Tudo é feito de modo a desorganizar a ação do Estado diante da responsabilidade de manter serviços públicos. Tudo no PSDB caminha com esse rosto estranho, sarcástico, do próprio José Serra, do Paulo Renato e, é claro, do Fernando Henrique. Nunca o Brasil teve uma elite tão irresponsável como esta, que se fixou no PSDB.
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©2010 PAULO GHIRALDELLI JR., Filósofo, Escritor e Professor da UFRRJ
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Escrito em: 19/08/2010
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