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A nossa cidade está cada vez mais violenta nestes últimos tempos. E não estou falando da violência construída por marginais, não. Dessa a polícia tem procurado nos livrar. Estou falando da violência simbólica. Da violência que impõe o medo, agora através de armas, e cerceia a liberdade das pessoas se expressarem.
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No cruzamento das avenidas Eurípedes Aguiar e Santos Dumont, local mais conhecido como "Curva dos Americanos", todos os anos algumas pessoas que moram naquela região constroem um boneco do Judas e o empenduram no alambrado de uma quadra de esportes que há no cruzamento. Isto já se tornou uma tradição.
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Mas neste ano foi diferente. Não malharam o Judas. Uma colega me contou que passou pelo local, à tardezinha, e presenciou o ato de violência, não mais só simbólica. Dois indivíduos pararam um carro e um deles com uma arma de grosso calibre (segundo a colega, parecida com um fuzil) nas mãos desceu e ficou na posição de vigilância. Outro indivíduo desceu também do mesmo carro, subiu no muro e retirou o boneco. Entraram com o mesmo no carro e sairam em retirada.
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A colega pensou logo em registrar o fato com imagens, mas percebeu que não estava com a máquina fotográfica naquele momento. Pensou em mim. "Eu deveria estar ali", ela pensou. Mas ainda bem que não fui eu que presenciou a subtração (palavra elegante) do Judas. Talvez até tivesse levado um tiro, quem sabe. Floriano está uma cidade violenta nestes últimos tempos. Mas a violência de cangaceiros, pois não estavam identificados. Nem os indivíduos e nem mesmo o carro. É a violência solta. É a violência intimidadora. Quem se arriscaria a intervir na subtração do Judas? Só mesmo a polícia que anda procurando nos livrar da violência dos bandidos.
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