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segunda-feira, 10 de junho de 2013

A NOSSA DITADURA DAS LATAS NA DISPENSA.





Fotos da apresentação da banda florianense BLOODFIRE: “É uma Banda de Heavy Metal formada em meados de 2012, pelos Integrantes : Pontyarelle (Vocal, guitar) , Patrynne (Drums), Carlos (Bass), Breno (Guitar)”.

Procure por “bloodfireband” no Facebook e conheça melhor a banda.



Tiago Galvão com a blusa Ramones e Arianne Coutinho muito feliz, sorrindo.




No lado direito da foto vemos a Perluayte Sandes e o marido Igor Marques.




Acima a galera curtindo, avaliando, interpretando os shows. 



Alexandre Barauna e Félix Luz.



Direita / esquerda: Alexandre Barauna, eu, Hamilton Gondim e Jon Milson Cruz. 



Perluayte Sandes, a quem chamo de a “Dama do Rock de Floriano” por gostar, representar, realizar eventos de Rock, ter atitude e personalidade para viver o que gosta. É uma honra para mim ela ter tirado essa foto comigo.


A ditadura antiestética implantada há anos em Floriano que visa em última instância a estultice da sociedade não deixa de ser também um meio fácil de ganhar dinheiro à custa da falta de bom gosto quando se trata de arte. Os mercantilizadores da arte da estupidez enchem os bolsos quase todos os finais de semana em nossa cidade. Para eles é muito bom. Bom até demais.

Essa falta de bom gosto resulta, principalmente, da ausência de uma educação de qualidade. No processo educacional todas as dimensões humanas precisam ser contempladas para que promova a elevação integral da nossa condição de humano.

Aqui vejo de forma clara, a partir do uso racional dessa condição, a possibilidade de “nos tornamos versões melhores de nós mesmos” (R. Rorty).

Pensado nisso como necessário, o governo federal iniciou a implantação do ensino de música no ensino médio e médio-integrado para que as pessoas, tendo em mãos as várias possibilidades artísticas, e tendo sido bem educadas, possam fazer escolhas a partir de um patamar aprazível.

A ideia, a meu ver, é possibilitar a boa escolha. Não escolhe bem quem não tem conhecimento das opções disponíveis. E por achar que só há uma, imposta pela ditadura musical, então passa a acreditar fielmente que ela é a única opção e que é a melhor. Paulo de Tarso disse: “Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero”.

Aplicada ao campo artístico a máxima de Paulo fica assim: a escolha pelo mau gosto é derivada exatamente da falta de conhecimento. E neste caso o indivíduo não educado musicalmente escolhe aquela opção que é imposta pelo meio em que vive (predominando aí os meios de comunicação), pelos parentes, pelos amigos... e, também, pelo pouco gosto musical que poderia ter sido elevado através de uma educação completa.

Escolhendo assim, ele não percebe, pela falta de conhecimento, que é, na maioria das vezes, a pior escolha e que ele, se tivesse amplo conhecimento, não optaria. Desse modo, ele faz a opção pelo “mal que não quer”. Ou seja, não opta realmente pelo o que gostaria ou intentaria.

É neste campo – o da falta de educação musical – que reina soberanamente a ditadura do mau gosto em Floriano há tempos. E vejo na administração municipal do ex-prefeito, o pior que esta cidade já teve, um dos fatores mais preocupantes no aprofundamento da ditadura do mau gosto.

Tanto estética como artisticamente ele deu uma contribuição determinante no desenvolvimento do mau gosto cultural – exatamente por desconhecer as melhores opções ou por ser um reprodutor consciente (?) do processo de parvoíce.

Enfeiou a cidade pintando os prédios públicos com sua cor predileta e que representa seus ideais e práticas políticas, a cor LARANJA. Trouxe para a nossa cidade o que há de pior no lixo do mau gosto artístico aprofundando aí o processo de estupidez já em curso.

A educação musical tem o poder de promover o homem e romper com esse círculo terrível do mau gosto. O pai forma o filho que formará os seus e, assim, indefinidamente.

Não é que eu tenha uma visão ingênua sobre o papel da educação na sociedade no sentido de ela poder concertar todos os seus defeitos. Mas por ser otimista (e consciente) tanto em relação ao ser humano quanto ao papel que uma educação de qualidade e transformadora pode efetivar na sociedade. Desde que esse seja mesmo o propósito da sociedade e de seus governantes que ao lado de outros meios possam seriamente trabalhar no rumo desse objetivo.

Sendo bem educado musicalmente o aluno poderá fazer a melhor escolha. Acredito nisso realmente.

Não se trata de doutrinação desse ou daquele estilo musical, mas de uma educação que o permita conhecer as mais diversas opções e estilos musicais.

Conversei com alguns professores e músicos e percebi que o objetivo da lei federal é mais nobre. Um deles, Neiva Filho, mais conhecido por Neivinha, dentista e músico de Floriano, me disse que o aluno, ao mesmo tempo em que se educa musicalmente, está apto para o exercício da cidadania, do pensar correto, do expressar-se bem, e no sentido de escolher melhor.

O atual prefeito de Floriano, Gilberto Junior, tem desenvolvido atividades para resgatar a educação cultural de nosso povo. O ex-prefeito praticamente acabou com toda forma de manifestação cultural que já havia na cidade. Só restou aquela que ele mais utilizou no processo de inabilitação intelectual: o carnaval.

Saraus de poesias e músicas de qualidade estão sendo programados e apresentados pela atual administração municipal ou com o seu apoio direto. Gilberto Junior é advogado e músico amador e tem uma educação musical de qualidade invejável. Basta avaliar os seus discursos e os artistas por ele citados. Assim teremos, no atual prefeito, um forte incentivador das manifestações culturais visando o processo de elevação cultural.

A ditadura musical imposta na cidade tem o seu ícone mais evidente no “estilo musical” que é resultado de uma deformidade que fizeram no ritmo de música há muito conhecido por forró. Deu no que deu. Uma só batida e um só “verso” repetidos exaustivamente até embriagar o mais duro dos cérebros e torná-lo incapaz de ir além da demência.

Torço pela diversidade e pela educação que promova a melhor escolha. E só o conhecimento, a meu ver, poderá nos levar a esse objetivo.


P. S (1).: Sábado passado, 08.06.2013., houve um evento musical na Beira Rio num espaço cultural próximo ao Teatro Maria Bonita. O estilo musical foi o bom Rock'nRoll. Duas atrações marcaram a noite maravilhosa de boa música e pessoas interessantes. Pessoas que pensam e agemdaquele jeito que os Titãs cantam na música “Bom gosto”: “Prefiro não pensar igual, igual a você pensa / Por que ficar igual, igual às latas na dispensa?”

Gostar de Rock'nRoll é gostar de um estilo musical que expressa também uma estética que mostra claramente que quem gosta de Rock'nRoll não se sente obrigado a ser visto como uma lata de conservas igual ao que se vê em supermercados e dispensas lotadas delas. Todas iguais. Sendo assim, sem identidade, todas são despersonalizadas e mergulhadas num caldo medíocre, sem sal e sem gosto onde o resultado é uma gororoba arrepiante e nojenta.

Gostar de Rock'nRoll é mostrar que além de bom gosto musical a pessoa tem identidade própria e sua estética anuncia a sua capacidade de ir além das ações e posições de “latas na dispensa”.

O que Neivinha me falou – ele não concorda com minha posição dura em relação à crítica que faço e gosta de outros estilos musicais também,pois no seu consultório os pacientes são acalmados com boa música onde ouve-se Beatles, MPB, Pop e outros – é que a educação melhora a capacidade das pessoas veem o mundo ao seu redor. O que isso pode nos trazer de bom? A capacidade de escolher melhor do que quem não conhece.

Quem gosta de Rock'nRoll, no geral, são pessoas interessantes para se conversar, pensam de modo lógico, se interessam pela vida da cidade. Pois não é uma pessoa sem identidade, despersonalizada que é incapaz de ir, numa conversa, além de um “hoje o dia está quente”.

Gostar de Rock'nRoll significa que a pessoa foi capaz de fugir do terrível círculo do mau gosto.

Rock'nRoll é uma maneira de dizer não à mesmice burra e de muito mau gosto que forçosamente predomina.

Por fim, o Rock'nRoll não é o melhor estilo musical do mundo. Mas com certeza não é algo tosco e emburrecedor como esses “forrós” domingueiros.

Porém, vive ladifférence. Só que a diferença favorece a quem pensa melhor, pois aproveita melhor a vida e o mundo.

“... Faça tudo ao seu gosto / Que eu sigo a minha linha / Fique com seu bom gosto / Seu jeito, seu estilo / Mesmo que seja o oposto / daquilo que eu prefiro / Fique com seu gosto / Que eu vou ficar com o meu...”, senhores adeptos da ditadura do mau gosto.


P. S. (2): Minha primeira filha ao completar quinze anos começou a sair com as amigas dela, ir a festas aqui em Floriano. Um pouco mais de um mês depois notei que ela não estava mais indo às festas. Perguntei por quê? Ela me respondeu: “Não vou mais não, pai. Lá só se ouve essa coisa de “forro””. Mas passado algum tempo ela voltou a ir às festas. Perguntei de novo por quê? “Se eu não for, não poderei mais conviver socialmente com asamigas”.

Por ter conhecido outras opções musicais ela pode ver o que era melhor para si. Já nessa época ela sabia o que havia de bom e de ruim entre os vários estilos musicais. Mas tinha de conviver socialmente. Então por culpa da ditadura do mau gosto tinha de suportar aquilo. Pelo menos nas festas.
Sábado passado levei minha segunda filha ao evento de Rock'nRoll e ela adorou o que ouviu e viu. Disse, depois, que tá louca para completar quinze anos e adquirir a liberdade de ir lá com as amigas.

Fiz pelo menos uma coisa boa na vida.  


Um comentário:

Chico Mário Feitosa disse...

Pois é... Também me cansei de ouvir a mesma coisa em Floriano, por isso não saio muito em shows na cidade. Eu quero mais, muito mais... Cansei dessa coisa bonitinha que pintam, eu quero o falho, o feio, o torto...