Cartaz
que declara a ignorância fundamental de grande parte dos manifestantes. Basta
ler no quadro abaixo e a resposta será facilmente respondida a partir do
entendimento que o sistema econômico e social restringe pelas suas próprias leis,
criadas com esta finalidade, a aplicação dos recursos da nação naquilo que
deveria ser importante e urgente, as pessoas mais necessitadas, mas que ficam concentrados nas mãos daqueles que mandam neste país desde a sua fundação, a elite
social, econômica e cultural.
Muitos manifestantes estão juntando algumas reclamações sem
nexo entre si e que se põem quase sempre como sendo um libelo a favor de uma
classe social e seus interesses, mas não entendem que eles, manifestantes, não
fazem parte da classe social para a qual estão carregando tais bandeiras.
É que as elites econômicas, culturais e sociais empurraram as
suas bandeiras e seus interesses junto aos problemas a ser reclamados pelo povo
que está nas ruas. O povo possui uma pauta extensa a ser reivindicada. Isso é
muito bom. Não! Isso é maravilhoso.
Quando uma sociedade fica paralisada diante de sua realidade
e diante dos seus problemas está, até sem mesmo querer, chancelando o status
quo, ou seja, dizendo que está tudo bem e que tudo deve continuar como está.
Se os governantes estão envolvidos, mergulhados nos problemas
e nos erros e deixa a própria população perceber que os problemas e os erros
estão atrapalhando a vida dela, então chega a hora de o povo ir às ruas.
Uma sociedade só segue em frente se as pessoas entenderem que
devem conhecer a realidade na qual estão situadas, e conhecendo verdadeiramente,
lutarem para torná-la melhor. É por isso que as autoridades - presidente,
senadores, deputados, prefeitos, vereadores, magistrados... – devem agir pela
adequação de suas ações com as reivindicações.
O descompasso leva à insatisfação. Por isso, partindo de onde
se encontram no espectro socioeconômico e mesmo não entendendo muito bem essa
sua situação, as pessoas sabem que algo deve melhorar. É esse o modo próprio de
ser humano. Diante do que existe e sendo um ser dotado da necessidade de
continuamente avaliar e reavaliar o que existe (a sua realidade) ele projeta o
que deve ser, ou seja, como aquilo o que existe deve ser.
Se as autoridades submersas em problemas e erros esquecem que
os cidadãos necessitam continuamente seguir em frente a partir do patamar em
que se encontram, então, devem mesmo ser acordadas com gritos e manifestações.
Entre os anos de 2003 e de 2009 cerca de 28 milhões de brasileiros
saíram do nível de miséria. Isto significa que políticas públicas fundadas na
ideologia que busca resgatar as pessoas em situação de subumanidade e elevá-las
a condição menos trágica foram implementadas e eficazmente concretizadas.
Já entre os anos de 2003 e 2011 cerca de 40 milhões de
pessoas ascenderam à classe média. Isto significa que esse contingente imenso
de brasileiros entrou no mercado consumidor passando a participar de um dos
indicadores, em nossa sociedade hedonista, da sensação de melhoria da qualidade
de vida através do consumo.
Chegando a esse nível minimamente digno de vida e tendo,
agora, saciado as suas necessidades mais elementares o ser humano passa a outro
patamar.
O que antes era motivo de preocupação implacável e até de sobrevida
deixou de sê-los quando as pessoas ascenderam a um patamar superior
possibilitado pelas políticas sociais e econômicas do governo federal, que nos
períodos citados foram exercidos por Lula e Dilma, tendo em vista o bem-estar
das pessoas.
Quando antes se reivindicava o direito de ter no mínimo três
refeições diárias, hoje se manifestam pelo direito de possuir plano de saúde
privada. Quando antes se lutava pela regularização dos serviços básicos (água e
energia) nas favelas, hoje se manifestam por moradias próprias. E por aí vai.
É salutar, portanto, que as pessoas estejam nas ruas lutando
por seus direitos, pela garantia da continuidade da melhoria da qualidade de
vida e contra os problemas e erros criados pelos os que estão exercendo o poder
no país. Além, é claro, é óbvio, de se manifestarem contra os atos de corrupção
e desvios do dinheiro público.
Neste aspecto, o que me chama mais a atenção é certo grau de
hipocrisia em muitos manifestantes ao empunharem a bandeira contra a corrupção.
Não porque não tenham o direito de empunhá-la, mas o que ponho em dúvida é a
credibilidade para tal. Sem citar aqueles que nem mesmo sabem em quem votaram
nas mais recentes eleições e isto demonstra o grau de seriedade que tais
pessoas atribuem à política que agora querem sanear.
Os políticos corruptos, salafrários, do tipo que sempre
denunciei aqui em Floriano, não vieram de Marte ou de outro planeta. Eles são
oriundos do seio de nossa sociedade. Eles não estão exercendo o poder por
tradição ou hereditariedade, mas por terem sido eleitos através do voto livre de
muitos que estão, agora, vendo que na política brasileira existe políticos
corruptos.
Mas, em todo o caso, quero manifestar a minha adesão total, completa
e irrestrita ao desejo de mudanças nas estruturas sociais externado pelas
pessoas por meio de vários atos. Apoio as manifestações contra todos aqueles
que ingressaram na política partidária apenas com o objetivo pessoal de
enriquecer ilicitamente. Pois estes são a maior causa de todos os problemas e
males que existem e afligem as pessoas que estão indo às ruas para lutar por
melhores condições de vida.
Eu sempre estou aqui a lutar para que as pessoas prestem
atenção no que ocorre ao seu redor. Chamo a atenção para os malfeitos praticados
por larápios do dinheiro público. Posiciono-me sempre a favor ou contra tais e
quais práticas postas a serviço da sociedade. Não fico calado para pegar carona
na coragem dos outros.
Sigo sempre no rumo que avalio que nos levará a um futuro
melhor, a uma vida digna.
P. S. 1: Um exemplo de causa empunhada pelo povo que está nas
ruas e que na verdade representa o anseio de outra classe social que não sofre,
e nunca sofreu, com os desmandos que vêm ocorrendo no Brasil desde a sua
instituição como país, que são as bandeiras políticas contra o governo trabalhista
que está constitucionalmente exercendo o poder. Empunhar a bandeira de luta
contra um governo que vem ao longo do tempo empreendendo esforços para que os
indicadores sociais, econômicos e culturais sejam aplicados em favor dos mais
necessitados é lutar contra si mesmo. Pois do outro lado está a classe social
dominante esperando a oportunidade para voltar ao poder político federal e pôr
em práticas as suas bandeiras que não são as mesmas daqueles que estão nas
ruas.
P. S. 2: Por que não empunhar a bandeira da democratização da
mídia? Os manifestantes viram que todo o desenlace das manifestações se deu a
partir do incitamento dos poucos grupos midiáticos que monopolizam a informação
no país (Globo, Folha, Estadão...) para a polícia de São Paulo, do governo do
PSDB, ser dura e barrar as manifestações (clique e leia AQUI editorial da
Folha). Outro aspecto, as pessoas criticam a Rede Globo pelo monopólio da
informação, mas não se manifestam contra o exercício do monopólio da mídia.
Esse povo só teve voz a partir do momento que as manifestações se tornaram
incontroladas. Mas até antes de isso acontecer os manifestantes eram tratados
por baderneiros. Quem não lembra o Arnaldo Jabor dizendo no Jornal da Globo que
os manifestantes “não valiam R$ 0,20"? Então, cadê a bandeira contra o monopólio
da grande mídia?
P. S. 3: Muita gente que está se manifestando contra a
corrupção não sabe votar, ou vota sem seriedade. Daí elege políticos corruptos.
Essas pessoas estão mostrando grande indignação nas ruas, mas nas urnas se
comportam do mesmo jeito daqueles que estão se manifestando contra. Ou seja,
vendem seus votos e depois querem cobrar honestidade daquele político que
comprou. Pessoas assim não têm credibilidade para lutar contra a corrupção.
Um comentário:
Que texto maravilhoso... A mais pura verdade...O Brasileiro fala dos políticos corruptos, mas se receber umo troco a mais não devolve pro dono da quitanda. Valeu professor!
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