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quinta-feira, 1 de julho de 2010

PATIFARIA.

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Esta semana (30/06/2010) a revista Veja (www.veja.com.br) trás mais um libelo ao senso comum. Desta vez através de seu mais desinformado (sobre educação) articulista, GUSTAVO IOSCHPE. O texto chama-se “Escola é lugar de ciência. Ética se aprende em casa.
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Num texto sobre a lengalenga contra o pensamento divergente ao seu feriu, anteriormente, de morte o pensamento de PAULO FREIRE. Quando o li fiquei besta com tamanha desinformação. Alguns dias depois o Filósofo PAULO GHIRALDELLI JR. escreveu um texto desbancando a pretensa autoridade em educação do articulista. Ele inverteu tudo no pensamento de FREIRE para poder desqualificá-lo.
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Desta vez vou dá o meu pitaco. Li o texto ontem e resolvi fazer apenas algumas observações gerais. Diz ele: “Em primeiro lugar, o desenvolvimento ético de uma criança é uma prerrogativa de seus pais. Acredito que um pai tem direito a infundir em seu filho padrões éticos divergentes do senso comum, que costuma nortear as escolas.” Para ele, então, a escola é lugar da ética do senso comum.
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“Conhecer Sócrates ou Nietzsche não deve alterar o comportamento da maioria das pessoas. Para ser íntegra, a criança precisa receber orientação de seus pais e, depois, saber que desvios antissociais serão punidos.” Agora ele critica os professores que pretendem ensinar aos alunos, pelo menos, um pouco do pensamento de SÓCRATES ou NIETZSCHE.
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No entanto, no começo do texto ele afirma que procura uma escola para educar seu filho. Ele mesmo foi um leitor desses pensadores clássicos da Filosofia e, portanto, da ética. Se assim não fosse seria uma fraude ele afirmar que não vale a pena ensiná-los na escola porque a ética se aprende em casa ou na rua. Mas a escola que ele procura deverá, sim, ensinar ciência e ética ao filho dele, e conceitualmente. Porque senão o filhote virará um cérebro comum. Como ele pretende pertencer a uma elite, então não se evidenciará sendo um cérebro comum.
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Ele, possivelmente conhece SÓCRATES ou NIETZSCHE. Mas isto é contraditório, pois a ética que ele defende é a ética do senso comum, aquela que se aprende no lugar em que se vive. Mas ele deve ter lido os clássicos, caso contrário como falaria deles? Se a ética boa é a do senso comum, como ele pode conhecer esses filósofos?
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O que ele deseja, mas não confessa, é que as pessoas do vulgo devem assumir os valores éticos que a classe social a que ele pertence pretende estabelecer a todos, tornando-os comuns e assim esquecerem os valores que ele critica e que são voltados para a solidariedade, justiça igual para todos, direitos iguais, justiça social e econômica. Ele chama a esta ética de ética de patifes.
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Mas patifes são aqueles que defendem um modelo de sociedade em que mais de 1/3 da população mundial não tem o que comer diariamente para que 10% dessa mesma população se mantenham eternamente enclausurados em seus privilégios.
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Patifes são aqueles que se vangloriam de sua riqueza resultante da miséria da maioria porque assim é que se defende a concentração da riqueza quando esses patifes condenam os gastos sociais dizendo pela boca dos políticos que eles financiam que, se eleitos, vão cortar os gastos públicos, sociais. Como, aliás, disse o presidente do PSDB em relação ao candidato a presidente da elite e do articulista: JOSÉ SERRA.
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Patifes são aqueles que dizem que a escola brasileira é antiética e contraditória porque ensina os alunos a eticamente preservar a natureza. E os patifes dizem que isso é errado, pois deveríamos preservar primeiro o homem destruindo a natureza em busca de riqueza para todos. No entanto, os patifes têm um estilo de vida fundado num modelo econômico mundializado em que 2/3 da população do planeta é pobre ou miserável.
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Patifes são aqueles que condenam os alunos que colam na escola (o que de fato é condenável), mas ao mesmo tempo enganam os professores mentindo em suas respostas apenas para ter “notas melhores”, como o próprio articulista afirma ter feito em sua época de aluno.
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Lugar de aula de ética é em casa com pais éticos e dignos e complementada conceitualmente na escola. E não em revistas que permitem que muitos patifes exponham suas patifarias confessas apenas com objetivos de criticar sem fundamentos honestos.
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E se a nossa sociedade é corrupta, como afirma através de resultados de “pesquisas”, como poderá o senso comum romper com o ciclo ininterrupto de corrupção (de pais para filhos) se é ela mesma (sociedade) que deve educar as novas gerações? Nesse ciclo não há saída. Só mesmo na escola, conhecendo o pensamento daqueles que foram capazes de mudar o comportamento da humanidade através de seus ensinamentos (os filósofos éticos), é que se terá acesso às novas posturas éticas de acordo com as constantes (historicamente) transformações da sociedade. Sem ser otimista-ingênuo quanto ao papel da escola: só ela poderá ajudar a romper esse ciclo eterno.
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A ética digna é práxica (teórica e prática). A ética da ação somente, como defende o articulista, é a ética da reprodução eterna dos mesmos valores, do status quo. Porque aí nada se cria em vista da falta do pensamento conceitual. É, na verdade, a ética dos patifes, pois as pessoas (o senso comum) deixam de ter a possibilidade de criar e organizar os seus valores éticos para colocar essa criação e organização nas mãos de outros, os patifes.
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É isso que a ética dos verdadeiros patifes não diz claramente, apenas através de conceitos mal formulados e envergonhados.
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P. S. Sobre patifes: o referido articulista pegou um grupo de patifes e os pôs como defensores de valores éticos para a verdadeira cidadania com o objetivo de desqualificar esses valores: “Tenho certeza de que os mensaleiros, anões do Orçamento, sanguessugas e demais patifes também pregavam a justiça universal em seus tempos de escola”. Mas esquece-se o articulista que muitos outros patifes (de igual desonra) também pensam como ele, ou seja, defendem o mesmo que ele na economia, na educação, na sociedade... Sendo assim, o articulista pode ser qualificado de patife?
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