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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

SELVAGERIA, NÃO. É MUITO MAIS QUE ISSO - I.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778) defendeu que “o homem é bom por natureza, a sociedade é que o corrompe”. Ao dizer isso ROUSSEAU parte do entendimento que Deus fez o homem já dotado de uma bondade inata. Mesmo tendo pecado originalmente ainda restou bondade, solidariedade, boa vontade com os outros homens.
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Deus teria imposto esse dever moral ao homem (a bondade inata) e se isso parece intragável é porque toda bondade original foi corrompida pela vida em sociedade. E de que forma ela (sociedade) fez isso? Quando a sociedade fez surgir a propriedade privada e com ela veio o egoísmo, a competição desenfreada, a mentira e o comportamento destrutivo. Segundo ROUSSEAU, foram os interesses individualistas que fizeram o coração do “bom selvagem” perder a sua ‘naturalidade’.
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Esse romantismo baseado em sentimentos e emoções originários compõe a “sinceridade do coração”. Ele apostava nisso, tanto que era detestado pelos iluministas. O racionalismo, princípio filosófico que elegeu a razão como o único critério embasador da ação utilitária e moral, critica a postura rousseauniana onde a moral é assentida pelo coração e não exclusivamente pela razão.
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THOMAS HOBBES (1588-1679), que antes de ROUSSEAU, também partiu de uma hipotética fase histórica da vida humana para explicar a origem e as necessidades que levaram o homem a viver em sociedade e consequentemente criar o Estado, a Moral e a Verdade, mas defendeu uma posição contrária. A hipotética (porque não há condições de se garantir a autenticidade dessa condição existencial) fase histórica é o conhecido Estado de Natureza que procura explicar de que forma o homem vivia e se relacionava com os outros seres. Nos séculos XVII e XVIII esta hipótese fazia parte das teorias políticas.
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Para HOBBES, no estado de natureza “o homem é o lobo do homem”, é “a guerra de todos contra todos”. Para ROUSEAU, no estado de natureza, o homem vivia feliz porque as suas maiores preocupações eram “comer, beber, dormir e fazer sexo com a intenção tão somente de se satisfazer”. Para HOBBES, o homem era competitivo, orgulhoso, vingativo, vaidoso, dominador, mas também tinha medo de ser morto pelos outros. Esse medo o fez passar por cima do seu orgulho e estabelecer junto aos outros as condições mínimas para sobreviver. Criou, então, o Estado com o objetivo de estabelecer os critérios para a convivência possível.

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