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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

APÁTRIDA - I.

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SARAH MENEZES, esta sim é uma piauiense inteligente que faz sucesso. A outra ... você a conhecia? É melhor valorizarmos esta. a OUTRA ...
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A primeira vez que me vi diferente dos outros foi quando fui estudar em Fortaleza. Na turma do Ensino Médio alguns me chamavam de Piauí. Na faculdade também ocorreu o mesmo fenômeno. A partir daí comecei a entender que a nossa convivência em outros grupos sociais não nos torna automaticamente um “deles”, mas me mostrou que havia uma diferenciação entre um “nós” e um “eles”. Isto é uma forma de vivência na base da delimitação da identidade cultural. É muito comum e faz parte da vida e luta entre grupos pelo poder e pela sobrevivência.
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Na Antiguidade grega havia a Phratría, que era a marca da identidade cultural daquele povo. Uma pessoa só era reconhecida quando se apresentava à informação de pertença a um determinado demo (povo). Ela só era ela se vinculada ao seu povo, à sua cultura, à sua família, à sua phratría. Não havia a identidade jurídica com foto 3X4, a marca da digital num papel, a data de nascimento ... como se identifica hoje em dia. Assim era que se entendia que TALES era de Mileto, HERÁCLITO era de Éfeso, PAULO era de Tarso. Ou seja, não se usava prioritariamente (ou quase nunca) o sobrenome, mas o nome do lugar de onde se vinha, da sua phratría.
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A identidade cultural identifica a pessoa aos seus e o diferencia dos demais. Isto torna a pessoa profundamente humana em nível pessoal e coletivo (CANDAU). Penso que a marca cultural aproxima a pessoa de um grupo social, o identifica mesmo com ele, mas não impede de a pessoa se aproximar de outros grupos. Pensar do modo contrário é criar as bases do preconceito e da intolerância.
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Mas a identidade cultural de uma pessoa com um grupo não significa que ela se torna idêntica aos membros do grupo. Todos temos a nossa maneira própria de sentir, pensar e agir. “Nem todas as igualdades são idênticas” (BOAVENTURA SANTOS). Mesmo fazendo parte de um grupo tenho o meu jeito próprio de pensar a política, a cultura, a economia, a sociedade, a religião...
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Então o que fez aquela moça de linguajar medíocre, ensaiado, sem graça no programa do Jô, semana passada? Fez humor? Ela é humorista? Havia contexto para todas aquelas agressões gratuitas travestidas de “simplicidade”? Foi falta de conteúdo para mostrar–se aos outros, e nesta falta apelou para aquilo de mais ridículo que um ser humano pode carregar em si, a idiossincrasia como forma de desrespeito? Quis mostrar que é ridícula e não humorista e que segue um comboio de hienas das desgraças alheias para se alimentar delas?
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Quando PAULO ZOTTOLO disse que se o Piauí deixasse de existir ninguém iria notar, isto nos machucou porque ele não é humorista. É como se ele tivesse dito que nós (os outros) não temos condições de consumir os produtos tecnológicos e por isso somos insignificantes. É uma forma de exclusão. Ele quis dizer que uns podem tudo e outros apenas o básico. E no básico não deve estar incluído a tecnologia Phillips. Isto causou uma confusão. O imbecil foi afastado do cargo, cerca de um ano depois, com uma dita “promoção”. E só o foi porque a sociedade civil não se calou e mostrou a dignidade de ser consciente do que é e do que é capaz. Mas aquela moça deve ser ignorada por ser “humorista”? O humor é licença para tudo?
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Semana passada o diretor editorial da revista “Isto é” escreveu na edição 2084, no editorial, em tom enfurecido com o presidente LULA, que o nordeste é o curral eleitoral dele (LULA). Como é uma revista de circulação medíocre e postura engajada quase ninguém ouviu falar, ou se incomodou. Deixamos, quase todos, ele latir. Meu irmão, AIRTON FEITOSA, enviou–lhe uma carta mostrando indignação e salientando a necessidade de sermos tratados com respeito. É quase certo que ele (editor) não publicará, pois usou–nos de forma deprimente para atingir o presidente. Esta foi a sua maneira de mostrar–se indignado com o presidente, nos atacando.
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E tantos outros acintes já foram assacados contra nós pelos que não se identificam culturalmente conosco. Como a nossa “voz é baixa” em relação às agressões gratuitas e radiofônicas dos outros, faz gerar a impressão de que aceitamos e até gostamos dos acintes. E por isso eles continuam. Mas quando resolvemos gritar que não aceitamos mais este tipo de referência, eis que a estupidez de um dos nossos vem dizer o contrário. Que nós gostamos mesmo é de ser ridicularizados. E aí temos que gritar mais alto ainda dizendo que não. Não aceitamos isso.
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3 comentários:

Unknown disse...

Professor Jair,
Perfeitas suas palavras, eu acho que essa Dadá ( segundo comentários que eu ouvi esse apelido cai muito bem no passado dela ) é daquelas pessoas que acha que vale a pena ser ridícula pra subir na vida! mas esse humor dela é daqueles que dura muito pouco tempo!! depois quando o senhor tiver tempo!! veja os vídeos dela no youtube!! e aprenda como ser sem graça!! não sei como ela chegou até o Jo Soares com aquele humor barato!
ASS: Lucas Ribeiro Brito!!
Abraço professor to sempre aqui aprendendo com seus textos!!

sgt hélio disse...

Jair quando essa dadà falava na família dela eu acreditava nas palavras da mesma, sabe por que?
Eu escutei um sociólogo falar que enquanto os pais tiverem vendo seus filhos como objeto, será sempre assim. Foi o que faltou na família da mesma não foi vista como sujeito.

Sgt Hélio

Anônimo disse...

perfeitas as suas palavras prof Jair ta de parabens pelo seu blog