Qualquer cidadão ou cidadã tem todo o direito de eleger seus
critérios para escolher um candidato a prefeito ou vereador em qualquer cidade
do país de acordo com seus princípios. Esta premissa é universal e
perfeitamente defensável.
Qualquer cidadão ou cidadã tem todo o direito de, ao ter
escolhido seus critérios, votar nesse ou naquele candidato a esse ou aquele
cargo. Também uma premissa universal e defensável.
O que venho questionar aqui é a definição dos critérios para
a ação no âmbito político, portanto no âmbito social, portanto algo que me diz
respeito porque decorrerão implicações sobre a minha vida social e coletiva.
Em 16 de dezembro de 1989 eu estava vindo de Fortaleza, onde
morava, até aqui para meu primeiro voto para presidente da república. Próximo à
Floriano me atrevi a perguntar a algumas senhoras que conversavam entre si algumas
cadeiras a frente, sobre assuntos outros, em quem elas iriam votar para
presidente. A resposta sorridente e quase envergonhada foi: “Vou votar no
COLLOR”.
Mais atrevido ainda, visto que votei e fiz campanha para
LULA, perguntei qual o motivo que as levou a definirem-se por aquele candidato.
A resposta mais envergonhada e quase escondida entre dentes e olhares entre si
foi: “É porque ele é mais bonito que o LULA”.
E foi assim também pelo país todo. Pessoas votando apenas
pela aparência de um candidato. Em 1994 ocorreu de forma similar, também no
âmbito presidencial, entre FHC e LULA. Eu perguntei a uma senhora que estava
sentada numa cadeira sob um quadro de Jesus pendurado na parede em quem ela
iria votar para presidente. Ela respondeu sem pestanejar: “Vou votar em
FERNANDO HENRIQUE”.
Por quê? Ela respondeu: “Não voto em homem com barba, eles
não prestam”. E eu passando a mão na minha barba dirigi meu olhar para o quadro
de Jesus sem dizer mais nada. Porém ela percebeu o meu olhar e minha intenção e
retrucou: “Mas esse homem aí é diferente”.
Em 2004, aqui mesmo em nossa cidade, um número expressivo de
eleitores votou baseado em sentimentos de pena, de emoção primitiva (aquela que
dificulta a compreensão racional do sentimento) e elegeu e reelegeu um prefeito
que fez campanha exclusivamente baseado no apelo emocional do pobrezinho, do
semi-analfabeto, do coitadinho, do negro pobre...
A história serve para aprendermos com os fatos. Quando os
fatos nos servem como parâmetros, para o bem ou para o mal, somos capazes de
agir de forma a não repeti-los ou repeti-los de acordo com as conveniências.
Mas podemos utilizá-los para educar ou orientar.
Em Floriano, em 2012, nesta campanha para prefeito, tenho
ouvido pessoas, principalmente mulheres, definindo seus votos baseadas em
critérios absolutamente destituídos de qualquer racionalidade, posto que a
razão deve ser um dos critérios para nos orientar na tomada dessa decisão: o
voto para prefeito ou vereador. E por quê?
Não somos só razão. Somos também sentimentos e emoções. Mas
quais desses atributos humanos devem nos orientar melhor rumo às decisões que
exigem de nós planejamento, objetivos, cálculos específicos, escolhas técnicas...
?
Votar exige de nós uma identificação de ideias, objetivos,
escolha de prioridades, ideologias que irão fundamentar as nossas vidas no âmbito
social. Isto não se deve fazer baseados em emoções primitivas ou sentimentos
estéticos libidinosos. Quando se escolhe os critérios baseados nisto as
consequências sociais das escolhas são pavorosas, revoltantes, finalizadoras.
Exemplos: da eleição do mais bonito em 1989 resultou o impeachment
por corrupção de COLLOR. Da eleição do imberbe de 1994 resultou na política de
exclusão social, concentração da riqueza, da formação de impérios econômicos
dantescos à economia popular. São as consequências mais aparentes da escolha do
tipo libidinosa.
Em Floriano foi eleito o prefeito mais incompetente da
história da cidade, o pior prefeito que esta cidade já teve e que sem nenhum
prepara intelectual e técnico levou a nossa cidade à situação deplorável em que
se encontra hoje: lixo, mato, sujeira, buracos, esgoto de fossas a céu aberto,
malfeitos, denúncias de corrupção feitas pelos órgãos fiscalizadores...
O que se espera dos outros cidadãos é que tenham consciência
que seus erros político vão afetar diretamente a vida de toda a cidade. O que
se espera é que as novas gerações aprendam com os erros do passado. E que os
erros sejam colocados no nível das ações que nunca mais deverão ser praticadas.
Ou, pelo menos, evitadas.
Vamos todos votar baseados em critérios sérios, racionais e
com consciência política coletiva. Esse negócio de votar no “bonitinho” é um
apelo irracional e prejudicial a toda a cidade. A história confirma o que estou
dizendo.
Não vamos repetir os erros que legaram para todos nós
presidentes e prefeito incompetentes e incapazes de justificar a escolha libidinosa
no campo das decisões políticas.
"A história se repete, a primeira vez como tragédia e a
segunda como farsa." (KARL MARX).
3 comentários:
Prof, Jair muito bom esse texto... Refletir...
Refletir...Refletir...
Prof, Jair muito bom esse texto... Refletir...
Refletir...Refletir...
Vai me desculpar a palavra Professor, mas este texto ai ta FOD#!!! Nossa!!! PARABENS...
João Paulo
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