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quinta-feira, 7 de abril de 2011

VIOLÊNCIA: SOLUÇÃO PELA VIA DA CIDADANIA - I.

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O Meritíssimo Juiz de Direito NOÉ PACHECO proferindo sentença ao final do último julgamento que participei como jurado. O julgamento, pelo menos para mim, de todos os casos que já participei fica fácil após a condução correta, segura e esclarecedora de todo o processo feita por ele.

Foto do blog: Agente 190.

O Filósofo espanhol JULIÁN MARÍAS (1914-2005), ao falar sobre a nossa falta de preocupação na convivência com problemas, diz, grosso modo, que as consequências podem ser drásticas. Apoiado nele o Filósofo brasileiro DERMEVAL SAVIANI diz que a atitude do homem diante de problemas deve ser de consciência da existência deles (seja qual for) – decorrente de conscientização exterior ou interior.

Diante do problema a atitude seguinte é de reflexão. Mas uma reflexão filosófica. Para que reflexão? Para compreender a origem, as causas do problema, quais as prováveis soluções, onde elas podem ser encontradas. Porque algo só é problema, como diz SAVIANI, “quando eu não sei a resposta e necessito saber”. Portanto, é questão de necessidade. Quando não podemos ter o curso de nossas vidas desobstruído em vista da existência de um problema.

Nessa situação necessitamos resolver o problema para que a vida possa voltar à normalidade. Então, saber que um problema é algo dramático, que emperra a nossa existência, é fundamental para que se sinta a necessidade de resolvê-lo - conscientização interior. É isso que fará o homem refletir, filosofar.

Estamos vivendo situação de violência cada vez maior em nossa cidade. Não estamos plenamente conscientes desse fato. E isso pode levar a um ponto tal de banalização que poderemos chegar à situação descrita, a seguir, por JULIÁN MARÍAS:

“Os últimos séculos da história européia abusaram levianamente da denominação problema; qualificando assim toda pergunta, o homem moderno, e principalmente a partir do último século, habituou-se a viver tranquilamente entre problemas, distraído do dramatismo de uma situação quando esta se torna problemática, isto é, quando não se pode estar nela e por isso exige uma solução.”

Estamos banalizando algo que não pode ser banalizado. Estamos tentando nos acostumar a conviver com algo com o qual não podemos conviver. Estamos deixando a violência chegar ao nível do insuportável e, assim, será mais dramático ainda sentir que não poderíamos ter deixado chegar ao limite.

Nos últimos meses a nossa cidade tem vivido várias situações de violência. Mas como nunca é diretamente com a gente nos comportamos como se fosse algo sem importância. Ou ao menos de pouca importância. E é aí que o acostumar-se pode fazer a nossa vida virar um inferno.

Ao invés de procurarmos uma solução estamos agindo paliativamente. Como? Evitando certos lugares. Saindo pouco de casa. Construindo muros mais altos. Eletrificando esses muros... Vamos “empurrando com a barriga”. Cada um na sua. Cada um tentando se proteger isoladamente. Será este o caminho que nos levará à solução do problema? Certamente que não.

Caso fosse, poucos atos de violência ocorreriam em Floriano. Mas não é isso o que vemos. E o pior: defrontados com os dados que se avolumam a cada mês reclamamos que autoridades não fazem o que deveriam fazer, ou fazem pouco. Mas quando intimados a compartilhar dos mecanismos de sanção social aos criminosos criamos as desculpas mais atoleimadas para não participar.

Quem comete crime deve ser punido, certo? E quem não clama por justiça diante de fatos violentos? Mas quem irá julgar aqueles que cometeram crimes? Ninguém sabe, ou não quer saber. Mas quer que seja punido. Como se julgador e criminoso fossem de outro planeta e tivessem de resolver entre si essas questões judiciais. E para incrementar a nossa indiferença agimos como se não tivéssemos nada a ver com isso.

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