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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O FILHO BASTARDO DE ESCULÁPIO E A MALA PRETA.

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Ana Flores é a cidade fictícia desse brasilzão em que ocorrem fatos como em tantas outras e da mesma natureza e magnitude. Me contaram mais uma que senti a necessidade de metamorfoseá-la aqui também. Os personagens também são fictícios já que numa cidade assim não haveria de ter personagens reais, pois não.
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São dois os personagens dessa pequena saga de corrupção. Um deles, e o principal, é um filho bastardo (e bote bastardo nisso) de Esculápio, deus da Mitologia grega responsável pela saúde e deus da Medicina. O outro é um dissidente da oficial profissão de banqueiro. Ora, se é dissidente do oficial, até que se oficialize, então não é legal.
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Estamos no campo da ilegalidade que envolve as ações, as palavras, os propósitos e a origem do que medeia a relação de ambos. É um terreno movediço, perigoso, arriscado, mas que atrai os malditos imorais e corruptos como as flores com pólen atraem as abelhas.
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O filho bastardo de Esculápio foi à capital do estado em que fica localizada a cidade de Ana Flores. Foi se socorrer com outro dissidente da bancaria oficial. Este mais musculoso e poderoso do que o personagem correlato dessa saga.
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O capo di tutti capi está com as mãos na cabeça sem saber o que fazer com todos os outros dissidentes da bancaria oficial que estão ameaçando através de cobranças nada educadas executarem as dívidas que o capo di tutti capi fez durante a última eleição que houve em Ana Flores.
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É assim: o capo di tutti capi pediu dinheiro emprestado para financiar a campanha de um candidato seu. Gastou todo o dinheiro e não conseguiu eleger o mala sem alça. Agora chegaram as faturas e a fonte de onde pretendia sacar todo o dinheiro para pagar as dívidas secou. Está seca, seca. Não há mais dinheiro nem mesmo para fazer as coisas mais básicas.
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Então, o filho bastardo de Esculápio voltou da capital com uma mala cheia de dinheiro. Foi ao dissidente da bancaria oficial de Ana Flores e mostrou a mala preta cheia.
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- Estou chegando e vim te pagar os juros da dívida total. Toma vinte mil. O restante vou levar a outra cidade cujo nome refere-se ao bom filho de Deus. Os cobradores de lá estão exaltados e podem pôr tudo a perder, principalmente se vier a público que há essa dívida e as autoridades vierem a tomar conhecimento. Então vou lá e boto um pouco de dinheiro nas mãos dos bestas e ele ficarão calados por um bom tempo. Disse o filho bastardo de Esculápio.
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O dissidente da bancaria oficial comentou: - Então, você parece muito orgulhoso por ter credibilidade para carregar tanto dinheiro do capo di tutti capi. Mas tudo já deve estar com o destino rubricado, não é?
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- Isso mesmo, disse o filho bastardo de Esculápio. Não há como eu mexer aqui sem que o capo di tutti capi fique sabendo de um jeito ou de outro. Na verdade sou apenas um mala preta. Um carregador de dinheiro sujo. Sou um farsante. Um merda mesmo.
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- Mas muito fazem o que você está fazendo sem ter a menor cerimônia. Além do mais você faz parte e se beneficia do esquema, por isso deveria se sentir orgulhoso de ser o responsável por causa tão nobre. Falou o dissidente da bancaria oficial.
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- É, mas se eu for flagrado com essa mala preta de dinheiro sujo? Como vou explicar? Como vou justificar? Isto aqui é dinheiro sujo e como tal deve ficar assim, pois nem mesmo o capo di tutti capi tem como explicar isso tudo se acaso eu for pego. Disse o filho bastardo de Esculápio.
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Bom, ao cabo dessa história fica uma certeza: a cidade de Ana Flores serve a esses corruptos canalhas apenas como um balcão para a troca de favores sujos. A cidade é apenas um meio de legalização da roubalheira toda. Parece contraditório, mas é assim mesmo. A cidade tem retirada de si a sua riqueza e em si mesma esse roubo é legalizado através de mecanismos que o capo di tutti capi conhece como ninguém.
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Pobre Ana Flores. Pobre dos anaflorenses.
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Vivas ao capo di tutti capi e ao filho bastardo de Esculápio.
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E a deusa Nêmesis fica calada sem ver nada, sem falar nada. por quê?
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