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terça-feira, 9 de março de 2010

REMINISCÊNCIAS.

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Ruínas do jardim de ACADEMUS (herói grego) onde funcionou a Academia (nome em sua homenagem) de PLATÃO.
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Busto de ARISTOCLES, que segundo DIÓGENES LAÉRCIO, recebeu de SÓCRATES o apelido de PLATÃO - etimologicamente: aquele que tem os ombros largos, ele foi atleta e recebeu condecorações em Olimpíadas e tinha porte atlético, daí o apelido.
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Aos quarenta anos de idade, de volta a Atenas após visita à Itália, PLATÃO funda às portas da cidade, perto de Colona, aquilo que depois seria considerada a primeira Escola de Filosofia aberta realmente a alunos. Uma espécie de Universidade com estatuto jurídico, com regulamento, com orçamento de receita e despesas, com alojamentos, segundo LÉON ROBIN. Lá se ensinava Matemática, Filosofia e a arte de governar as cidades segundo a justiça. Ensinava PLATÃO que o governante justo é aquele que entende que "a lei não se preocupa em assegurar uma felicidade excepcional a uma classe de cidadãos, mas procura realizar a felicidade da cidade toda" - República.

O projeto educativo de PLATÃO traçava o caminho para a formação do homem equilibrado, maduro, sábio e feliz. E assim formava-se também o cidadão, que era seu projeto político. Cidadão e cidade estão numa relação dialética de causa e efeito mútuos. Não há como pensar educação pessoal fora da realidade política formadora. Não há como pensar reforma social ou política senão através de uma ação educativa pessoal - TIAGO ADÃO LARA.

PLATÃO, mais do que qualquer outro, sabia que o homem só se humaniza, só vem a ser o que deve ser, pela educação e pela cultura. Todos os homens são prisioneiros da ignorância enquanto não se educam, libertar-se da ignorância significa educar-se - ROLAND CORBISIER.

Ele acreditava que o homem só estaria intelectualmente pronto aos 50 anos de idade.

Os iluministas, na modernidade, criaram a metáfora da luz como conhecimento em contraposição à ignorância como escuridão, treva. O conhecimento é a base sustentável e transformadora da ação humana. Sem conhecimento científico e filosófico não há transformações.

"O iluminismo é a saída do homem de um estado de menoridade que deve ser imputado a ele próprio. Menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio intelecto sem a guia de outro. Imputável a si próprios é esta menoridade se a causa dela não depende de um defeito da inteligência, mas da falta de decisão e da coragem de servir-se do próprio intelecto sem ser guiado por outro. Sapere aude!1 Tenha a coragem de servir-te da tua própria inteligência! – é, portanto, o lema do Iluminismo." – I. KANT (1724-1804): Resposta à pergunta: o que é o Iluminismo? (1784).

Pode-se objetar afirmando que essa ideologia perdeu-se em instrumentalismos, mas cito também ADORNO e HORKHEIMER para dizer que sou contra a exacerbação dessa ideologia: "O Iluminismo no sentido mais amplo de um pensar que faz progressos sempre perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e de fazer deles senhores... O programa do Iluminismo era o de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular a imaginação, por meio do saber... O entendimento que venceu a superstição deve ter voz de comando sobre a natureza desenfeitiçada".

O saber não pode ser posto numa objetivação funcionalista, porque daí deriva o controle do conhecimento por parte restrita de uma elite para poder se beneficiar dos benefícios, de forma exclusiva, do conhecimento. Vejo, particularmente, que numa visão dialética esse controle se perde no meio das tramas das relações democráticas do acesso à educação.

Saber e Poder estão dialeticamente relacionados. Desse modo o saber conscientiza para o poder e para o exercício do poder. Numa posição funcionalista, o saber é colocado, de forma subjugada, a serviço do poder. Nesse sentido o saber se submete ao poder e passa a ser seu instrumento de dominação. Resumi assim, neste parágrafo, o pensamento de JOSÉ SILVÉRIO BAIA HORTA.

Neste século o Filósofo, Sociólogo e Educador francês EDGAR MORIN afirmou que entramos no tempo do conhicimento como condição indispensável para a ação humana. Mas não um conhecimento qualquer (senso comum, mítico, religioso), e sim a Ciência e a Filosofia. Desse modo viver significa aprender como viver num mundo em que o pré-requisito é o conhecimento. Século XXI, a Sociedade do Conhecimento.

Reafirmando esse caminho PETER DRUCKER diz: "O Conhecimento não reside em um livro, em um banco de dados, em um programa de software: estes contêm informações. O conhecimento está sempre incorporado por uma pessoa, é transportado por uma pessoa, é criado, ampliado ou aperfeiçoado por uma pessoa, é aplicado, ensinado e transmitido por uma pessoa e é usado, bem ou mal, por uma pessoa. A sociedade do conhecimento coloca a pessoa no centro, e isso levanta desafios e questões a respeito de como preparar a pessoa para atuar neste novo contexto."

E assim também, resumidamente, JACQUES DELORS afirma: Em face aos múltiplos desafios do futuro, a educação surge como um trunfo indispensável à humanidade na construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social... A educação nos conduzirá a um desenvolvimento humano mais harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão social, as incompreensões, as opressões, as guerras...

A partir dessas constatações e do entusiasmo desses pensadores - e dos reveses que passou a humanidade - ainda vivemos tempos em que a educação não é um valor presente na consciência de grande parte da humanidade, e no plano local, apesar de Floriano ser uma cidade com uma capacidade educacional superior em vários aspectos na região, ainda temos muita gente que não valoriza o saber como instrumento para a ação qualificada. Ainda falta muito tempo para chegarmos ao entendimento razoável sobre este assunto. Pois do contrário os eleitores de Floriano teriam escolhido um prefeito com o mínimo de conhecimento e competência para o exercício de sua função.

Segundo estudo feito pela ONG Transparência Municipal 43,95% dos atuais prefeitos do Brasil possuem curso superior. Essa pesquisa mostra que a "proporção cresce à medida que aumenta a faixa de população, indo até o grupo de 201 mil a 500 mil habitantes, no qual 77 dos 92 prefeitos têm curso universitário completo, equivalente a 83,69%."

Algumas pessoas objetam esse meu discurso dizendo que um prefeito não precisa ter curso superior, basta que ele esteja cercado de pessoas capacitadas para auxiliá-lo. É um argumento fraco. Fraco. Pois o prefeito de Floriano está cercado de alguns assessores capacitados e mesmo assim a nossa cidade está lamentavelmente destruída pela sua incompetência. Não basta só ter pessoas capacitadas ao seu redor, é necessário mesmo que a pessoa tenha a mínima noção do que está fazendo.

Nesse caso os meus argumentos vencem os dos opositores, pois além da cidade está destruída pela sua incompetência a população já percebeu isto. Esta percepção está sendo demonstrada até com vaias em praça pública, como ocorreu neste último carnaval. O prefeito foi estrondosamente vaiado. Mais de uma vez. Quando se fala na possibilidade dos eleitores votarem em candidatos apoiados por ele, a rejeição é imediata e quase total, tenho percebido isso.

Precisamos entender que o conhecimento é a base de qualificação das nossas ações. Precisamos entender que uma cidade do porte de Floriano não pode eleger pessoas sem qualificação intelectual e técnica para administrá-la. E isto não é discurso de tecnocrata, não. É a conclusão de um raciocínio embasado num valor que desde a antiguidade vem sendo requerido como fundamental para o melhoramento de nós mesmos e de nossa vida na cidade.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Li o edital, Jair, mas a cúpula coordenadora do concurso não gosta de mim, então fica muito complexo para eu fazê-lo. No concurso anterior, fiz um verdadeiro artigo científico, no entanto me reprovaram. Antonio Jose