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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

ESPÍRITO DEMOCRÁTICO OU DISCURSO DE ESPÍRITO DEMOCRÁTICO?





Os gregos antigos viviam na Pólis, a cidade politicamente organizada com suas instituições. Aqueles que podiam participar da vida da Pólis eram chamados de politikós. A prática dos politikós era a política. Os cidadãos eram educados para participar das decisões nas assembleias através de um processo educacional para o exercício próprio dessa prática.

Espírito político era um pressuposto fundamental, portanto. Na democracia grega o espírito político democrático levava os politikós (políticos) à Ágora para exporem seus pontos de vista, seus valores, objetivos com a finalidade de transformá-los em ações para todos através dos discursos e votações.

Quero dizer com isso que para viver numa democracia há de existir necessariamente o espírito democrático. O jogo depende essencialmente da presença dele nas relações políticas. Sem ele há o autoritarismo, despotismo, autocracia.

Os atores do jogo político têm de saber, de antemão, que o poder será exercido pelo grupo que conseguiu agregar mais força (aliados) em torno de um projeto em busca de realiza-lo no exercício do poder. O grupo que venceu o jogo democrático irá exercer o poder, e só ele. Os grupos envolvidos no jogo pelo poder que perderam se posicionarão como oposição ao que ganhou. Isto é o lógico, o básico, o evidente.

Quem não possui o necessário espírito democrático para participar do jogo de “dar e pedir razões” na Ágora tende a não aceitar que o adversário tem mais força e também melhores qualidades, argumentos, projetos, experiências, propostas e, portanto, não reconhece o adversário como vencedor.

É a negação do espírito democrático. É a inabilidade para conviver com os diferentes. É a prepotência de querer impor-se para além do desejo da maioria sem se importar se o que deseja particularmente não seja exatamente o que os outros querem.

Para isso utilizam de todos os artifícios disponíveis para tentar desvalorizar a vitória do vencedor. O derrotado, assim, se torna um zumbi que baila pelas vias das instituições em busca de impor-se para além da escolha da maioria. É terrível, mas é isso o que acontece. Não há espírito democrático nessa atitude. Ela, atitude, em si mesma é a mais inequívoca, mais evidente demonstração da falta de educação para a vivência democrática.

Não basta colocar no discurso a existência do espírito democrático. É necessário ir além e mostrar com atitudes democráticas a existência do mesmo ao desejar o poder, mas também ao mesmo tempo estar preparado para perder o jogo de “dar e pedir razões”. Sem isso há apenas um discurso oco e que não convencerá nunca os cidadãos.

Ficará para sempre a indelével marca da falta de “esportividade” que em sentido amplo é a falta de espírito democrático. Além da deselegância de não ser capaz de reconhecer que as suas qualidades, argumentos, projetos, experiências, propostas que colocou para a Pólis não eram as que os politikós desejavam. E sim as do adversário.  



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