LOCALIZAÇÃO DE LEITORES


web site estatísticas

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

KLÉPTEIN, UM PARVO PLANTADOR DE LARANJA .



Viúva tosquiando um laranja. (Imagem da Internet).  


Minha cidade fictícia favorita, Ana Flores, é pródiga em narrativas políticas. As histórias de lá são do arco da velha e, por isso, todos os personagens e as situações por eles protagonizadas são meras criações fictícias e qualquer relação existencial com alguma cidade verdadeira ou personagens reais terá sido mera coincidência. Veja mais uma.

Em Ana Flores há um prefeito, como em toda cidade comum, chamado BRANDO. Ele é parvo, avarento e violento e tem um apelido, "kléptein". Para psicologicamente suplantar a característica da parvoíce contrata capangas para fazerem seus mandos autoritários e ilegais.

Certa vez ele mandou os capangas, todos armados com armas de grosso calibre e agindo como bandoleiros, arrancarem um Judas de um poste porque havia seu nome escrito nele. Uma singela e irônica homenagem dos moradores do bairro. Mas esse fato já dá uma demonstração de sua índole violenta e sanguinária.

Porém a história de hoje é mais complexa porque envolve um pouco de abstração. Não sei como ele conseguiu protagonizar visto ser um parvo de primeira linha, de alto coturno. A história envolve um laranja que é o tipo que faz as coisas ilegais por ele. Os bandoleiros fazem as autoritárias e violentas.

BRANDO, ou Kléptein, chamou uma pessoa para ser seu laranja numa empresa que revende e aluga carros. O acordo foi fechado verbalmente entre as partes e o laranja formalizou a empresa. Cada um seria dono de metade da laranja, quer dizer, da empresa.

Mas o laranja morreu num acidente. Essa possibilidade não tinha sido aventada entre as partes, é claro, pois ambos são de meia idade. Sabendo da notícia BRANDO começou a comentar entre amigos íntimos, muito íntimos, sobre a viabilidade de enviar um mensageiro para falar en passant sobre a sociedade de ambos com a viúva do laranja.

Todos foram contra a proposta e a melhor solução seria ele mesmo, Kléptein, ir diretamente falar com a viúva.

Certo que teria uma recepção calorosa visto serem amigos, pois era evidente para a viúva que o laranja sozinho nunca poderia ter aberto tal negócio, BRANDO chegou contrito. Então um sócio oculto haveria de ter para por racionalidade em tão repentino sucesso comercial. E eis que ele apresenta seus pêsames e começa uma conversa de cerca Lourenço. A viúva se fazendo de desentendida pediu que ele fosse direto ao ponto, já que estava aflita com a situação.

BRANDO foi explícito: “Quero minha parte do negócio”. A viúva que de boba não tem nada exclamou: “Você tá pensando que sou burra. Esse negócio é do meu marido, então, agora é meu. Onde estão os documentos que lhe garantam legalmente parte da sociedade?”

BRANDO ficou com cara de parvo perante a reação inesperada da viúva. Mas a expressão de parvoíce estava além da cara de costume, estava parvo ao quadrado. Não acreditava no que estava ouvindo. “Teria coragem essa mulher de passar a perna no trouxa aqui?”, se indagou Kléptein.

Entretanto ele insistiu nos termos da conversa e tentou falar asperamente impostando um tom de voz que lhe é estranho devido a característica da parvoíce. Apesar disso a viúva encerrou a conversa dizendo que BRANDO fosse à Justiça procurar seus direitos já que se achava prejudicado com a atitude inesperada dela.

Ele saiu de lá com a cara no chão contabilizando mais um prejuízo em sua vitoriosa carreira de cleptomaníaco, pois em outra circunstância havia sido traído por um ex-motorista que lhe surrupiou cerca de 200 mil dinheiros de Ana Flores que BRANDO havia esquecido no banco de trás do carro.

Triste para ele, pois tanto dinheiro roubado e desperdiçado assim sem poder ter o gostinho de usufrui-lo. A única oportunidade de ficar rico na vida dele sendo prejudicada assim por uma viúva metida a esperta. Uma vez que BRANDO não tem profissão conhecida e nunca trabalhou na vida.

Não podia ser. Aquilo não estava acontecendo. Era inacreditável tamanha traição. Logo ele que sempre foi um afetado em todas as circunstâncias com os amigos íntimos. O que deve fazer BRANDO? Enviar os bandoleiros para dar "um jeito" na viúva?

Todavia, levando a cabo essa ação sanguinolenta, a herança ficaria com os filhos do laranja que são menores e seriam tutelados por parentes. A coisa ficaria mais complicada ainda. E Kléptein não é dado a pensar em coisas complicadas já que, não esqueçamos, é um parvo de primeira grandeza.

Poderia ir à delegacia e denunciar a viúva metida a esperta por roubo. Mas como justificar tal sociedade? Como justificar a origem do dinheiro? Como explicar os motivos que o levaram a não formalizar a sociedade?

É BRANDO, você é mesmo um parvo e vai morrer parvo. Apesar de ser um autoritário sanguinolento cercado de bandoleiros.     



    

Nenhum comentário: