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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

FANTOCHE, DIABO, PEPEU E RENATO NO CAMINHO DE MINHA HIPÓTESE.





Fantoche é um rábula que, por ser fantoche, disse, como tantos outros, que tenho instintos bestiais. Impossível não prestar atenção e buscar entender o objetivo intencional e significativamente sagrado empregado nesse epíteto que ele estupidamente tentou colar em mim.

Logo ele que cultiva organicamente uma relação imbricada com Satanás. Tanto é assim que já foi ver com ele por três vezes, até onde sei, atendendo ao chamado do Coisa Ruim. Pois, até onde informa o sagrado, Lúcifer envia recados àqueles com os quais mantém uma relação de confiança, privacidade, intimidades de todas as ordens. E o Medonho já o chamou para conversar alertando do acordo que ambos mantêm. O chamado é feito pelo risco de morte do elemento.

Pois bem, nas conversas eles fizeram um acordo para cooptar mais gente para a ordem do Cramulhão. Pelo indicativo desse tipo de relação e buscando entender os aspectos mais idiossincráticos que podem justificar essa união me ocorreu o discurso de Aristófanes no banquete na casa de Agatão, relatado por Platão.

Disse o dramaturgo grego sobre a origem do amor erótico: “É então de há tanto tempo que o amor de um pelo outro está implantado nos homens, restaurador da nossa antiga natureza, em sua tentativa de fazer um só de dois e de curar a natureza humana. Cada um de nós portando uma téssera complementar de um homem, porque cortado com os linguados, de um só em dois; e procura cada um o seu próprio complemento.”

Desse modo, ele explica que “no início os seres eram duplos e esféricos, e os sexos eram três, um deles constituído por duas metades masculinas, outro por duas metades femininas e o terceiro, andrógino, metade masculino, metade feminino”. Zeus os teriam castigado por terem o desafiado. Daí a  justificativa de busca e aproximação entre as partes divididas formando os casais eróticos que conhecemos: homem com mulher, mulher com mulher e homem com homem.

De tão próximos que são (o Fantoche e o Tinhoso) depreende-se que as partes masculinas originais estão se buscando constantemente mesmo que o fantoche não queira ir definitivamente dessa dimensão para a dimensão de Satã, pois há uma outra parte masculina, na dimensão em que está vivendo o Fantoche burro, que o atraiu e estão formando a parte esférica masculino e masculino. Aquele por quem o fantoche vomita palavras imbecilizantes.

Para confirmar minha hipótese trago para esta interpretação versos proferidos pelo cantor e compositor baiano Pepeu Gomes quando este buscou justificar suas preferências sexuais a partir da indeterminação sexual de Deus: “Se Deus é menina e menino / Sou Masculino e Feminino...” Por que não?

Há um comercial na TV de um disco de um padre em que o mesmo declara mais ou menos assim: “Deus fez tudo isso”. Ora, “tudo isso” é tudo o que existe. O Belzebu existe, segundo o sagrado, então Deus o fez também. Se Deus não possui identificação sexual, como diz Pepeu Gomes, então o Capeta possui a mesma indefinição a que Renato Russo se refere ao dizer “E eu gosto de meninos e meninas”.

O que o Capiroto quer é levar mais e mais gente para a comunidade dele. Nesse caso, procurou a sua parte apartada por Zeus e o encarregou de manchar a honra alheia de modo vil e sedento. Ambos são metades da mesma laranja. Laranja!

O Cão mora no inferno. O inferno é o contrário do céu. Se o céu fica lá em cima como diz o sagrado, então, por exclusão, na linguagem binária que empreguei aqui na minha hipótese, o inferno fica lá em baixo, na barisfera. O Demo mora lá. Para lá tendem aqueles que ele mais preza e deseja.

Então é por isso que quando vejo o Fantoche andando percebo que ele tende para baixo. Ele anda torto com inclinação para baixo. É natural que seja assim, pois seu corpo está tentando se juntar à sua parte apartada e que fica lá embaixo, na barisfera, na casa do Senhor do Inferno.

Tomara que na próxima vez que o Fantoche for se ver com o Rabo de Seta ele fique por lá de vez. E que não demore muito, pois eles têm muito que conversar e se amar. 


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