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segunda-feira, 7 de março de 2011

FOME, DOENÇA TERMINAL.

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Há algum tempo dois estudantes de Engenharia estavam na quitinete que moravam num “famoso” prédio no centro de Fortaleza. Um deles se queixou que estava passando mal. O outro pediu que se acomodasse melhor pra ver se o mal passava.
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Temeroso de não saber que consequências adviriam se prolongasse ainda mais a posse do mal, o doente partiu para a radicalização: “Vamos ao IJF, agora”. IJF vem a ser o maior hospital de emergência e urgência do Ceará. Para lá vão todos os casos de maior complexidade e aqueles em que o risco de morrer é bastante evidente.
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- Mas fazer o que no IJF? Perguntou o amigo socorrista.
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- Estou passando mal, muito mal. Não estás vendo? Evidenciou o grave doente.
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Passados alguns minutos o doente voltou a insistir, agora com a agravante que não estava enxergando mais nada. Tudo estava escuro, turvo como as perspectivas dos graves sintomas denunciando uma doença incurável e fatal.
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Enfim, foram ao IJF a pé, pois a quitinete ficava apenas poucos quarteirões de lá. O doente sempre resmungando e se mal dizendo da sorte, pois era muito novo e tinha um futuro pela frente. O pessimismo já tinha tomado conta de todas as perspectivas.
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Já no setor de emergência e urgência foram atendidos pelo médico de plantão.
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- O que você está sentindo? Perguntou o plantonista.
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O doente pessimista e em estado terminal, tamanha era a desilusão, disse todos os sintomas que estava sentindo desde o começo do entardecer.
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O médico perguntou qual a profissão dele e seus hábitos e sobre doenças hereditárias. Ao negar as possíveis hipóteses que poderiam levá-lo a ter as doenças que poderiam ter provocado tais sintomas, o médico desistiu e partiu para o elementar.
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- Você já se alimentou hoje? Quis saber o médico.
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- Já sim, senhor. Respondeu altivamente o doente quase terminal.
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- O que comeu no café da manhã? Insistiu o médico.
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- Um chapeado (é como se chama, em Fortaleza, uma bengala na chapa só com margarina e um café pingado). Respondeu sem muita convicção o doente.
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-E no almoço? Prosseguiu o médico no seu corolário de perguntas.
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- Um chapeado também. Resignou-se o estudante de Engenharia que, nas suas perspectivas, estava preste a morrer de doença terrível.
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O médico olhou pra ele e disse: “Então podem ir pra casa, você está é com fome”.
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Esta história é real. Omiti os nomes para não lhes dá o motivo de ter as minhas reveladas, pois não. Agora, imaginem essa história sendo revelada em meio a um almoço com as famílias dos engenheiros reunidas (filhos, filhas, esposas...)
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4 comentários:

Antonio José Rodrigues disse...

A vida de estudante, Jair, era duríssima, no entanto, hoje, a universidade está dentro de casaa, mas tem-se poucos estudantes, a maioria é "estudante". Abraços

JAIR FEITOSA disse...

Olá AJRS.

Certo dia eu disse que quem quiser estudar no IFPI um curso superior com qualidade reconhecida seria bem-vindo. Caso contrário haveria muitos outros cursos por aí.

Andaram dizendo que eu estava desdenhando das outras instituições e cursos. Digo que comentários desse tipo sobre o que eu disse são simplesmente apressados e superficiais.

O que eu disse foi que quem quer estudar mesmo deve ir lá. Quem não, pode ir a qualquer lugar. Digo isso em vista de muita gente chegar lá e pensar que vai logo garantir o diploma com a sua matrícula. Nesse caso vai sofrer decepções mil.

Então, naquela época de pouco espaço para ir além do dinheiro contado mensal os que ultrapassavam os limites da mesada passavam fome mesmo. Mas porque não faziam o que precisavam fazer para se alimentar bem. Ou seja, gastavam com cachaça o dinheiro.

Aí, no final, ficavam "doentes".

Obrigado por participar.

Jair Feitosa.

Airton Freitas Feitosa disse...

Jair,

Recentemente estive com os dois atores razão do seu texto! Ambos passam muito bem.

Um abraço sincero,

Airton Freitas Feitosa

JAIR FEITOSA disse...

Olá Airton.

Essas peças são da pesada. Hoje estão no bem bom, mas naquele tempo...

Um abraço e obrigado por participar.

Jair Feitosa.