Com o advento da urna eletrônica ficou descartado o voto de protesto escrito na cédula de votação. Mas o viés do protesto permaneceu como haveria de permanecer na consciência democrática e do regime político. Assim, não se pode mais votar escrevendo o nome daquele que encarnaria o protesto, mas se pode escolher um candidato que seria tudo aquilo que um bom político não deve ser.
Votando no antipolítico as pessoas jogam as suas cartas na mesa e dizem: um político deve ser preparado intelectual e culturalmente, deve ser um humanista, deve ser honesto, íntegro, honrado, tenaz, perspicaz. Mas como os que exercem o poder estão caminhando rumo ao escárnio, à roubalheira, ao cinismo, à arrogância, e como não temos como apeá-los do poder por causa do jogo democrático e das intermináveis filigranas da justiça que eles mesmos criaram, então só resta ao povo protestar através da ironia votando deliberadamente no antipolítico para mostrar a insatisfação.
Sem querer ser trágico, mas é como aquele monge budista que luta pela libertação do Tibet do jugo da China e ateia fogo ao próprio corpo . Melhor seria queimar o Governo chinês, não é? Mas aí seria criminoso. Então, ele se auto imola em prejuízo de si mesmo, porém em defesa de sua causa.
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