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O presidente do PSDB, SÉRGIO GUERRA, disse que se SERRA (foto) for eleito presidente do Brasil neste ano eles vão fazer uma faxina nas políticas públicas implementadas pelo governo LULA. Então, aguenta aí, se esta desgraça acontecer: PDV (Plano de Desligamento "Voluntário"), PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), Privatizações... SERRA é de Direita e não escondia isso de ninguém. Agora que este termo está desgastado (e tudo o que ele representa) ele virou a esquina e anda dizendo que é de esquerda. Leia o texto abaixo do Filósofo PAULO GHIRALDELLI JR. e saiba mais sobre este assunto. É imperdível para quem deseja ter uma posição sustentável sobre o assunto.
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A DURA TAREFA DE TRAVESTIR SERRA SEM COLOCAR PERUCA
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Finalmente a idéia de que há esquerda e direita voltou à imprensa para valer. No mundo todo a terminologia vinda da Revolução Francesa já havia se fixado novamente, após o interregno dos anos noventa. No Brasil, no entanto, havia aqueles que ainda perguntavam se existia ou não esquerda e direita. Em 2005, a “crise do PT”, então envolvido no “mensalão”, atrasou a volta desses termos. Mais recentemente, empurrada pelo noticiário internacional, nossa imprensa retomou esses nomes, e até a uma semana atrás isso não estava confundindo ninguém. Ao contrário, as coisas estavam ficando mais claras. Até porque as declarações e movimentos do candidato da oposição, José Serra, estavam todas pesando pelo lado conservador, deixando para Lula e a candidata da situação, Dilma, a posição progressista.
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Todavia, parece que mais uma vez as pessoas que estavam felizes por poder se declarar de direita vão ter dificuldades de encontrar palanques. Elas podem não ser convidadas para subir nos de Serra. Isso porque os articulares da campanha do PSDB estão convencidos que a terminologia esquerda e direita não só voltou para ficar, mas, mais que isso, ela recuperou o mesmo sentido de antes dos anos noventa: a direita é vista como anti-povão e a esquerda é vista como pró-povão. Assim, segundo a cúpula de sua campanha, José Serra pode não conseguir se eleger no segundo turno, caso o seu projeto se mantenha identificado com o de FHC, tido agora como privatista e recessivo.
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É triste para FHC, mas a cúpula de seu partido quer fazer uma campanha dizendo que Serra é a esquerda e que o PSDB de hoje é verdadeiramente social-democrata, e não mais neoliberal, nomenclatura que caiu nas costas de FHC, ainda que conceitualmente errada – um erro não mal intencional da esquerda, mas que, enfim, terminou por beneficiá-la. FHC vai ter de engolir, então, um Serra que, segundo a cúpula de sua campanha, aparecerá mais aguerrido à esquerda, negando vínculos com o projeto do até pouco tempo “senhor do partido”, e também se desvinculando de figuras na imprensa que, até então, posavam de conservadoras e de direita sem qualquer constrangimento, certas que gozariam de prestígio do governador. Isso, segundo a cúpula do PSDB, acabou.
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Caso isso seja realmente seguido, jornalistas como Reinaldo de Azevedo e Mainardi, ambos da Veja, não vão ser convidados mais para fotos com o governador. José Neumanne, do Estadão, deverá também ser avisado a não aparecer tão serrista quanto é, nem mesmo ligado ao PSDB. Figuras como Alvaro Dias, visivelmente ligado ao grupo ruralista de Caiado, terá de diminuir suas declarações contra todo tipo de projeto progressista, como é de seu feitio. Ao fim e ao cabo, a direita terá de abaixar a cabeça, pois, no jogo maniqueísta do bandido e mocinho, que é como a política atinge muitas vezes as mentalidades mais simples, novamente a esquerda é o mocinho. Serra precisa aparecer como de esquerda ou não vai sair do patamar de adesão que possui. O PSDB teme que Lula, num segundo turno, tenha a mesma força de Vargas quando, lá se São Borja, apontou que seu candidato era Dutra, e elegeu então um homem inexpressivo. Lula pode fazer isso com Dilma? Como Serra já apanhou várias vezes do PT, ele, mais que qualquer outro, teme como ninguém a figura de Lula e das esquerdas. Ora, esse temor que vinha do passado, agora é triplicado, pois nunca antes o prestígio de um presidente, em ano eleitoral, esteve tão alto quanto este que Lula possui.
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A situação de palanque volta então a ficar incômoda para o PSDB. Agora não é mais o PT que precisa se livrar de grupos pequenos radicais. Esses grupos saíram do PT. Os “mensaleiros” que voltaram não incomodam eleitoralmente. O próprio partido já não significa mais nada sem Lula. Nunca antes Lula mandou tanto no PT como agora. O problema incômodo na montagem do palanque, agora, é do PSDB – como dizer para figuras do tipo de uma Regina Duarte ou de peças do tipo de uma revista Veja não sair por aí detonando Paulo Freire e tudo que há de popular no Brasil? Como chutar o jornal Estadão para fora da campanha do Serra? Como afastar malufistas e até cripto-fascistas dos arredores do PSDB. Como manter o próprio Fernando Henrique, que é visto pelos serristas como representado o conservadorismo, afastado do palanque da oposição. É difícil. Agora parece ser tarde!
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No passado, era fácil dizer para as pessoas mais conservadoras, que elas deveriam ficar em casa e não aparecer no palanque, pois iriam acabar se identificando com a direita política ou iriam terminar sendo identificadas como membros da direita. Mas, agora, quando as pessoas de direita já se acostumaram a se dizer de direita, sem medo, sem serem apontadas como hitleristas, de que maneira se pode falar para essas pessoas que elas voltaram, na brincadeira política da atualidade, a serem os bandidos? Elas vão entender? Elas vão se humilhar? Pode ser que sim, pode ser.
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Que a equipe de Serra vai rebolar, ah, isso vai sim. Não será nada fácil maquiar a coisa e convencer a população da frase, que deverá ser pronunciada por Serra, “a esquerda somos nós”. Você acredita que Serra conseguirá falar isso sem engasgar? E ainda que consiga você aposta que nós, os eleitores, vamos acreditar?
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Por: PAULO GHIRALDELLI JR.
Finalmente a idéia de que há esquerda e direita voltou à imprensa para valer. No mundo todo a terminologia vinda da Revolução Francesa já havia se fixado novamente, após o interregno dos anos noventa. No Brasil, no entanto, havia aqueles que ainda perguntavam se existia ou não esquerda e direita. Em 2005, a “crise do PT”, então envolvido no “mensalão”, atrasou a volta desses termos. Mais recentemente, empurrada pelo noticiário internacional, nossa imprensa retomou esses nomes, e até a uma semana atrás isso não estava confundindo ninguém. Ao contrário, as coisas estavam ficando mais claras. Até porque as declarações e movimentos do candidato da oposição, José Serra, estavam todas pesando pelo lado conservador, deixando para Lula e a candidata da situação, Dilma, a posição progressista.
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Todavia, parece que mais uma vez as pessoas que estavam felizes por poder se declarar de direita vão ter dificuldades de encontrar palanques. Elas podem não ser convidadas para subir nos de Serra. Isso porque os articulares da campanha do PSDB estão convencidos que a terminologia esquerda e direita não só voltou para ficar, mas, mais que isso, ela recuperou o mesmo sentido de antes dos anos noventa: a direita é vista como anti-povão e a esquerda é vista como pró-povão. Assim, segundo a cúpula de sua campanha, José Serra pode não conseguir se eleger no segundo turno, caso o seu projeto se mantenha identificado com o de FHC, tido agora como privatista e recessivo.
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É triste para FHC, mas a cúpula de seu partido quer fazer uma campanha dizendo que Serra é a esquerda e que o PSDB de hoje é verdadeiramente social-democrata, e não mais neoliberal, nomenclatura que caiu nas costas de FHC, ainda que conceitualmente errada – um erro não mal intencional da esquerda, mas que, enfim, terminou por beneficiá-la. FHC vai ter de engolir, então, um Serra que, segundo a cúpula de sua campanha, aparecerá mais aguerrido à esquerda, negando vínculos com o projeto do até pouco tempo “senhor do partido”, e também se desvinculando de figuras na imprensa que, até então, posavam de conservadoras e de direita sem qualquer constrangimento, certas que gozariam de prestígio do governador. Isso, segundo a cúpula do PSDB, acabou.
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Caso isso seja realmente seguido, jornalistas como Reinaldo de Azevedo e Mainardi, ambos da Veja, não vão ser convidados mais para fotos com o governador. José Neumanne, do Estadão, deverá também ser avisado a não aparecer tão serrista quanto é, nem mesmo ligado ao PSDB. Figuras como Alvaro Dias, visivelmente ligado ao grupo ruralista de Caiado, terá de diminuir suas declarações contra todo tipo de projeto progressista, como é de seu feitio. Ao fim e ao cabo, a direita terá de abaixar a cabeça, pois, no jogo maniqueísta do bandido e mocinho, que é como a política atinge muitas vezes as mentalidades mais simples, novamente a esquerda é o mocinho. Serra precisa aparecer como de esquerda ou não vai sair do patamar de adesão que possui. O PSDB teme que Lula, num segundo turno, tenha a mesma força de Vargas quando, lá se São Borja, apontou que seu candidato era Dutra, e elegeu então um homem inexpressivo. Lula pode fazer isso com Dilma? Como Serra já apanhou várias vezes do PT, ele, mais que qualquer outro, teme como ninguém a figura de Lula e das esquerdas. Ora, esse temor que vinha do passado, agora é triplicado, pois nunca antes o prestígio de um presidente, em ano eleitoral, esteve tão alto quanto este que Lula possui.
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A situação de palanque volta então a ficar incômoda para o PSDB. Agora não é mais o PT que precisa se livrar de grupos pequenos radicais. Esses grupos saíram do PT. Os “mensaleiros” que voltaram não incomodam eleitoralmente. O próprio partido já não significa mais nada sem Lula. Nunca antes Lula mandou tanto no PT como agora. O problema incômodo na montagem do palanque, agora, é do PSDB – como dizer para figuras do tipo de uma Regina Duarte ou de peças do tipo de uma revista Veja não sair por aí detonando Paulo Freire e tudo que há de popular no Brasil? Como chutar o jornal Estadão para fora da campanha do Serra? Como afastar malufistas e até cripto-fascistas dos arredores do PSDB. Como manter o próprio Fernando Henrique, que é visto pelos serristas como representado o conservadorismo, afastado do palanque da oposição. É difícil. Agora parece ser tarde!
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No passado, era fácil dizer para as pessoas mais conservadoras, que elas deveriam ficar em casa e não aparecer no palanque, pois iriam acabar se identificando com a direita política ou iriam terminar sendo identificadas como membros da direita. Mas, agora, quando as pessoas de direita já se acostumaram a se dizer de direita, sem medo, sem serem apontadas como hitleristas, de que maneira se pode falar para essas pessoas que elas voltaram, na brincadeira política da atualidade, a serem os bandidos? Elas vão entender? Elas vão se humilhar? Pode ser que sim, pode ser.
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Que a equipe de Serra vai rebolar, ah, isso vai sim. Não será nada fácil maquiar a coisa e convencer a população da frase, que deverá ser pronunciada por Serra, “a esquerda somos nós”. Você acredita que Serra conseguirá falar isso sem engasgar? E ainda que consiga você aposta que nós, os eleitores, vamos acreditar?
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Por: PAULO GHIRALDELLI JR.
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São Paulo (SP): 10/01/2010
São Paulo (SP): 10/01/2010
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Com um título desses, se fosse aqui em Floriano, esse Filósofo já estaria superlotado de processos. Mas aqui não é São Paulo. Nem ele é florianense. Que pena, não é?
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