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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

ANIMAIS SEMIDEUSES.




Quando soldados turcos derrubaram ontem um avião da Rússia que teria invadido o espaço aéreo da Turquia, um dos dois pilotos russos foi morto ainda no ar quando pairava em seu paraquedas por “soldados” da milícia turcomana Alwiya al-Ashar que lutam para derrubar o presidente da Síria, Bashar al-Assad. Essa milícia é uma espécie de Estado Islâmico quando se trata de direitos humanos e de morrer pela religião. Ou seja, são uns bárbaros.

No vídeo, “soldados” da milícia Alwiya al-Ashar apontam metralhadoras capazes de derrubar aviões na direção dos dois pilotos russos que se ejetaram do avião abatido pelas forças turcas. Nesse momento eles pairavam sobre uma região da Síria que está sob domínio dos milicianos. Um dos pilotos russos é assassinado ainda no ar. O vídeo termina com o corpo do piloto russo morto no chão e os milicianos gritando Allahu Akbar que significa “Deus é grande”. O outro piloto que também pairava em seu paraquedas conseguiu se safar e foi resgatado mais tarde pelo Exército sírio comandado por Bashar al-Assad.  

O que me interessa aqui é a questão ética envolta no ato bárbaro de matar alguém, mesmo numa guerra, sem condições de se defender.  Isto é crime de guerra e seus autores terão de ser punidos severamente. Nas convenções de Haia e Genebra que trataram sobre crimes e as condutas numa guerra, normatizaram os procedimentos e deram um aval minimamente ético numa situação que passa a existir quando parte significativa da ética já não existe mais: a guerra.  

A banalização do mal, de fala Hannah Arendt, ocupa outro espaço na mente daqueles que praticam tais atos, a meu ver. Pois quando o mal se banaliza a ponto de levar aqueles que cumprem ordens a praticarem atos bárbaros, como os soldados de Hitler, a convicção reside na compreensão de que estão cumprindo ordens, e não pensam, não discutem, não refletem sobre o que fazem, e não podem deixar de fazê-lo porque têm a responsabilidade de fazer a burocracia funcionar mesmo que ela seja uma máquina de matar inimigos. O que lhes foi ordenado será feito porque visam o cumprimento do dever e a aspiração às promoções e crescimento corporativo. Ou seja, não se sentem como praticantes do mal.

Já os fundamentalistas escondem as suas razões no lado mais escuro da mente porque pensam, refletem e discutem sobre a melhor maneira de fazer o que fazem. Não é que sejam burros, é que são conscientemente pré-determinados a fazer aquilo que têm de fazer metodicamente. Ou seja, eles sabem o mal que fazem e desejam fazê-lo cada vez mais sem banalizá-lo. E a recompensa é o paraíso supranatural. A promoção a que almejam não é dada por seu líder religioso, seu Califa. Mas por Deus.  Assim creem.

Quando o sujeito está num meio em que as regras o levam a agir violentamente, deveria agir mediado por sua moral que o poria conscientemente como capaz de decidir refletidamente sobre a melhor maneira de agir. É a saída apontada por alguns pensadores atuais.


“Não matamos vítimas indefesas... e jamais deixamos um companheiro desprotegido! Jamais! Mesmo em guerra, ainda somos homens... não animais!”, disseram Robert Kanigher e Joe Kubert. 

Os “soldados” da milícia fundamentalista islâmica síria já nos deixaram no campo solitário dos homens e foram para o campo dos animais. O nosso campo está cada dia mais se tornando menos povoado e menos sensível com a nossa condição de humanos. Eles são animais que querem ser deuses sem passar pelo caminho da humanização. 



sábado, 7 de novembro de 2015

MEA CULPA, TAMBÉM.




Acima, trecho da Rua 7 de Setembro completamente deteriorado. Há três anos que os moradores e transeuntes lidam com essa realidade inacreditável. Mas ano que vem tem eleição e tudo será consertado. Tenho certeza.



Já nestas fotos temos uma imensa cratera na Avenida Dirceu Arcoverde, Anel Viário. Precisa falar alguma coisa?


Se a cidade de Floriano tivesse uma fábrica de asfalto, o que já deveria ter há muito tempo, tenho certeza que o atual prefeito já teria contratado um empresa para operar as máquinas e, assim, todos os problemas de infraestrutura das ruas da cidade já estariam resolvidos.

Mas o que vemos em toda a cidade são problemas sérios de buracos, calçamento revirado, asfalto deteriorado e as pessoas tendo que se locomover com dificuldade. Em alguns casos, por terem de desviar de enormes buracos, alguns põem em risco o direito de trafegar de outros.

Tenho certeza que o atual prefeito, que é um homem sério e competente, com uma fábrica de asfalto em mãos, já teria resolvido todos esses problemas. O que espanta é que já se passaram três anos de seu mandato e quase nenhum problema estrutural da cidade foi solucionado. Só um ou outro, aqui e acolá. Resta apenas o quarto ano que, coincidentemente, é o ano que ele vai lutar para ser reeleito.

Uma fonte da prefeitura me disse que houve uma programação para o acúmulo de obras a serem executadas no último ano de mandato exatamente pautado na “experiência” de alguns “cientistas políticos” que asseguram que obras fora do período eleitoral não são levadas em conta, pelo eleitor, na hora de votar. Então temos um mandato de 4 anos condessado em 1.

Talvez eu tenha me enganado e tenha entendido outro discurso durante o período da campanha eleitoral passada. Pois não votei nesse projeto de poder. Votei no atual prefeito com a convicção que teríamos uma administração fora das convenções passadas.  

Faço aqui a mea culpa: minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa. 





sexta-feira, 25 de setembro de 2015

NOVELA, DUELOS E HONRA.



Armandinho (Eduardo Dusek), Margot (Maria Casadevall) e Joaquim (Eduardo Melo), da esquerda para a direita. Foto divulgação.



NOVELA, DUELOS E HONRA.

1

Na novela “I love Paraisópolis” há um trio de personagens que no dia 05/08/2015 protagonizou uma cena que para muitos pareceu banal, nonsense, ou mera brincadeira para entreter. Trata-se dos personagens Margot (Maria Casadevall), Armandinho Prado (Eduardo Dusek), Joaquim (Eduardo Melo) com a participação de Izabelita (Nicette Bruno).

Sentados num sofá na casa de Izabelita eles discutem como resolver o impasse que surgiu quando os dois se declararam apaixonados por Margot. Eis que Izabelita sugere, pautada num saudosismo antiquado, que os dois homens lutem como antigamente para conquistar o amor de Margot. A luta proposta deveria acontecer nos moldes dos antigos duelos. Os dois contendores deveriam escolher uma arma para decidirem qual deles teria a honra de ficar com a moça. Em resumo é isso que me fez citar a novela.

Durante 300 anos, na Inglaterra principalmente, os duelos foram utilizados como mecanismo de por à prova o direito à honra, ou de ser honrado, ou ainda de se sentir honrado. A honra sempre foi vivida por grupos sociais como elemento para atrair respeito e de ser respeitado nos grupos sociais. “Os duelos sempre foram ilegais” e “a igreja e a população em geral condenavam essa prática”, segundo nos informa o Filósofo anglo-ganês Kwame Appiah (1954).

Ainda segundo Appiah, “os duelistas deixavam claro em seus testamentos que estavam fazendo algo errado”, mas que não podiam fugir do combate mortal. Só a partir de 1850 é que os duelos passaram a ser ridicularizados e por isso, deixados de lado como forma de adquirir respeito perante o grupo. Appiah diz que foram necessários cerca de “20 anos, uma geração”, para que esse tipo de conduta “honrosa” fosse deixado de lado.

Mas temos de acrescentar um elemento importante nesse processo: Os duelos sempre tiveram atrelados a um momento de nossa história em que os valores valiam mais que a vida. Desse modo o sujeito não poderia nunca perder a sua honra, o seu respeito perante o grupo, como um covarde, e fazia isso pondo a vida em jogo. Morrer para defender um valor, a honra, era algo comum entre os que desejavam ter o respeito do grupo para, a partir daí, exercer alguma forma de poder.

O duelo era “sexista e antidemocrático”. Segundo Appiah, a associação do sexismo e do autoritarismo fez com que a Modernidade isolasse esse valor de nossa sociedade ocidental, e numa geração, como já foi dito, fosse deixado de lado. Entendemos que o sexismo deriva do fato de o duelo ser uma prática exclusiva dos homens porque chamavam para si o valor e seu significado social como forma de imporem, também, superioridade entre os sexos. Só os homens eram suficientemente fortes e corajosos para perderem a vida em troca de respeito que só poderia existir entre eles. As mulheres sempre estiveram relegadas à segunda categoria entre os humanos desde a Antiguidade.

Antidemocrático porque era violento e, ao fim e ao cabo, o resultado não proclamava quem dos enfrentantes estava com a razão, posto que quem vencia era, na maioria das vezes, o mais hábil. E isso não resultava, prontamente, na revelação de que o vencedor teria razão na contenda, mesmo que, com o resultado, se sentisse honrado. E evidentemente não havia espaço para discussões sobre como resolver a questão a partir de outros meios. Pelo menos entre os que viam na defesa da honra pelo duelo a forma mais digna de adquirir respeito.

Dispor da própria vida em nome de um valor não é mais, na modernidade, uma atitude que se reconheça como moralmente aceita mesmo entre aqueles que estejam de acordo que o duelo seja o único meio de resgatar a honra. O Humanismo renascentista e o Iluminismo ajudaram a derrubar como valor a busca do respeito pela disponibilidade da vida. Com os novos valores pautados no Humanismo e no iluminismo “a honra saiu de moda na teoria moral”, como diz Appiah.

Na sequência a honra foi encarada entre os modernos como um valor que deveria ser visto a partir da dicotomia entre os adjetivos a ela imputados, na concepção de Appiah: “sexista e antidemocrática”, além do elemento mais visível que elevava o status dos homens à mais alta posição perante os outros, “a violência”.

Propomos que o exílio a que o valor honra foi submetido o afastou da moral moderna e o relegou ao campo daqueles que sendo conservadores pretendem manter o caráter violento. Isso ainda perdurou entre nós quando homens matavam as mulheres que os traiam em nome da honra. Mas o sexismo e o antidemocratismo levaram de vez a honra para o exílio da moral moderna, entre nós, a partir de meados do século XX quando não mais se aceitou como justificava os assassinatos de esposas infiéis. No entanto muito disso ainda permanece incrustado na mente de conservadores que acreditam cegamente que podem dispor não de sua vida como nos duelos, mas da vida do cônjuge para manter a sua honra.

Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) consagramos que a vida deve estar, em importância e respeito, acima dos valores. Esta é uma proposição ainda em debate em vista da influência do caráter kantiano (Immanuel Kant: 1724-1804) do imperativo moral, o dever interior de seguir o código moral e se submeter a ele, grosso modo. Porém a vida é mais valiosa e deve ser posta em primeiro lugar ao se analisar as circunstâncias em que o ato moral foi praticado.  

Há vários casos que demonstram certa “tolerância” com pequenos delitos em paralelo ao valor “não roubar”. Um homem foi preso em Brasília por tentar roubar carne para alimentar seu filho. Os policiais não seguiram cegamente a linha legalista - aquela que encara a ação independente daquilo que possa justificá-la: não se deve roubar sob nenhuma circunstância - o prenderam, levaram para a delegacia e resolveram verificar a história. E constataram a veracidade. Depois compraram mantimentos, pagaram a fiança e foram entregar os alimentos na casa dele. Se tivesse ocorrido no início da Modernidade, certamente, predominando a hierarquia dos valores em relação à vida, ele seria preso, condenado e passaria anos na cadeia. Como ainda hoje acontece. Esse tipo de crime, evidentemente, não foi abolido.

Mas o que afirmamos é que as pessoas estão mais suscetíveis em tolerar afrontas a determinados valores para colocar a vida em primeiro lugar. Alguns países europeus são intransigentes à recepção de estrangeiros como política interna. Todavia com a onda de violência na Síria em consequência da guerra civil uma quantidade imensa de pessoas está deixando o país em busca de sobrevivência. Como a vida deles está em risco, então, muitos países, apesar das limitações a imigrantes, estão recebendo esses estrangeiros. A vida é mais importante.

O Psicólogo americano Lawrence Kohlberg (1927-1987), era especialista em “Desenvolvimento Moral” e utilizava dilemas para avaliar o nível de moralidade de crianças e adultos. Dependendo da resposta a classificação era feita, mas não significa que esse método era a principal forma de classificação. No entanto, os dilemas são capazes de nos colocar diante de situações que requerem a utilização de nossa consciência moral para apontar a solução. Veja a seguir como a resposta tende a ser a que coloca a vida como valor prioritário. O marido do dilema agiu de tal forma que a orientação de sua ação foi a defesa da vida da esposa.

(Temos de elucidar que Kohlberg classificou os dilemas basicamente em dois tipos: dilemas hipotéticos são aqueles que possuem carga emocional pequena porque não estamos envolvidos na situação e, por isso, podemos resolvê-los predominantemente com o uso da razão. E os Dilemas relacionados à Vida Real são caracterizados pela proposição de ocorrências vivenciadas em nosso meio social e individual e que têm consequências sobre a vida diretamente, daí as respostas tenderem a possuírem respostas diversas.)

“Na Europa, uma mulher estava quase à morte, com um tipo específico de câncer. Havia um remédio que os médicos achavam que poderia salvá-la. Era uma forma de rádio que um farmacêutico da mesma cidade havia descoberto recentemente. O farmacêutico pagava 200 dólares pelo rádio e cobrava 2000 dólares por uma pequena dose do remédio. Heinz, o marido da mulher doente, procurou todo mundo que ele conhecia para pedir dinheiro emprestado, mas só conseguiu aproximadamente 1000 dólares, a metade do preço do remédio. Ele disse ao farmacêutico que sua mulher estava morrendo e pediu-lhe para vender o remédio mais barato ou deixá-lo pagar o restante depois. Mas o farmacêutico disse: “Não, eu descobri o remédio e vou ganhar muito dinheiro com ele”. Então Heinz ficou desesperado e assaltou a farmácia para roubar o remédio para sua mulher.”

2

Appiah classifica o que chamamos hoje de Código de Ética Profissional como sendo “códigos de honra profissionais”. Ainda segundo ele, “Podemos pensar no código dos advogados, que faz com que eles sigam suas regras e se respeitem”. E há outras profissões que também possuem seus códigos. Podemos dizer que aquele que não cumpre o “código de honra profissional” pode ser punido pelos pares. Pois a finalidade não é só ter respeito entre os pares, mas, principalmente, pela sociedade.

Appiah diz que a luta pelo “direito ao respeito... não saiu de moda, faz parte de nosso vocabulário moderno”. E o que devemos fazer então? E ele responde: “Para usar a honra no mundo de hoje, tivemos que nos livrar de seu caráter antidemocrático e violento. Se houvesse alguma outra palavra que não tivesse essas associações – e não remetesse ao passado -, eu não veria problema em usarmos, mas não conheço essa palavra. Então, digo que devemos usar a palavra honra admitindo que ela já teve associações ruins e afirmando que é muito importante nos livrarmos delas”.

Então, como devemos avaliar a proposição de Appiah? Devemos deixar a palavra honra no desuso do passado ou usarmos o nosso vocabulário moderno – para o bem ou para o mal - que tem substituído o significado da palavra ‘honra’ por ‘dignidade’?  Muita gente, modernamente falando, tem se referido ao direito por respeito (que no passado chamava-se honra) como sendo uma conquista que garantimos com a vinda de uma vida digna. Dignidade, portanto, é a palavra que Appiah diz não conhecer, mas que muita gente, por recusar o uso da palavra honra, a tem utilizado.

Resta testar se a palavra dignidade possui o mesmo significado e se pode ser utilizada nos mesmos contextos semânticos que antes se utilizava a palavra honra. E se as pessoas estão dispostas a incorporar a nova significação desta palavra. Pois há pessoas que são contra a ressignificação e há aquelas que estão dispostas, por seus motivos, a aceitar.


P.S.: Assista à cena clicando AQUI.


APPIAH, Kwame Anthony. O Código de Honra: Como Ocorrem as Revoluções Morais. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
  


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

MEU MARASMO, MEU TÉDIO E MINHA MESMICE.



Foto do Facebook do russo Alexander Remnev (esq) durante uma viagem a Dubai, no primeiro semestre de 2014. A imagem acima foi tirada em uma torre que, segundo Remnev, tem 345 metros de altura.


Em texto publicado na Folha de São Paulo em 23.07.2015. o psicanalista italiano Contardo Calligaris fala de um comportamento que tem se evidenciado cada vez mais nas redes sociais e que ele chama de “"selfies perigosos": autorretratos em situações que implicam o risco de perder a vida.”

O que se pretende mostrar com essas incessantes e intermináveis demonstrações de aparente insanidade é dizer para os “amigos” (que curtem as fotos postadas) que “eu estou vivendo mais do que você” e que a sua vida é “insossa, insignificante”. Portanto estou aproveitando muito mais a vida e tornando-a, pelo menos para mim e para as coisas em que acredito e que por elas sou capaz até de por a minha vida em risco, mais interessante e merecida.

Enquanto você fica aí sentado no sofá feito um boboca desperdiçando o tempo de forma mesquinha e irrelevante eu estou aqui vivendo, mesmo que muitas de minhas fotos não mostrem situações de risco ou perigo. Mas elas mostram experiências que arrancam de dentro de mim a sensação de realização a ponto de eu sentir a necessidade de mostrar para você que eu estou feliz e completo do que você que está aí só olhando, curtindo e morrendo de inveja de mim e de minhas experiências.

Pensando assim como sugeriu Contardo Calligaris, isso não é uma coisa nova entre nós humanos, porém estamos vivendo um momento histórico em que o marasmo, o tédio a mesmice tem levado as pessoas a irem muito mais além do que normalmente se pensaria em ir para romper com o marasmo, o tédio e a mesmice. Daí vem as fotos do alto de prédios em situação de risco, os chamados "selfies perigosos”, para mostrar o que sou capaz de fazer para ir além do “normal”, para mostrar que não poupo energia para fazer a minha vida ser algo que valha a pena e, além disso, poder te fazer inveja cor tudo isso.

Não há nada de novo nesse comportamento humano de desejar fazer o outro se sentir menor do que nós. Mas a Internet tem feito isso de forma avassaladoramente imediata. No momento mesmo que o sujeito está experienciando sensações que ele garante serem capazes de superar o marasmo, o tédio e a mesmice, ele posta na expectativa que vejam e curtam, ou seja, que digam que estão todos assistindo a ele viver enquanto que quem curte apenas está olhando sentado espalhado num sofá ou numa cadeira na antessala de um consultório assombrados pelo marasmo, pelo tédio e pela mesmice.

Nesse meio eu me vejo como alguém que dificilmente posta fotos das experiências que tenho ou dos fatos que protagonizo. Isso me torna, nessa perspectiva, uma pessoa assombrada pelo marasmo, pelo tédio e pela mesmice. Será verdade? O fato de eu não postar fotos minhas significa que não tenho tido experiências ou, pelo contrário, para mim isso significa que não é relevante que os outros saibam de tudo o que faço e quando faço? Sou uma pessoa com atitudes diferentes e dou às redes sociais uma destinação que não seria própria dela, posto que ela serviria mesmo para a finalidade da exposição de egos? Não sei ao certo.

Só sei que alguns fazem questão de registrar em selfies suas experiências de tal modo que terminam mostrando uma pessoa, um mundo, uma realidade que não se sustentam na concreticidade.  Contardo Calligaris cita no seu texto que um amigo seu com que ele viajou muito, e que era gay numa época que ser gay era muito pior do que hoje, se aproximava de mulheres lindas para que Contardo tirasse fotos dele ao lado delas para quando retornassem à empresa poder mostrar aos amigos que tinha ficado com tais e tais mulheres. É sobre isso que falo.

Prefiro evitar mostrar minhas experiências para não assombrar meu marasmo, meu tédio, minha mesmice.

P.S.: Para ler o texto de Contardo Calligaris clique AQUI. 




sábado, 22 de agosto de 2015

SANDÁLIA DE NARCISISTA.


“O amor imaturo diz: ‘Eu te amo porque preciso de você’. O amor maduro diz: ‘Eu preciso de você porque eu te amo’.” (Erich Fromm – 1900/1980)

O narcisismo extremado leva alguns homens a se comportarem como senhores de suas parceiras. Tal narcisismo é uma espécie de patologia egoísta que a pessoa possui e, por não conseguir amar ninguém, senão a si mesmo, busca na parceira uma forma de saciar as necessidades. Mas depois de saciado a parceira perde o encanto e a serventia e é, então, desvalorizada, maltratada, humilhada. 

Ele, o narcisista, diz que ama porque preciso da pessoa para completar as suas necessidades, faltas. Quando está satisfeito não se comporta mais como um amante. Por isso ele proíbe que a parceira saia, se afaste dele porque pensa que pode perdê-la. Mas ele não pensa em perder o amor de sua vida, mas tão somente aquela pessoa que lhe serve quando está necessitado.



quinta-feira, 23 de julho de 2015

DESENHO DA ALMA NEOFASCISTA: NA LINGUAGEM DELE.


Imagem da Internet.


“Não saias de ti, mas volta para dentro de ti mesmo, a verdade habita no coração do homem”, disse Agostinho de Hipona (354-430 d.C.). Para esse Filósofo há verdades eternas e sua fonte não pode ser outra senão Deus. E há verdades originárias das sensações que são variáveis, mutáveis, inconstantes. As verdades vindas das sensações não são confiáveis. Viver corretamente, então, é seguir em busca das verdades imutáveis, eternas isso é o que leva o homem a viver e praticar o bem, segundo ele. 

“Para Santo Agostinho, a finalidade do homem, enquanto ser racional, era a busca da Verdade, que em suas reflexões foi definida com sendo o Verbo de Deus, portanto, fonte de felicidade, cujo alcance era meta de perfeição para os homens”, acrescentam Marcos Roberto Pirateli e José Joaquim Pereira Melo sobre o pensamento de Agostinho de Hipona.

A Verdade, portanto, vem de dentro de cada um já que Deus habita o interior ou aquilo que hoje se chama de subjetividade. Seguindo no caminho indicado pelos pensadores citados, esse ímpeto pela busca da verdade não decorre propriamente de uma vontade de fugir de um mal ou para mostrar que é um homem de boa índole, mas porque vem de Deus que está dentro de cada um. Deus, então, deseja que o humano seja verdadeiro seguindo esse caminho indicado por Ele.  

Aquele que acredita em Deus e segue o caminho agindo de tal forma que é inerente a si mesmo decide sempre por aquilo que o tornará um indivíduo cada vez melhor. Ou seja, buscará sempre a Verdade. É algo próprio do homem que segue os ensinamentos de Deus e deseja o bem ao outro e a si mesmo.

Quem deseja a morte de outro seja porque anseia acabar com o mal, pois a fonte desse mal estaria no outro, seja porque segue o ímpeto que está dentro de si, então, segundo a tradição religiosa, não possui Deus dentro de si como origem de suas ações. É uma dedução lógica inferida das premissas postas por Agostinho de Hipona.

Aquele que deseja a morte do outro não pode argumentar a seu favor que é uma atitude correta ou verdadeira posto que vem de sua alma, de seu interior, de sua subjetividade e, por isso, seria algo puro. Segundo Agostinho de Hipona, a verdade que habita dentro daquele que acredita em Deus é uma verdade originária Dele. E um dos ensinamentos, ou verdades eternas de Deus, é “não matarás”. Sendo assim, o desejo de matar o outro por simplesmente agir de forma inadequada ou diferente daquela do indivíduo que deseja matar, não pode ter vindo de Deus.

Ora, aquele que crer em Deus e procura agir deixando de lado “a Verdade de seu interior” buscando uma alternativa, poderá argumentar que está apenas fazendo uso daquilo que Agostinho de Hipona também defendeu: o Livre Arbítrio. Mas Agostinho diz: “Pela livre vontade, o ser humano peca. A graça é necessária ao livre-arbítrio da vontade humana para enfrentar eficazmente a luta contra o mal”. Então, segundo ele, para decidir pelo bem o indivíduo tem de aceitar a ideia da iluminação da graça divina. Decidir baseado apenas naquilo que o indivíduo entende que seja ‘o verdadeiro’, ‘o certo’ não tem suporte em sua própria crença. Seria uma hipocrisia.

Desejar matar é algo que vem de dentro do indivíduo. Esse desejo, que em muitos já se manifesta como vontade, não surge do nada como se pudesse ser antecedido pelo vazio. Nenhum ser possui o vazio dentro de si, então ele aparece de algo a parti de si mesmo, de algo que vindo de dentro, só pode fazer parte do indivíduo ou começou a fazer parte dele a partir de determinada causa. E esta causa, enfim, pode ser o fato de outro pensar, falar, gostar, andar, ser de modo diferente ou ter valores opostos ao indivíduo que anseia matar.

Desejo é uma “potência da alma cujo enigma cabe à razão decifrar inteiramente”, afirma Marilena Chaui sobre a interpretação dos pensadores modernos em torno do desejo. Pode-se seguir adiante e separar - em Filosofia - o que é desejo e o que é vontade. Vontade seria, por conseguinte, a racionalização dos desejos. Os desejos estariam no nível do apetite, instinto, emoções.

O neofascista deseja matar e vocifera nas rodas de “amigos” (cúmplices) e nas redes sociais da Internet. Mas até aí isso representa a externação de um impulso cujo objetivo é o extermínio daquele que o neofascista julga errado, criminoso ou diferente. Mesmo que desejar não seja o mesmo que matar, pois está apenas no âmbito do desejo, está fazendo incitação ao crime. O que é um crime.

A seguir acrescento uma informação didática sobre como diferenciar uma ação planejada de uma ação efetiva. São dois tipos de ações propostas pelo autor: uma ação de nível simbólico, planejado e a outra no nível físico, prático.

“Expressar desejos e esperanças ou anunciar uma ação planejada podem ser formas de ação, na medida em que tenham o propósito de atingir um determinado objetivo. Mas não devem ser confundidas com as ações a que se referem; não são idênticas as ações que anunciam, recomendam ou rejeitam. Ação é algo real. O que conta é o comportamento total do homem e não sua conversa sobre ações planejadas, mas não realizadas”, assim explica o economista Ludwig von Mises (1881-1973). Por outro lado utilizar o discurso como forma de incitamento ao crime é crime, está no Código de Processo Penal, Art. 286.

Até aqui temos duas interpretações sobre como agem os humanos e mais precisamente o neofascista. A primeira vinda de Agostinho de Hipona que coloca Deus no interior do homem e como causa de suas ações verdadeiras e corretas, e a segunda vinda de pensadores modernos que diferem desejo de vontade. Uma explicação pautada na fé e a outra na razão.

Mas vamos além. Vou ousar pelo viés da Psicologia.  

Os humanos existem a partir de uma teia de relações. Existem, portanto, uma infinidade delas. Nos deteremos em duas que são as relações  estruturais (imanentes, biológicas) e as funcionais (aderentes, contextuais, culturais), no modo de dizer da psicóloga Vera Felicidade de Almeida Campos (1942).

Sentir necessidade de comida é o que leva o indivíduo a procurar alimento. É, portanto, orgânico, faz parte das estruturas biológicas. É pré-requisito para a existência da vida humana também. Agora, selecionar que tipo de alimento é o mais adequado nutricional, econômica e culturalmente é funcional, aderente.

De modo análogo, o desejo de viver é uma necessidade imanente visto que o indivíduo responsável tem que se preservar para poder proteger a família e manter a existência dela e, assim, perpetuar-se através de descendentes (aspecto genético). Se o indivíduo se vê sob ameaça de ser morto por outro, nada mais elementar que diante de tal situação extrema ele mate o agressor.

Por outro lado, é uma relação apenas funcional quando ele coloca esse ímpeto como algo que pode ser realizado por uma causa meramente ideológica. Está no âmbito da decisão do indivíduo, portanto é racional, colocar essa possibilidade como factível. Agindo desse jeito ele poderá matar ou não alguém com quem não concorda ou que, segundo ele, tenha cometido um crime. No entanto, ele pode escolher rebater aquilo com o que não concorda de várias outras formas que não seja pela via da violência física.

Ninguém, eticamente, condenará o indivíduo que matou para defender-se. Pelo contrário, haverá manifestações de amparo até mesmo daqueles que tenham fundamentos humanistas. Poderão lamentar a situação que tenha levado um ser humano à morte. Mas essa situação limítrofe é compreensível, sim. No entanto, matar por questões de divergência de ideias, comportamentos, preferências, escolhas, valores é um ato desprezível, grotesco, do tipo do indivíduo semi-humano, quase humano.  

Quando não há justiça para satisfazer minimamente a expectativa de todos cria-se as condições para que a busca por ela seja feita para além daquilo que organizamos e normatizamos como a justiça ideal. Ou seja, como o modo próprio de ser da justiça. Então o indivíduo sem uma formação moral firme faz da busca por justiça algo que o leva a agir criminosamente. Buscar por justiça, ter sede de justiça e, então, fazer justiça a qualquer preço passa a ser aquilo o que move o indivíduo.

A falta de justiça é a causa do desejo de fazer justiça com as próprias mãos. Sem racionalizar esse desejo, tornando-o uma vontade, o indivíduo age cegamente. Se existisse justiça aos moldes do que está na lei, ou seja, da maneira que se diz que deveria ser, o indivíduo não pautaria a sua ação no desejo cego por justiça pelas próprias mãos. Quando ele está satisfeito com a justiça e ela funciona adequada e corretamente não faz sentido essa busca cega. Aliás, ela deixaria de existir.

Chegamos ao estágio atual de civilidade a partir do momento que fizemos um “contrato social”. Tudo foi sendo construído aos poucos. Segundo filósofos da antiguidade e da modernidade, estes chamados de contratualistas, quando vivíamos no estágio que ficou conhecido como “estado de natureza” o homem enfrentava as suas dificuldades e problemas utilizando-se, normalmente, de seu aparato físico para impor os seus desejos.

Era o reino da pura imanência, dos desejos, da realização individual independente dos desejos dos outros e através da força bruta. Quanto maior a força, maior a predominância dos desejos. Quanto mais fraco o indivíduo menos desejos e necessidades podiam ser realizados.

É claro que o “estado de natureza” é uma hipótese levantada para se entender como passamos a viver do modo como vivíamos ao modo como vivemos, quer dizer, pautados em leis. Os filósofos postularam que vivíamos desagregados e desorganizados e que a partir de um determinado momento buscamos a vida gregária. Portanto, as ideias de civilidade, justiça, lei, bem e mal não existiam no estado de natureza. Segundo, Thomas Hobbes (1588-1679), predominava, nesse estágio, a “guerra de todos contra todos”.

Nessa linha de raciocínio, quando percebemos a necessidade de viver de forma gregária, unida, para nos proteger das ameaças vindas de outros grupos ou animais; para nos proteger das intempéries nos aquecendo ou para afugentar os perigos com o fogo; para encontrar comida com mais facilidade e em quantidade; para, enfim, saciarmos nossos desejos imanentes; resolvemos, então, nos agrupar. A partir daí percebemos que vivendo juntos necessitávamos criar normas de convivência. Assim criamos mecanismos para dividirmos as tarefas entre os membros do grupo. Depois vimos que tínhamos que ter alguém para comandar o processo e por aí vai até chegarmos onde estamos.

Quando fizemos tudo isso, grosso modo, é claro, criamos o “contrato social”. Abrimos mão de alguns dos nossos desejos e vontades para que outros, fazendo a mesma coisa, pudessem também ter suas oportunidades. Desse modo, não podemos deixar de perceber que melhorando as condições de existência melhoramos a nós mesmos, uma consequência óbvia. Saímos das cavernas e vivemos hoje em cidades com condições muito melhores ao que tinham na Idade Média, por exemplo.

Somos seres melhores porque fomos capazes de criar mecanismos de organização social, econômica e cultural cada vez mais adequados. A lei é um desses mecanismos. Se não respeitarmos a lei estaremos deixando de lado o ser que somos e buscando o retorno à época da subespécie que fomos quando ainda não tínhamos criado a lei para guiar as nossas ações.

Um exemplo bem didático que posso citar para caracterizar, grosso modo, o “contrato social” em contraposição ao “estado de natureza” são as filas. Se hoje todos quisessem realizar os seus desejos e as suas vontades utilizando a ferramenta do mais forte e fossem ao balcão ao mesmo tempo, então haveria uma balbúrdia. Os mais fortes seriam beneficiados, pois usariam da força, a sua ferramenta imanente, para chegar lá primeiro.

No entanto vimos que necessitávamos cuidar melhor daqueles que possuem menos força e criamos nova regra: a ética da fila. Quem chega primeiro deve ser atendido primeiro sem necessidade do uso da força física.

Com o passar do tempo criamos outra lei para possibilitar aos grupos com menor vigor o direito de serem beneficiados. Então ficou consignado que “as pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento prioritário, nos termos dessa lei”.

Nessa situação, o indivíduo que está à minha frente, na fila, terá a oportunidade de ter seus desejos e vontades respeitados por mim já que concordei que ele fosse atendido primeiro. O que vem depois de mim teve de abrir mão de sua vontade de ser logo atendido para que eu pudesse ter meus desejos e vontades realizados.

Todos tivemos de abrir mão de parte dos desejos e vontades para que todos possam ter, em parte, as suas necessidades realizadas. Fizemos esse contrato social para poder estabelecer a melhor maneira de conviver. Mas nem sempre temos as leis e regras respeitadas e, nesse caso, reclamamos. No entanto, essa reclamação deve se dar dentro do contrato social e não tentar fazer o que quer o neofascista que é quebrar essa rotina estabelecida por todos nós para ele colocar no lugar a rotina que ele imagina ser a ideal.

Por fim, revela-se um apavorante mau-caráter o indivíduo que diz em público que anseia ou apoia a matança de pessoas, mesmo que criminosas. Quero distância de tipos assim por possuírem dentro de si como instinto inerente, o desejo e a vontade de matar.

Quem garante que essa vontade seja controlada e orientada apenas na direção dos criminosos? Se a vontade de matar faz parte do modo de pensar e de ser dele, então não acredite e nem tenha garantia dada por ele mesmo, que nunca pensará em lhe matar, posto que a ânsia é cega e poderá ir na sua direção até por um motivo fútil: falta de 2 reais na hora de pagar uma conta de bar, olhar para a mulher do outro, por estar usando um brinco, por não querer continuar bebendo com ele...

O afã é latente, está lá pulsando e apenas por algum tempo está submisso, mas pode subitamente manifestar-se, dependendo do autocontrole do indivíduo, e ir em sua direção. Portanto não seja amigo ou tenha relações com quem declaradamente almeja matar seja lá quem for como justificativa justiceira. Você poderá ser uma vitima desse tipo que é o neofascista.

O desejo de matar, para o neofascista, não resulta unicamente da aspiração por justiça, mas da pretensão de impor ao outro aquilo que ele gostaria, é por esse viés que ele é autoritário, pois nem as coisas e nem as pessoas reais são como ele deseja. Como não tem bons argumentos para convencer, então quer se impor pela força, pela violência.

Ele não crer na justiça e reclama de suas falhas colocando nelas a culpa de sua ânsia de matar. Desse jeito ele tenta confundir as pessoas. Se ele gostasse e acreditasse realmente na justiça entraria numa luta junto aos outros para que a ela fosse justa e ampla, não sairia por aí degradando a instituição e agindo como justiceiro.

Concluindo, deixo uma advertência: exclua o neofascista de suas relações e o denuncie para que outros possam também isolá-lo. O neofascista tem a pulsão de matar viva dentro dele, as pulsões, nesse sentido, formam a identidade do indivíduo. Se ele declara publicamente seu desejo de matar é porque é um criminoso em potencial talvez pior do que os bandidos que ele deseja eliminar.

P. S. 1: Se algum deles disser que eu não tenho autoridade para falar de seu comportamento me utilizando de pressupostos religiosos porque sou agnóstico isso só revelará mais uma faceta dele, a burrice. Para mostrar publicamente o quanto é um cara legal ele se utiliza da religião. Ora, eu me utilizei desse pressuposto justamente para desnudá-lo. Em suas investidas sociais, tais como ir à igreja, tenta convencer que é de boa índole. A minha intenção é desmascarar esse tipo acanalhado que verdadeiramente não é um seguidor da “religião do amor”, mas apenas um farsante burro.

P. S. 2: Segundo pesquisa de julho de 2015 da CNT em parceria com o MDA mostra o grau de confiança do brasileiro na instituição Justiça: 10,5% confiam sempre e 24,8% não confiam nunca.

P. S. 3: Para ver pesquisa completa acesse clicando AQUI.

P. S.4: Não creio que existam neofascistas inteligentes, pois esse dois termos são mutuamente excludentes. Nenhum neofascista é inteligente e nenhum ser inteligente é neofascista. Por isso escrevi coloquialmente, já que só assim ele irá entender. A linguagem ordinária é cheia de imagens porque, essencialmente, o neofascista não é capaz de abstrações. Por essa razão é que “desenhei” a sua alma.