A representação formal apela para o protocolo oficializado e
assim se faz representatividade apenas no âmbito da posse do cargo sem a
legitimidade do cumprimento moral com qualidade do exercício da representação.
Ou seja, representar significa retratar outrem, ou um grupo,
levando em consideração os interesses, necessidades e objetivos baseados numa
similaridade ideal de valores entre as partes, representado e representante. É
assim que entendo a prática desse ato. Mesmo que eu faça essa definição a partir
de bases formais.
O apelo para a formalidade dissociada da representatividade
para dar um ar de legitimidade soa muito inverossímil. O indivíduo querer se
mostrar um legítimo representante apenas pelo fato de assumir uma representação
meramente formal e casual, posto que sem nenhum mérito para tal, é a maior
demonstração da dissociação entre representação e representatividade
.
O indivíduo se diz representante de um povo, de um município,
porém não foi escolhido por esse povo, por esse município para representá-lo. No
entanto, por mera formalidade casual assume um cargo que deveria ser exercido
legitimamente por um escolhido legítimo desse povo. De todo modo, temos de
perguntar: que interesses, que necessidades, que objetivos estarão presentes
nas pautas de tal representante se quando foi candidato o povo rejeitou
vergonhosamente as suas propostas?
Terá mudado todo o seu arsenal de “proposições” da época de
candidato? E já que não foi eleito por esse povo o seu representante legítimo
tomará para si, agora, a defesa dos interesses, necessidades e objetivos desse
povo? Ou manterá o seu arsenal de “proposições” ilegítimas, já que foi
rejeitado por esse povo.
As respostas a estas perguntas podem ser buscadas numa breve
leitura do histórico de tal indivíduo. Num universo de cerca de 38.000
eleitores, em 2012, ele obteve cerca de 25% dos votos. Está aí, então, a mais
inquestionável demonstração de repúdio dos eleitores às suas pretensões de
representação, visto que ele não é qualificado para o cargo, segundo a opinião
da maioria absoluta dos eleitores de Floriano.
Então, por que alguém se sentiria feliz, comemoraria
efusivamente, ao assumir um cargo de representação se ele não representa
ninguém, ou quase ninguém? Como um representante meramente formal, e casual, e
sem legitimidade, posto que não foi eleito, pode pretender defender os interesses,
necessidades e objetivos desse povo se as bases morais não se assimilam?
São questões postas e que merecem serem respondidas com os
discursos, as práticas, as proposições, os interesses explicitados no decorrer
do exercício de representação, mas sem representatividade.
Quais os interesses, necessidades e objetivos que serão
defendidos? De quem? Do povo que não o quis como seu legítimo representante? Ou
de si mesmo? Representante de si mesmo?
Enfim, um representante sem legitimidade. É o que não se diz
por aí quando se fala da posse de um suposto deputado de Floriano.
P. S.: O pior de tudo não é a posse de um representante sem
representatividade, é a farra dos salários pagos aos deputados que foram eleitos
e aos suplentes que assumiram. Mesmo que eles estejam em último lugar na lista
dos suplentes e, por uma jogada política que até agora ninguém compreendeu,
assumam o cargo vão receber todas as vantagens de um titular legitimamente
eleito.
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