Ana Flores é uma cidade tão comum e cheia de problemas tais como os de tantas outras que existem no Brasil. Mas ela só é assim, imitação do real, para que suas histórias possam ser críveis e, assim, chamar atenção para seus personagens, problemas e situações. Se fosse real ninguém acreditaria em suas histórias.
Quando se cria uma narrativa, mesmo quando se tem consciência que é uma situação meramente literária, o que se pretende é convencer o leitor da plausibilidade da história narrada. Mas será preciso, nessa narrativa, se esforçar um pouco para acreditar.
Ana Flores só é diferente naquilo que precisa ser em comparação às mais de cinco mil cidades do Brasil: ela é fictícia. E precisa ser, pois os personagens, situações e problemas podem ser vistos ficticiamente como algo a ser denunciado como literatura.
Ana Flores quase se foi pelos ares. Literalmente. Quase foi explodida com dinamite. Houve planejamento e tudo foi projetado para ser executado com a conivência de algumas autoridades anaflorenses. Mas este ato ignóbil engendrado por estúpidos e criminosos não nos autoriza a creditá-lo na conta de um delírio religioso de uma mente terrorista, não.
Também não é reflexo condicionado de uma exemplar e imperturbável mentalidade incompetente, não. Tudo foi urdido para desviar dinheiro dos anaflorenses. O aparente ato terrorista ou incompetente na verdade foi planejado e projetado para ser refeito depois sobre outras bases justificando, assim, o aumento do preço a ser cobrado.
Autoridades de Ana Flores planejaram uma obra que deveria ser executada com o objetivo propagandeado (a preço de ouro) de possibilitar qualidade de vida a seus habitantes. Até aí, a intenção, aparentemente, era republicana. Uma obra do porte que se propôs revigoraria os índices de desenvolvimento humano. Então, tudo seria maravilhoso.
Na hora da execução é que começa a sacanagem, o descaramento, e o ato que supostamente seria terrorista ou incompetente vai mostrando a sua verdadeira face. Planejaram e projetaram uma obra de infraestrutura que deveria ser realizada com a utilização de explosivos por toda a cidade. As valas nas ruas seriam abertas com bananas de dinamite. O mais incrível aconteceu. A marmota, quer dizer, o projeto foi aprovado pelas autoridades superiores. Dinamitar as ruas de uma cidade é aceitável nesse país, desde que seja para “baratear” uma obra.
Mas quando já estavam para iniciar a obra e, assim, mandar Ana Flores pelos ares ocorreu de uma mente brilhante perceber que havia muita gente residindo em suas casas e essa escolha poderia ser perigosa. Refizeram os cálculos da obra propondo a utilização de um meio mais civilizado e tecnicamente mais adequado e solicitaram, com isso, um aumento no valor para realizar o serviço, pois a nova forma de escavação seria mais cara. Aditivaram o preço da obra.
Entenderam agora a malandragem?
Informaram que o solo de Ana Flores seria do tipo mais duro que existe para perfuração. Quase a metade do solo que seria perfurado teria a durabilidade equivalente a do granito (rocha viva) que é, na classificação dos técnicos, o mais duro de ser perfurado. Qualquer vala que fosse aberta havia alta probabilidade de ser do tipo mais duro. Era quase certo. Por isso, seria mais barato utilizar dinamite. Como não é possível usar esse meio, então, a melhor opção seria pagar pela utilização da técnica mais cara. O que foi feito.
Não dinamitaram a cidade, mas superfaturaram a obra em quase duas dezenas de milhões de reais. É mole? A jogada que aparentemente sugeria imbecilidade ou radicalismo religioso na verdade era só um meio novo de furtar dinheiro dos anaflorenses.
Depois volto a mais detalhes desse caso assombroso de superfaturamento e o resultado desse imbróglio. Vou contar porque não houve punição às autoridades anaflorenses que andam sorrindo da cara dos surrupiados cidadãos.
Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência. Você acredita em mim, não é? Fiz de tudo para esta narrativa literária parecer verossímil, se esforce para crer no planejamento e projeto oficial de destruição de Ana Flores.