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Vale a pena repetir que há aqueles que defendem a prática política como sendo algo que deve ser exercido a partir de bases fraudulentas, corruptas, e que ecoam esse mantra, aliado à farsa que se coloca como sendo impossível haver alternativa realística. Desse jeito põem o caminho da honestidade como alguma coisa do campo das utopias.
Todos eles têm em comum o ícone que aparece publicamente socado em ternos ordinários com gravatas de nós mal elaborados e camisas que não fecham o colarinho cujo conjunto desenha a esquisitice tanto estética quanto ética.
São fatos, sim. Não podemos dizer que não são. Mas não devemos dizer que são inescapáveis, que temos de aceitá-los e consenti-los. Por serem fatuais, de acordo com essa mentalidade, não poderíamos fazer nada e deveríamos aceitá-los como um servidor incondicional do destino e da fatalidade diante de coisas assim. Isso seria apreciar os fatos de forma negativa.
Fatos como esses que apontamos acima nos assombram e isso é bom na medida em que nos tira do âmbito da naturalização e consequente indiferença. Pois seria essa a postura que os adoradores dos fatos negativos desejam com suas artimanhas: naturalizar a fraude e a corrupção. Assim eles entendem que irão destruir o que há de bom em nós.
Quando nosotros apontamos alternativas realísticas para a prática política com bases honestas surgem as vozes que apreciam os fatos negativos e dizem que é utopia. E fazem isso de forma clara e direta ou através de mensageiros obscuros e envergonhados que mal disfarçam sua opção pelos fatos ruins.
O significado de utopia no “sentido positivo prega a transformação dos costumes políticos postos em prática” em algo digno e dignificante. É nesse caminho que seguem aqueles que admiram os fatos como quem deseja transformá-los em algo que poderá ser chancelado pela boa prática política.
Já os amantes dos fatos ruins têm uma tendência à covardia quando se desencantam e abandonam tudo por causa da instauração da prática antes vista como besteira, pois para eles, que não conseguem entender os novos valores, tudo o que substitui as suas práticas é estranho, inconcebível e inaceitável.
Aceitar os fatos é ter uma visão realística do mundo. Mas não significa ceder ao apelo fácil da submissão ao que eles significam, pois no âmbito dessa nova realidade não haverá espaço para aquilo o que os amantes dos fatos ruins defendem. Os fatos são vistos, agora, por quem encara com coragem o que deve ser transformado.
Utopia positiva para transformar a realidade numa instância de fatos positivos, é a minha proposição. Deve, então, substituir a visão que diz que os fatos são apenas fatos (sem adjetivação) e por isso devem ser acolhidos e desejados como são. Pois eu, ao contrário, prefiro “pregar a transformação dos costumes políticos postos em prática” em algo que minhas filhas possam se orgulhar de participar politicamente sem medo de assumir a atitude positiva colocando a indiferença ao lado de quem deseja fazer a fraude e a corrupção serem fatos sem adjetivação campear com desenvoltura.
4 comentários:
Estou conhecendo seu blog hoje.
li com muita atenção toda sua postagem .
Foi um prazer enorme seguir um blog como o seu.
Eu com meu pouco de vida escolar tenho graves eros de portugues.
uma coisa que não me deixa triste porque entender um blog como o seu tem que entender de tudo um pouco.
Já fui muito criticada e sou até hoje
por esse monstro portugues.
Creia professor seu texto é fabuloso e vejo você também na condição de pai.
Sendo hoje dia das crianças dou lugar a ambos crianças e professor.
Uma profissão escolhida por amor e tão castigada pelos governo .
e agora faz parte da triste história da violência nas escolas.
um abraço dessa criança que existe dentro do meu coração.
Evanir.
Copiando Guimarãers Rosa, um coração expanha-se para todos os lados
Muito bom o seu texto
abraços
Olá Evanir.
Obrigado por ler o que escrevo aqui. Me sinto honrado com pessoas iguais a você. Quanto a escrever corretamente isso é algo que aprendemos com a prática. Não podemos desistir nunca, pois nossa língua apesar de complicada é bonita.
Um abraço e seja bem-vinda.
Jair Feitosa.
Olá José María.
Obrigado por participar e contribuir. Me sinto mesmo honrado com a sua presença.
Um abraço.
Jair Feitosa.
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