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domingo, 23 de outubro de 2011

MAMÃE E A MOÇA DO HORÓSCOPO.




A adolescência, a meu ver, é a fase de nossas vidas que sendo o momento que vem logo após termos mostrado aos nossos pais que já somos bastante independentes e autônomos e agimos com nossos próprios membros, começamos a expor que já somos capazes de fazer escolhas e julgar os fatos e os atos, tanto nossos como os que nos afetam.

Esses julgamentos são feitos sempre a partir do entendimento que os nossos valores são os melhores, mais atualizados, mais adequados e fundamentais. Ninguém sabe mais ou melhor que nós. Ninguém está mais ou melhor preparado que nós. Somos super-homens. Imortais. Os tais.

Quem, mesmo por um momento, não se sentiu assim? Acredito que só os medrosos que nunca saíram daquela fase inicial e até hoje os pais têm de fazer tudo por eles.

Imortais e sem medos, desse modo passamos a agir em relação a todos e a tudo.

Mesmo nos vendo agindo assim, mas sabiamente conscientes de que não somos realmente assim, nossas mães se arrogam no direito de nos dizer que não devemos ir a lugar tal, com tais pessoas, naquela hora, com aquela roupa. Que devemos fazer isso e aquilo por isso e aquilo para conseguir isso e aquilo. Que aquele(a) com quem estamos não nos serve, que é vagabundo(a), que pelo menos fulano ou beltrano é do nosso nível.

Mas aí fazemos que não estamos escutando, aumentamos o som do fone de ouvido, fazemos caras e bocas, olhamos com desprezo e, por fim, falamos mais alto ainda e caminhamos em direção à saída.

Quem meus pais pensam que eu sou? Um bebezinho? Um debilóide? Já sou bem grandinho e por isso mesmo não preciso de uma babá o tempo todo dizendo o que devo fazer ou escolher. Que tenho de fazer isso e aquilo. Com que roupa eu devo ir ou que cor devo usar. Que maluquice é essa?

Mas ao mesmo tempo que não desejamos a interferência e ingerência de nossos pais nas nossas vidas e decisões somos incapazes de sair de casa sem ler aquela revista ridícula de horóscopos ou de ouvir aquela locutora intragável que nos obriga a escutar o nosso signo, ou ainda acessar aquele site místico.

Tudo isso acontece sem que questionemos o papel da revista, da locutora ou do site que dizem a cor da roupa que devemos usar, o que devemos fazer, como devemos fazer, com quem devemos fazer e para que devemos fazer. A revista, a locutora ou o site (as vezes todos juntos) assumem exata e precisamente a postura que detestamos nos nossos pais.

É, somos contraditórios assim até compreendermos que devemos ter verdadeiramente autonomia intelectual e moral. E isso, a meu ver, só conseguiremos construir através do estudo da Ciência e da Filosofia. Apenas assim nos libertaremos do mundo místico, encantado, supranatural, metafísico que é o tipo de mundo que torna a todos escravos de crenças infundadas, crenças generalizantes, crenças sobrenaturais. Libertos completamente desses tipos de crenças podemos passar a viver como sonhamos, planejamos e nos esforçamos para chegar ao que queremos autonomamente.


Um comentário:

Eduardo de Moraes \,,/_ (BioLoukos IFPI) disse...

Caro Jair,

Primeiramente quero dizer que gostei muito do teu texto. Adolescencia é realmente uma fase cheia de contradições para tds nós. Quero também pedir permissão para copiar essa tua materia e futuramente publicá-la no nosso blog, O BioLoukos IFPI. Espero tua resposta! Abraçs...