Uma sociedade como a nossa que caminha a passos largos rumo ao desenvolvimento econômico, educacional, estrutural, vai, aos poucos, deixando para trás o nível minimamente suportável daquilo que chamamos de respeito ao próximo. Ou algo que poderíamos chamar também de civilidade, ou humanidade.
Vamos bem em várias áreas, mas a mídia monopolista (não só, mas principalmente) invade as mentes acríticas com valores que vão formando paulatinamente esse ser que estamos nos tornando. E esses valores estão intensamente sendo cultivados sem uma avaliação sobre as consequências em todos os aspecto. Só se observa o retorno prático imediato daquilo que nos interessa: competição exacerbada, individualismo narcisista, frouxidão dos valores, imposição da “lei de Gerson”, a supremacia do “jeitinho”...
Mas o ponto em destaque é saber o quanto estamos gastando para manter esse estilo de vida que cultivamos como o ideal. Ao invés de investir esforços e dinheiro naquilo que nos torna mais humanos, estrutura, educação, moradia, saúde, estamos investindo naquilo que tem como finalidade primordial corrigir os excessos desse estilo de vida que está sendo gestado. Estamos, desse modo, construindo um novo ethos.
A cada dia ouve-se falar da criação de mais uma delegacia especializada. Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio; Tóxico e Entorpecentes; De Costumes; De Cibercrimes; Da Mulher; Do Consumidor; Do Idoso; De Proteção ao Meio Ambiente; De Crimes Raciais e Delitos de Intolerância... Desse modo vamos ter de criar uma delegacia para cada dimensão das relações sociais visando coibir as agressões consequentes da falta de uma educação equilibrada e de qualidade. Este sim deveria ser o nosso grande empenho e orgulho.
Gasta-se mais dinheiro tentando resolver as agressões praticadas do que investindo nos procedimentos preventivos. É uma mentalidade que tenta enfatizar o fato de que estamos criando condições para coibir as agressões investigando as que já foram praticadas. Que somos evoluídos, pois temos inúmeras delegacias especializadas, mas na verdade estamos nos tornando menos civilizados, por contraditório que possa parecer.
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2 comentários:
Olá Jair,
Coincidentemente escrevi hj algo parecido com isso que vc retrata nessa postagem. Caminhando por onde moro percebo a cada dia que isso parece não ter volta. É uma pena. Grande coincidencia mesmo, acabei de chegar do trabalho e, numa das esquinas do meu caminho, criei o primeiro verso de um soneto. Dá uma olhada lá depois.
abcs
Olá Chico Mário.
Os problemas sociais estão aí, resta um olhar mais atento para percebê-los. Você faz isso muito bem e sua poesia demonstra o que estou dizendo.
As coincidências só vêm demonstrar que estamos atentos. Nada mais.
Um abraço.
Jair Feitosa.
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