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Não espere deste texto nenhum propósito além do sarcasmo. Não vou levantar também a história da meritocracia no âmbito ideológico, vou utilizar apenas o seu sentido mais conhecido. É pela competição que se define o resultado do jogo meritocrático. Acredita-se que aquele que detém as melhores ferramentas na disputa meritocrática é o que definirá o resultado a seu favor.
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Não ponho aqui, como disse anteriormente, questionamento sobre as condições e determinações do ambiente que permitiu a uns conseguirem as melhores ferramentas e outros não. Mas apenas a posse dessas ferramentas. Assim sendo, quem está mais bem “armado” tem maiores chances, muito maiores, de vencer o embate meritocrático.
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Bom, todos sabem o quanto é ferrenha a disputa, dentro da tuba uterina (trompa de falópio), entre os milhões de espermatozóides pela única chance de penetrar um óvulo que ao final vai gerar um ser humano.
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Pela perspectiva meritocrática vence o mais instrumentalizado, o mais apto, o mais preparado, o mais adaptado, o mais estrategista, o mais inteligente, o melhor, enfim. De tal modo que a vida que nascerá será explicada pelo princípio meritocrático como sendo a melhor dentre os milhões de possibilidades.
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“Habilidade, inteligência e esforço” é o que faria alguém, ou um ser, merecer o status social, econômico, profissional, cultural, existencial que ocupa. Dito isto, pergunto agora: o que seria do mundo se todos os espermatozóides que ficaram em último lugar na corrida tivessem de alguma maneira “misteriosa” penetrado o óvulo e se transformado em gente? Como seria a sociedade?
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Se os “melhores” fazem o mundo ser o que ele é, agora se ponha a pensar se tivesse sido do outro jeito. Se o último tivesse tido “sucesso”. Imagina como seria, do ponto de vista moral, o último espermatozóide da corrida que no final, pela burla, gerou um prefeito de uma cidade qualquer com as “grandes qualidades” que o levam a ser ladrão, cínico, corruptor.
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Mas se a gente pensar melhor vai ver que tais prefeitos já nasceram com esse propósito, pois eles não seriam de verdade os “melhores” espermatozóides. Eles já teriam começado a roubar desde a disputa pelo primeiro lugar na corrida na trompa de falópio. Na verdade eles deram um trança-pés (rasteira) naquele que seria, em condições ideais, o vencedor.
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Estou apelando até para alguma forma de “organicismo” ou “darwinismo social” para entender porque existem tantos prefeitos ladrões neste país. E você o que pensa dos vencedores dessa corrida maluca?
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3 comentários:
Rapaz... Nunca parei pra pensar nisso! Mais sinceramente falando, creio que é o preço que se paga por sermos de uma espécie que se acha a "superior" dentre todas as outras. Depois que Darwin conheceu Galápagos, ele resolveu abolir de vez a comparação Superior X Infelior que corriqueiramente faziam para inferir sobre este ou aquele ser vivo. Talvez, essa foi a grande sacada dele como exemplar de Homo sapiens...
Olá Chico mário.
Concordo com você. O que temos como exemplares de nossa espécie não nos permitem julgar-nos superiores. Tem muita gente que não vale o que o gato enterra.
Um abraço.
Jair Feitosa.
Olá "Anônimo".
Não publico comentários com o nome do elemento que você escreveu. É uma forma indireta de melhorar a qualidade dos leitores do meu Blogue. Se eu publicar, esse elemento desclassificado pode querer agir contra você. Ele é feroz na arte da intolerância.
Um abraço.
Jair Feitosa.
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