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quinta-feira, 26 de maio de 2011

SOMOS CONDENADOS AO LOGOS.

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ARISTÓTELES fez uma distinção entre homens e animais a partir da diferenciação do sentido dos sons emitidos por ambos. Ao afirmar em sua obra “Política” que o homem é um animal político (zoon politikon) ele não diz que a máxima da existência humana se realiza na política, mesmo porque a máxima capacidade humana seria o nous, isto é, a capacidade humana de, através da pura contemplação, atingir a esfera da divindade. Mas ele diz que o fato de possuir linguagem e expressá-la pelo logos (palavra) o distingue dos animais que se exprimem através da phoné (voz).
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Então somos possuidores do logos que expressa palavras, e junto com elas exprimimos sentimentos, desejos, anseios, valores, esperança, crença, razão. Os animais foram classificados como restritos a phoné porque assim só conseguem exprimir dor, alegria, fome, sede... A linguagem, para estes, é restrita à expressão dos instintos e da necessidade de manter algum nível de comunicação com seus iguais.
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Necessitando viver em sociedade a linguagem possibilita ao homem comunicar-se e para isso usa o lógos. E, segundo PLATÃO, só somos plenamente humanos quando vivemos na Pólis junto aos outros numa conversação em busca de uma vida justa.
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Segundo EDWARD WILSON (1929), Biólogo americano criador da Sociobiologia, disse que os insetos “sociais” como formigas, cupins, abelhas, são programados geneticamente desde que nascem para fazer o que fazem. E que eles não aprendem nada durante a sua existência. Portanto não há comunicação dos saberes, das práticas. Mas que entre eles há certo grau de comunicação, como no caso das formigas que o fazem através de “troca de substâncias químicas” (feromônios).
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Eles estão, portanto, num nível de comunicação muito abaixo daquilo que nos caracteriza como humanos. E isto se faz, segundo ARISTÓTELES, pela ação comunicada pelo logos. Somos políticos porque sociais e possuidores de linguagem. Uma linguagem que pode comunicar o que sentimos através de gestos, logos, iconografia. Nessa conversação descrevemos e redescrevemos a realidade em vista de possuí-la e controlá-la em nosso benefício. Nesse momento somos todos políticos.
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Há uma noção bastante comum entre nós de atribuir a prática política apenas a alguns privilegiados que restritamente decidem tudo o que há para ser decidido. Há quem diga que “política é coisa de político”. Vejo aí nessa afirmação um acerto e um erro. Um acerto porque todos somos animais da prática política. Um erro porque se pensa que só quem exerce cargo eletivo pode fazer política.
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Por nos descobrirmos como seres que necessitam dos outros para conseguir o que é fundamental para a existência e passando a viver juntos formamos a Pólis (a cidade). O que vive, então, na Pólis é o politikon (cidadão). E a prática do politikon é a política (cidadania). Então, é “natural” que sejamos assim descritos como seres dotados do logos e que desse modo possibilitemos a vida na Pólis.
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A arte da conciliação é aquilo que nascemos para fazer e isso só é possível através da linguagem. Somos condenados a usar a palavra, o logos.

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Um comentário:

JAIR FEITOSA disse...

Caros alunos.

Este é apenas um resumo introdutório de nossa aula sobre linguagem.

O que virá depois na sala de aula dará conta de mais detalhes sobre a origem, uso, problemas e consequências das conversações sobre a linguagem.

Um abraço.

Jair Feitosa.