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Se você não se lembra, ou nunca viu, assista a este vídeo acima e veja como SERRA repetiu uma farsa da qual nós brasileiros já fomos vítimas e quase éramos prejudicados por isso. Logo abaixo reproduzo um texto do Filósofo PAULO GHIRALDELLI JR. sobre o caso de SERRA e outro caso histórico na política com as mesmas intenções e armações escondidas atrás da farsa. Vale a pena ver o vídeo e ler o texto. Quanto mais informações tivermos mais verdadeiro será nosso juízo de valor sobre o que aconteceu.
Você tem percebido que estão afirmando, baseados em suposições, que não foi uma bolinha de papel, mas um rolo de fita crepe que teria atingido o ROJAS, quer dizer, O SERRA? A PGlobo é a principal difusora dessa versão alternativa à verdade. A verdade o SBT mostrou, foi uma bolinha de papel. Mas uma bolinha de papel não serve para causar a comoção desejada. Supõe-se que foi um mastro de bandeira, uma pedra, um rolo de fita crepe... Farsa, só isso. Estão tentando torná-la verossímel.
"SERRA NA RUA TONELEROS
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Marx costumava dizer que a história só se repete como farsa. Eu diria que, no caso brasileiro, como caricatura.
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Na sua segunda fase, não mais como ditador e, sim, já sob o figurino relativamente democrata e de esquerda, Vargas incorporou o populismo latino americano e, com dois partidos nas mãos, o PSD e o PTB, manobrava a política de massas, deixando os conservadores, a UDN, a ver navios.
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A UDN havia nascido sob a idéia de um belo e generoso liberalismo, incorporando em seus quadros até mesmo trotskistas, mas, à medida que Vargas tendia à esquerda, a UDN não escapou de tender à direita. Contra ela, Vargas inchou o PSD de funcionários públicos e de proprietários de terras das oligarquias possíveis de conversa, e montou o PTB para controlar os trabalhadores urbanos, então agradecidos por sua legislação trabalhista. Isolada, a UDN tinha sua força na retórica de Carlos Lacerda, que do jornalismo ligado ao comunismo havia passado a ser um brilhante retórico a favor do liberalismo – o liberalismo antes econômico que político.
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O que Lacerda queria, de verdade, era apenas ver o nacional-desenvolvimentismo de Vargas parar – só isso. Petrobrás e tudo que era estatal e nacional, para ele, eram coisas que não saberíamos administrar, o bom seria entregar tudo para os estrangeiros, que fariam melhor que nós. Em um determinado momento de sua vida, isso já nem importava mais como plataforma política, era apenas uma questão de birra, de vaidade pessoal. Para tal coisa, ele topava um pacto com qualquer demônio. Foi nessa ânsia que ele fez o bonde da UDN descarrilar, a deixar de ser um partido para ser um canal para sua própria idiossincrasia. Começou a forçar de toda maneira que alguém do lado de Vargas se enchesse o suficiente para atacá-lo. Lacerda era um visível suicida. Queria antes de tudo as manchetes. Gozava sexualmente quando podia aparecer vociferando contra Vargas.
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Como todo populista latino americano da época, Vargas estava ligado a vários intelectuais que, vendo-o se aproximar da esquerda, se deixaram levar por esse seu novo vestuário. Mas, também, como não podia deixar de ser, como presidente que havia já ficado anos e anos no Catete, Vargas tinha lá seus “homens de confiança”. Entre esses havia o famoso Gregório, um negro forte, tido antes como “capanga” do presidente que como segurança. Ali estava o ponto fraco de Vargas – a proteção ignorante. Lacerda sabia bem disso.
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Carlos Lacerda deve ter pedido ao seu demônio particular para tomar um tiro e, de fato, foi atendido em suas preces. Foi um tirinho de nada, no pé. Mas o suficiente para ele lançar a imprensa inteira contra Vargas, pois tudo parecia indicar que a ordem do ataque havia partido de dentro do Catete, da boca do próprio Gregório. Como Vargas viria a público fritar Gregório e, então, dizer “eu não sabia de nada”. Vargas não faria isso. Como não fez. Foi o momento de glória de Lacerda, mas que durou pouco, pois Vargas meteu um tiro no peito e então o feitiço virou contra o feiticeiro. A revolta popular contra Lacerda, nesse dia do suicídio do presidente, foi tão grande que ele teve de fugir do país, foi se esconder nos Estados Unidos.
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Tudo isso é história. Agora vem a caricatura.
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Serra foi até Campo Grande, no Rio, e escolheu fazer passeada a pé bem num lugar em que ele sabia que um sindicalista que havia sido candidato a deputado, perdedor e briguento, iria revidar a qualquer provocação. Gabeira é macaco velho e excelente conhecedor do Rio de Janeiro, e instruiu o PSDB direitinho – ali era o lugar. E eis que o sindicalista realmente revidou às provocações do PSDB, que queria fazer desfile em Campo Grande bem no covil costumeiro dos sindicalistas dali. Dizem que Serra foi atingido por uma fita crepe na cabeça. A fita era tão terrível que ele foi para um hospital e passou por uma tomografia computadorizada. Ganhou como prescrição médica o repouso. Então, foi para a TV dizer da “violência petista” que, com uma fita crepe adrede preparada, tinha um plano para matá-lo. Lula e Dilma, para que a história possa continuar, vão ter de dar tirinhos com arma que esguicha água e caírem no chão no Palácio do Planalto, agonizantes. Aí Serra vai fugir para o Chile, como de praxe? Não, vai fugir para seu sítio em Ibiúna. Mas não vai poder ficar, pois o Tietê que lá passa está contaminado, graças a um projeto do governo dele, Serra, que empurrou a poluição da avenida Marginal, em São Paulo, para jogá-la mais adiante, em Pirapora."
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Texto de autoria de © 2010 PAULO GHIRALDELLI JR. É Filósofo, escritor e professor da UFRRJ.
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Data do texto: 20/10/2010
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