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quarta-feira, 24 de junho de 2015

O NOVO FASCISTA E SEU DELÍRIO CONSERVADOR.



Tela "Premonição da Guerra civil" de Salvador Dalí.



O neofascista tem uma imagem de si que nunca foi real. Uma imagem fruto do seu conservadorismo radical que pede o retorno dessa autoimagem diante daquilo que ele imagina ser a negação de si, quer dizer, daquilo que é diferente de si.

Desse modo, quer retomar a imagem que ele acredita ser a solução para toda a violência existente, pois é nela que há a solução dos problemas. Ele não sabe, mas a sua autoimagem foi construída como consequência de influências conceituais e decepções das ações governamentais que deveriam garantir a sua segurança. Ele se tornou violento e pretende resolver tudo através da violência, simbólica ou física.

Dizendo de outro jeito, o neofascista criou uma imagem de si como sendo o referencial para tudo e para todos. Essa imagem nunca foi concreta, mas ele acredita que qualquer coisa que seja diferente daquilo que ele gostaria que fosse deve violentamente ser destruída e posta em seu lugar a sua autoimagem criada. E ela não é outra coisa senão a intolerância ao que é diferente e a pregação da violência.

Pelo fato de ter uma autoimagem (self) irreal, apenas projetada, criada, o leva a viver, nas palavras de Karel Kosik, num mundo de pseudoconcreticidade que é o mundo “claro-escuro de verdade e engano”, um mundo de falsa realidade. E vivendo assim o neofascista vive como num delírio.

Sem ter consciência de quem ele é e por se imaginar sendo a idealização perfeita dos humanos, então o neofascista revela essencialmente ser um ignorante, um sujeito que ignora, que não sabe. E não é descabido dizer que ele é burro mesmo, posto que foi mal alfabetizado e acredita que o mundo deve ser o reflexo daquilo o que ele é, ou imagina ser. E esse mundo é descrito por estereótipos e certezas do senso comum.

Suas convicções são pautadas pela elite econômica e social que deseja e necessita tê-lo, o neofascista, como soldado nessa guerra de valores e certezas. Por isso inculca-lhe estereótipos e preconceitos para que saia por aí defendendo um mundo imaginado, idealizado como sendo o mundo real, mas não é seu mundo e não é o mundo ideal. Tendo em mãos tais preconceitos repete-os violentamente.

Um dos motivos que leva a elite a elaborar preconceitos para colocar na boca do neofascista pobre ou classe média, pois ele é, como eu já disse, mal escolarizado, é a fomentação da desagregação de classe. A elite necessita ter o neofascista como “quinta-coluna” para fazer o trabalho desagregador no seio da classe social a que ele pertence. É muito comum que o neofascista não saiba a que classe pertence. E pela porta da alienação entram ideias estranhas a seu mundo. Estando alienado ele aceita a ideia que a sociedade é uma só e todos somos iguais social e economicamente.

Ele, o neofascista, não sabe que cada classe social tem suas necessidades, interesses e objetivos específicos. Como os contingentes de pobre e de classe média são numericamente muito superiores à elite, então lhe resta - para continuar comandando a sociedade - que os grupos sociais subalternos (pobre e classe média) nunca, ou quase nunca, estejam unidos. Pois na democracia burguesa é mortal para a elite e suas pretensões dominadoras que os subalternos estejam unidos em torno das necessidades, interesses e objetivos comuns entre eles.

No entanto, o neofascista, que é um sujeito, por via de regra, como já disse, mal escolarizado nunca perceberá todo esse emaranhado de complexidades. Para ele o mundo deve continuar sendo como sempre foi, ou seja, do jeito que lhes disseram que é. Os valores que ele assume, os preconceitos que vocifera quase nunca têm a ver com a situação na qual vive inserido, com a sua realidade. Ele é um cego desagregador e violento. Teve a sua animalidade aflorada para endurecer tudo o que há de sensível nos humanos, inclusive o poder e o dever de cuidar dos seus.

Desse modo, o neofascista não tem dúvida em desejar a morte para os seus. Não é muito raro que ele mesmo venha a executar.

Neofascista é aquele incapaz de perceber que seus pré-conceitos se tornaram preconceitos e que só servem a objetivos alheios aos seus, pois todos eles foram elaborados como conceitos pela elite.

Quanto mais integrantes dos grupos sociais subalternos estiverem presos ou mortos menos direitos terão a reivindicar. E quando os subalternos tiverem seus direitos negados, por estarem presos, mais direitos sobram para a elite usá-los ao seu prazer e objetivos. Se quiser entender de outro modo é só substituir direitos por dinheiro que se chegará ao prazer e objetivos.

Diferente dos subalternos, a elite já tem todos os seus direitos primários garantidos e satisfeitos.

Quantos mais jovens e crianças subalternas morrerem ou forem presos tanto melhor. “Onde já se viu pobre ocupar profissões, empregos e salários destinados aos ricos?”

Alguns filósofos dizem que vemos e avaliamos o mundo com nossos olhos educados pela nossa cultura. Os nossos olhos não nos mostram o mundo como ele é, como se fosse um espelho. Segundo Richard Rorty “somos nós que falamos e não o mundo”. Sendo assim, o mundo é aquilo que conseguimos dizer dele. Não há a possibilidade de descrevê-lo exatamente como ele é.

Neste aspecto o neofascista se trai duas vezes. Uma porque imagina que o mundo que ele idealiza deve ser resgatado do meio dessa confusão de modificações e atualizações progressivas dos nossos valores, o mundo deve ser conservado, daí o neofascista ser um conservador. Duas porque nossa educação está falhando ao transmitir às novas gerações a cultura. Dessa falha resulta o olhar torto como o neofascista ver o mundo. Por isso eu disse acima que vemos o mundo com os olhos de nossa cultura e temos gente vendo esse mundo de maneira torta.

Se há criminalidade devemos buscar conhecer suas verdadeiras causas e fugir das receitas prontas, dos estereótipos e dos preconceitos do neofascista. Pois isso tudo não nos levará às soluções corretas de nossos problemas. Ficaremos eternamente no âmbito da tentativa e do erro em busca das sonhadas soluções. Vamos fazendo uma coisa, depois outra e mais outra. Diminui-se primeiro a menoridade penal, para resolver o problema da violência e depois vamos ver se dá certo.

Por fim, por que eu disse que os estereótipos e preconceitos do neofascista são conceitos elaborados pela elite? Porque é aquilo que vai beneficiar a elite e prejudicar os subalternos.

O neofascista bebeu tanto desse veneno que ficou cego pelo ódio que carrega no peito e nunca vai perceber isso tudo. E talvez nunca venha, ele próprio, pelo menos iniciar uma caminhada levantando hipóteses, como fiz aqui, em busca de se conhecer e conhecer o mundo. E não é por acaso que ele se tornou um sujeito árido, tosco, desumano, pois perdeu uma das principais características que nos torna humanos: a sensibilidade que devemos ter para cuidar dos nossos.

P.S. (1): Em outro texto tratarei de buscar hipóteses para me posicionar frente aos atos hediondos de alguns adolescentes praticados contra os humanos, visto que esses tipos violentos sejam frutos, também, dessa onda neofascista. Talvez até filhos dela. E esses criminosos estão pondo a nossa cidade em polvorosa. Pois a partir do que eu disse, hipoteticamente, há dois tipos de sujeitos violentos: 1 o violento que diz que busca a solução da violência se utilizando de violência e 2 o que é violento e a pratica como forma de conseguir o que quer infringindo dor aos humanos. Nos dois casos sobra dores para todos os lados.  

P.S. (2): Recentemente a Polícia Militar aqui em Floriano encontrou nos pertences de um adolescente criminoso uma carta de seu pai dizendo-lhe como e o que fazer para roubar e assaltar. O pai desse adolescente está na penitenciária. Ou seja, filho de violento praticando violência. Será coincidência ou a exceção não é a regra?




2 comentários:

Anônimo disse...

Você apresenta um conceito deformado sobre Fascismo e Conservadorismo. São doutrinas totalmente distintas. O conservadorismo surgiu na Inglaterra no século XVIII pelo Filosofo e político Edmundo Burke, que pregava o livre mercado e a defesa de uma monarquia parlamentar. O Fascismo defende um Estado forte, onde tudo gira ao redor do Estado ou de seu líder (Fuhrer ou Dulce) se aproximando do Socialismo, onde tudo gira ao redor do Estado, com a diferença que a liderança é exercida por um partido, no caso, o Comunista. Querer igualar as duas é pura ignorância ou má-fé.

JAIR FEITOSA disse...

Comentário acovardado é um saco porque temos de falar sem saber a quem e eu detesto falar para não sei quem. Esses comentários sempre se colocam num campo cego de visão. Coisa de gente que não gosta de ser avaliada diretamente e receber uma resposta.

Se você não percebeu (ou não entendeu) a quem se destina o texto, então só poderia falar o que falou. O neofascista, como eu disse no texto, é mal alfabetizado. Desse modo, eu tenho de falar na linguagem ordinária. Não se pode fazer isso sem utilizar o vocabulário e os significados das palavras entendidas pelo neofascista. No jargão dele, conservador é aquele que conserva, aquele que quer fazer permanecer. É esse o sentido do termo aqui no texto. Sei que a palavra é polissêmica e que precisa de um texto para adquirir seu sentido.

O uso do termo aqui não pretende ser visto como provocador de uma discussão acadêmica ou científica do significado filosófico ou etimológico do termo. Portanto seu comentário é sem propósito contributivo. É apenas uma forma de mostrar que é um leitor inconfesso da Wikipédia que veio aqui pretender arrotar erudição.

Já tentei fazer o que você possivelmente quis sugerir (suponho, pois o anonimato é a seara dos medrosos e improváveis), mas a maior parte das pessoas não se esforça para entender, fazendo ao menos o que você fez pegando um dicionário de duvidosa credibilidade. Então tenho de me expressar com esse vocabulário e não me preocupar com academicismo. Além do mais aqui não é um blogue com pretensões de discussões filosóficas. Apenas um espaço para expressão do meu modo de avaliar as coisas o mais próximo possível da maioria que o lê.

Procuro utilizar conceitos para esclarecer algumas coisas, mas não para se destinar a filósofos ou dependentes da Wikipédia. Existem muitos endereços na Internet onde se pode discutir os significados dos termos e esse interesse resultar numa tremenda discussão etimológica. Há fabulosos endereços onde se pode discutir cientificamente Economia e Filosofia também. E há endereços onde se encontram várias pessoas dependentes da Wikipédia. Deve ser um bom lugar para anônimos.

Portanto, avalio seu comentário como sem procedência. Crie um blogue para você e baixe os conceitos e sinônimos de palavras da Wikipédia. Muitos outros iguais a você te farão companhia em discussões acaloradas.

Eu não tenho saco para esse tipo de coisa. Mas respeito o seu direito de ter. Só não concordo e digo que não concordo. Mas o melhor é que não faço igual ao neofascista que pretende destruir fisicamente quem é diferente dele.