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terça-feira, 23 de junho de 2015

O NEOFASCISTA FOGE DE SI MESMO.



Imagem da Internet.


“Somente aquele que é capaz de estar a sós consigo mesmo, ou aquele que é capaz de ser uma boa companhia para si mesmo no diálogo do pensamento, será capaz de se tornar um amigo no mundo comum, pois não estará tão colado em si mesmo a ponto de apenas impor irrefletidamente a sua doxa [opinião] totalmente surdo à argumentação alheia. Também o eu é uma espécie de amigo”. (Hannah Arendt).

Interpretando Sócrates, Arendt leva adiante essa possibilidade da auto convivência como fundamental para que nós, a sós consigo mesmo, possamos utilizar esse momento para refletirmos sobre nossa capacidade de julgar, avaliar e de unir o que pensamos ao que somos e fazemos.

Pois o que nos leva a não matar é também o fato de não suportarmos a ideia de conviver com quem mata, nos ensinou Sócrates. Se penso sobre isso e admito que matar não faz de alguém uma boa pessoa, então o que posso falar para mim mesmo se chego a cogitar que eu poderia matar alguém simplesmente por ser ou pensar diferente de mim?

Nesse diálogo posso adiantar para mim mesmo, sem me importar por enquanto com o que os outros vão dizer é que a imagem que tenho de mim é a imagem que eu gostaria que os outros a tivessem. “Seja como você gostaria de aparecer para os outros”, nos disse Sócrates. Então eu não sou um só entre tantos e nem posso ser quem sou sendo sozinho independente de minha relação com os outros. Necessito dos outros para ser quem sou e necessito de mim para ser quem eu gostaria de ser.  Por isso Arendt afirma que “Também o eu é uma espécie de amigo”.

Tudo isso que interpretei acima é para falar dos neofascistas que não pensam e não agem muito diferente de quem ocupou Arendt para falar de nós, os nazistas. E vou seguir falando a partir do que disseram Sócrates e Arendt, grosso modo, bem na linguagem dos neofascistas, pois são ignorantes no sentido de ignorar, não saber, visto que são, na maioria absoluta, mal escolarizados, se é que realmente foram alfabetizados.

Se você não é uma boa pessoa, então não poderá nunca ficar a sós consigo mesmo. Estando só, por algum momento, você terá de se deparar com o que você é e nesse momento estará correndo riscos, sérios riscos. Se não teve uma educação para respeitar os humanos estará sempre disposto a destruir a vida de quem não respeita. Seja porque discorda de você, seja porque os outros possuem valores divergentes dos seus.

E se você, sendo o que é (uma pessoa ruim), mas até o momento não matou ninguém pelos motivos acima e, no entanto, deixa correr solta dentro de você a vontade de matar possivelmente poderá matar se tiver diante da possibilidade que possua todas os requisitos possíveis para tal. E se mesmo assim não o fizer (não vier a matar ninguém) continuará uma pessoa ruim, péssima, pois continuará pulsando dentro de você o desejo ofegante de destruir o ser humano que ousa ser diferente de você.

Se você não foi educado para respeitar os humanos e seus direitos coletivos e individuais, suas escolhas coletivas e individuais, seus valores e pensamentos você tenderá a matá-lo, estuprá-lo, sequestrá-lo, roubá-lo e, desse modo, verás quem você é. E se não conseguir se ver como uma pessoa ruim os outros te verão assim e te denunciarão para você mesmo.

Diante do seu outro, aquele que você não quer ver, poderá falar assim: “Ah, mas eu nunca matei ninguém, nunca estuprei, sequestrei, roubei”. No entanto, só há aí, entre você e quem já fez tudo isso ou algumas dessas possibilidades, uma sutil diferença. E esta diferença pode ser medida no nível de violência do outro para você. E não uma diferença radical no modo de ser e de pensar.

Sendo assim, nunca fique só diante de um bandido acostumado a não respeitar os humanos e nem a sós consigo mesmo. Posto que o final poderá ser trágico para você.





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