A Constituição Federal brasileira
diz no seu artigo 37, § 1º, que: “... A publicidade dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, SÍMBOLOS
[destaque meu] ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.”
Mas o prefeito de Floriano
mostra através de atos que esta lei não é algo do campo de suas preocupações.
Primeiro ele enfeou a cidade toda com a cor que personaliza simbolicamente a
sua administração. Ele quis, com isso, dá uma ênfase naquilo que considera como
sendo a sua administração – mas que a população disse, em duas pesquisas recentes
feitas por institutos diferentes, que é o pior prefeito da história da cidade.
E, desse modo, ele quer dizer, com a simbolização, que o prefeito é ele. Pois a
cor escolhida por ele representa seus ideais, seus princípios, valores e seus
objetivos na administração pública. Como não poderia deixar de ser, essa é a ação
típica de todo prefeito personalista. Neste caso, o seu símbolo é a cor
LARANJA. É mesmo simbólico, não restam dúvidas.
Vários prédios públicos já
existentes foram enfeados (pintados) com essa demonstração de prejuízo da lei.
Digo isto porque a cor LARANJA, neste caso, é um símbolo. E como diz o
dicionário ‘Aurélio’, símbolo é “Aquilo que, por um princípio de analogia,
representa [...] outra coisa”. Então, a cor o representa nesse sistema
simbólico para dizer que foi ele quem fez, ou pintou a obra que, com isso,
sofre o atentado estético de ter a cor LARANJA.
Se sentido um comum
personalista, o prefeito mais incompetente da história de Floriano, quis ir
além do trivial e colocou o número de seu partido político, que ele é, também,
o presidente municipal, PTB (14), no número do telefone da Ouvidoria Geral do
Município (0800 086 1414) - que ele transformou em status de secretaria para
poder empregar mais um de seus familiares, fugindo assim do alcance da lei do
nepotismo.
O rei LUÍS XIV (1638-1715),
da França, o “Rei Sol” é o autor da célebre frase que deveria simbolizar a
administração de todos os prefeitos egônomos: “L'Etat c'est moi”. O estado com
todas as suas instituições estariam sob as suas absolutistas decisões. As leis
de um estado formam uma instituição, e, de tal modo, para os egônomos de tal
tipo, eles é que fazem as leis. Ou as leis expressam unicamente o seu ego, a
sua exclusiva vontade.
“A lei? Ora, a lei. Que se
dane a lei. Eu sou a lei.” O egônomo é, portanto, o sujeito que despreza as leis
constituídas social e democraticamente para se ater apenas às suas próprias
vontades, leis. Ou àquilo que imagina serem as suas próprias vontades, leis. Como
fez LUÍS XIV e como faz todo prefeito egônomo.
Mas o Brasil está repleto
de exemplos de atuações da Justiça impedindo esse tipo de uso da res publica como meio de personalização.
No Paraná o Ministério Público (MP) ingressou com uma ação pedindo a condenação
de uma prefeita por improbidade administrativa devido a mesma ter emplacado
carros da prefeitura com suas iniciais e o número de seu partido político. Leia
clicando AQUI.
No Rio Grande do Sul um
prefeito também foi condenado pelo mesmo ato personalista. O mais ridículo é
que a defesa desse tipo de transgressão à lei sempre se baseia na desculpa parva
de que fizeram porque outros prefeitos também fizeram. Como se uma sequência de
atos transgressores pudesse legalizar uma transgressão. Leia clicando AQUI.
Citei apenas esses dois
exemplos para não tornar o texto repetitivo. Apenas para mostrar que ainda
temos esperança de ver atos como os relatados terem as conseqüências legais
devidamente estabelecidas. Ainda há tempo para a lei, ora se há. Pois a lei é o
estado e o estado somos nós, os cidadãos de bem.
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