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sexta-feira, 6 de março de 2015

PAU QUE DÁ EM CHICO NÃO DÁ EM FRANCISCO.



Paulo Nogueira - Foto: DCM.

A parcialidade de alguns membros da Justiça brasileira é de corar qualquer um.

Espera-se que os esquecimentos sejam involuntários. Mas o que os brasileiros querem mesmo é que todos os suspeitos sejam lembrados, investigados, acusados com direito a ampla defesa, julgados e, se condenados, presos. Sem proteção aos companheiros ideológicos, nem de direita e muito menos de esquerda. 

Caso contrário a Justiça pode piorar ainda mais a sua imagem diante do país.

Leia texto do jornalista Paulo Nogueira sobre o esquisito pedido de arquivamento sobre suspeitas em relação a Aécio Never do PSDB.


POR QUE NÃO VAZOU ANTES O QUE YOUSSEF DISSE DE AÉCIO?

O caráter seletivamente canalha dos vazamentos da Lava Jato ficou claro ontem com a revelação de que Aécio tinha sido citado pelo doleiro Youssef.

Não só Aécio, a rigor, mas a família Neves. Também uma irmã – não nomeada, mas que só pode ser Andrea, braço direito dele – foi citada.

Youssef vinculou os irmãos Neves a propinas da célebre Lista de Furnas – uma hidrelétrica estatal que alegadamente abasteceu copiosamente figurões do PSDB nos tempos em que o partido estava no poder.

A existência da lista tem sido objeto de controvérsia. É inegável que as palavras de Youssef, se não bastaram para Janot recomendar que Aécio fosse investigado, reforçam a hipótese de que a lista é genuína.

Como ponderou um jornalista, você pode avaliar a gravidade do caso com a seguinte pergunta: o que teria ocorrido se o vazamento surgisse na campanha eleitoral?

Bem, é uma pergunta sobretudo retórica. Todo vazamento que implicava o PT, e por consequência Dilma e Lula, era recebido com fanfarra nas redações das grandes empresas jornalísticas.

É difícil acreditar que alguma delas desse acolhida a qualquer coisa que pudesse atrapalhar Aécio.

Da mesma forma, o intuito dos responsáveis pelos vazamentos – presumivelmente os policiais federais sob o comando do juiz Sérgio Moro – era ver Aécio na presidência.

Foi, em suma, um jogo sujo, no qual a mídia e os vazadores se uniram para interferir nas eleições.

Vistas as coisas em retrospectiva, é incrível que, beneficiado tanto e de forma tão espúria, Aécio tenha conseguido perder.

Dilma ganhou contra tudo e contra todos – e em plena crise econômica. Em situações normais, a economia define eleições presidenciais.

Tais circunstâncias – vazamentos criteriosamente escolhidos, ajuda maciça da mídia, economia se arrastando – expõem a fraqueza miserável da candidatura de Aécio.

Mostram também a perda de influência e de credibilidade da imprensa.

Aécio, segundo se fala, escapou da lista de Janot – algo que, se confirmado, minará o prestígio do procurador-geral na esquerda e, ao mesmo tempo, alimentará a crença de blindagem inexpugnável dos tucanos.

Mas sua imagem de bom moço está em frangalhos.

Aécio pode ter escapado de Janot, mas nada haverá de tirá-lo de outra lista – a dos políticos cínicos, mentirosos, manipuladores.

Falo dos demagogos, na lista dos quais Aécio Neves ocupa, com todos os méritos e sobretudo deméritos, a primeira colocação.

Postado em 05 mar 2015 / por : Paulo Nogueira no site Diário do Centro do Mundo (DCM). 



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