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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

MATRIZ ENERGÉTICA: A ENERGIA QUE MOVE O BRASIL , POR AIRTON FREITAS FEITOSA.



Airton Feitosa, Gerente Regional da CHESF no Piauí, em artigo técnico sobre a Matriz Energética do nosso país.


"MATRIZ ENERGÉTICA: A ENERGIA QUE MOVE O BRASIL

Airton Freitas Feitosa*

Teresina, PI, 16/08/2014

Conceitualmente Matriz Energética expressa o quadro de geração e consumo de energia, razão pela qual é o meio aplicado no Planejamento Energético de um país, sendo estratégico para o estabelecimento de políticas que promovam a competitividade. Ela retrata a visão de toda a energia que se pode ter para, então, ser transformada, transmitida, distribuída e consumida nos processos produtivos. Nada mais é do que uma representação quantitativa da oferta de energia, ou seja, da quantidade de recursos energéticos oferecidos por uma nação.

Não obstante, a análise da Matriz Energética de um país é de fundamental importância para a definição das estratégias de planejamento do seu correspondente Setor Elétrico, o qual deve ser o responsável por assegurar a produção e o adequado uso da energia.

Diante destes conceitos e focando o Brasil podemos identificar que a nossa Matriz Energética é constituída por recursos renováveis, biocombustível, como madeira e álcool, hidrelétricas, carvão mineral, gás natural, urânio, petróleo e seus derivados. Neste contexto, ressaltamos que o nosso país possui uma das Matrizes Energéticas mais renováveis graças aos seus recursos hídricos, biomassa, etanol e, também, às alternativas de geração eólica e solar.

Assim, não temos dúvidas de que nós temos, também, um excepcional potencial eólico e fotovoltáico. Urge buscarmos ampliar a participação na geração de energia elétrica através destas modalidades. É uma questão de tempo. Mas, não podemos delegar esta responsabilidade ao tempo. Temos que fazer por onde isso aconteça com a brevidade que o caso requer considerando-se o cenário no qual ora nos encontramos.

Daí, ao contabilizarmos a nossa Matriz Energética identificaremos que, graças aos ousados investimentos no Setor Elétrico nos últimos dez anos, estamos operando hoje com cerca de 2700 empreendimentos de geração os quais se traduzem numa capacidade instalada da ordem de 128 GW e, dentre estes, mais de 1000 fontes hidrelétricas que juntas produzem cerca de 65% da energia necessária para movimentar a nossa economia. Num horizonte breve passarão a operar mais 700 novas fontes, com potência já outorgada da ordem de 48 GW. Mesmo assim, ainda vivemos um contraste em relação ao que acontece lá fora no mundo industrializado, onde as fontes renováveis participam, em média, com um percentual da ordem de 13% das suas respectivas Matrizes Energéticas. Este percentual cai para 6% entre os países em desenvolvimento.

Contudo, a razão do modelo hidrelétrico brasileiro se deve à existência de grandes rios de planalto os quais são alimentados por chuvas tropicais, ainda abundantes, e constituem uma das maiores reservas de água doce do planeta. Além disso, a energia gerada pelas Usinas Hidrelétricas ainda é a mais barata no aspecto operacional.

Mas, com a atual legislação ambiental do nosso país, os aproveitamentos hidrelétricos passaram a sofrer impactos negativos significativos nos custos de geração e transmissão, uma vez que hoje existem destacáveis dificuldades para se construir Usinas Hidrelétricas com grandes reservatórios, bem como, por tais empreendimentos estarem localizados, cada vez mais, distantes dos grandes centros urbanos. Assim, decorrente desta legislação a construção de novas Usinas Hidrelétricas estão sujeitas a fortes restrições na obtenção dos seus licenciamentos e isto trará, no futuro, sérios prejuízos à economia e ao desenvolvimento do nosso país.

De outro lado, gerando uma camada de CO2 extra está a Geração Térmica com cerca de 25% da geração de energia elétrica, a qual nos últimos tempos ganhou importância como complementação da Matriz Hidráulica, especialmente, a partir do final da Década de 90 quando foram, de forma inapropriada, abortados os investimentos para a geração hidráulica. Em complemento, há ainda um percentual da ordem de 6% de importação de energia oriunda de países da América do Sul, principalmente, da parcela paraguaia gerada pela Usina de Itaipu.

Do exposto acima faz-se oportuno registrar que o nosso país tem um grande potencial para ampliar na sua Matriz Energética a participação nas modalidades eólica e fotovoltáica. Porém, embora possua o maior Parque Hidrográfico do mundo somos a nação com maior área territorial entre os trópicos, fato este que se reveste num gigantesco potencial de aproveitamento da radiação solar. Por tal razão, precisamos avançar, também, neste campo. Pois, enquanto produzimos cerca de 1% da energia consumida através da Fonte Solar, a Alemanha, que detém uma área territorial bem menor que a nossa, com um clima temperado e onde parte do ano vive coberta de neve já produz cerca de 11% da sua energia consumida através dos raios solares. Neste rumo, bem à frente, estão ainda Itália, Japão, Espanha, Estados Unidos e China.

Daí, é de grande monta destacarmos que a geração de energia através da Fonte Solar traz consigo uma série de benefícios, dentre outros, por ser uma fonte limpa, renovável, sustentável e de reduzido impacto ambiental. Além disso, o nosso país detém uma das maiores reservas de Silício que é a matéria prima necessária para a produção das placas solares responsáveis pela transformação da energia solar em energia elétrica.

Ademais, acreditamos que o crescimento do uso da energia solar é um processo irreversível, como está sendo agora o da energia eólica, e uma janela de oportunidades de crescimento. Precisamos investir neste campo forçando assim a redução do custo na sua produção, uma vez que o modelo hidrelétrico tende a se esgotar no futuro. E se esgotando, o investimento hoje nesta alternativa de geração de energia elétrica é de fundamental importância para assegurarmos a continuidade do desenvolvimento sustentável do nosso país.

Portanto, pelas aspirações democráticas e humanistas da sociedade, o desenvolvimento da nossa Matriz Energética passa por decisões de políticas públicas onde através destas precisamos discutir, francamente, o necessário incentivo do governo em grandes investimentos nesta área por meio de uma discussão versando, inclusive, pela isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços para os fabricantes de painéis solares de forma a acelerar, assim, o avanço da tecnologia nacional proporcionando, como consequência, mais riqueza e independência para o nosso país."

* Airton Freitas Feitosa é Engenheiro Eletricista graduado pela Universidade de Fortaleza, com experiência na Área de Geração de Energia Elétrica e com Pós-Graduação nas Áreas de Gestão de Pessoas pela Universidade do Estado da Bahia e de Gestão Empresarial no Setor Elétrico pela Fundação Getúlio Vargas.



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