sexta-feira, 29 de julho de 2011

AGORA É CRÍTICA SEM O FAMOSO ADJETIVO 'ACERBA'. POR QUÊ?

.
.

“Para adquirir o bem que querem, os audaciosos não temem o perigo, os avisados não rejeitam a dor; os covardes e embotados não sabem suportar o mal nem recobrar o bem, limitam-se a aspirá-los e a virtude de sua pretensão lhe é tirada por sua covardia; por natureza fica [só] o desejo de obtê-lo.”

É o entendimento sobre a atitude dos que querem ser subalternos, proposto por LA BOÉTIE (1530-1563). Ou seja, o servil perde a sua vida e dignidade servindo-se à subalternidade. E estes assim agem cegamente porque combóiam, sem perceber, certos padrões de conduta que se impõem na perspectiva da manipulação dos ditos “humildes”.

Ontem ocorreu Audiência de Instrução e Julgamento do processo que move contra mim o prefeito de Floriano. Não houve conciliação. Por quê? A possibilidade de acordo, por parte do prefeito, está baseada no que ele acha que lhe é conveniente. Nada de errado aí. No entanto, nada do que ele entende como sendo vantajoso para ele é do meu interesse.

Qual a proposta que ele fez para que o processo cessasse? Que eu fizesse uma retratação. Ou seja, que eu viesse a público pedir desculpas por tudo o que já escrevi sobre a sua administração. O que significa a tal retratação na prática? Que tudo o que eu disse não é verdadeiro, que nada de errado foi praticado pelo gestor, que as denúncias que a imprensa local e do estado divulgam sobre seus atos não são válidas, que ele é competente. Pois é sobre isso que eu falo aqui no Blogue.

Retratar significa: retirar o que disse, desdizer, confessar que errou. Eu nunca fiz qualquer comentário sobre atos que não tenham ocorrido ou tenham sido denunciados publicamente. Desdizer o que eu disse significa dizer que nada aconteceu. Ora, dizer isso é negar a verdade, é negar os fatos. É ser conivente com o descaso administrativo. É ser covarde, embotado. E esses adjetivos certamente não se juntam para formar a minha identidade, o meu caráter.

Então, o que acontecerá a seguir? Decorrerão os prazos estabelecidos para a apresentação dos “memoriais derradeiros” e em seguida haverá o julgamento do processo. Dependendo do resultado, recorrerei à Segunda Instância. E assim a vida segue.

Mas gostaria de manifestar como irá, daqui para frente, ser a minha postura em relação aos atos praticados pelo prefeito de Floriano. Depois de ouvir um número significativo de pessoas do meu círculo mais íntimo, familiares e amigos, sobre a forma acerba com que trato os fatos resolvi fazer uma reflexão. Mas desde já ressalto que continuarei seguindo uma máxima do cantor e compositor cearense BELCHIOR: “... palavras são navalhas e eu não posso cantar como convém / sem querer ferir ninguém...”. Todavia, me perguntei: será que todas as pessoas citadas acima estão enganadas e só eu estou com a razão?

Dessa reflexão cheguei a um ponto inequívoco, mas que de tão normal no meu jeito de ser deixei de percebê-lo na sua inteireza, ou seja, eu o banalizei. É que as vezes sou inflexível (e em alguns aspectos tenho de continuar sendo). Mas isso termina, como me disse um amigo leitor, mesmerizando e contaminando as ideias.

Detesto ser o mesmo, sempre. Tenho necessidade de ser e pensar de modo diferente de tempo em tempo. Pois a cada etapa dessa caminhada os objetivos vão se concretizando e isto consiste em dizer que o que deveria ser dito para mostrar que “o Rei está nu” já foi dito. E sigo algo em que acredito: “tudo muda, nada permanece”. Por isso vou tentar reaprender a falar dos fatos, mas sem eufemismos e com mais objetividade ainda.

Pois continuar do mesmo jeito pode acabar arrastando os fatos do âmbito da objetividade, que é onde eles devem ser analisados como fatos pelos leitores, e trazendo-os para o âmbito da minha subjetividade, o que nunca foi o meu objetivo. E também nem sempre é bom para os fatos. Então, intuí que é tempo de experimentar um modo diferente de falar sobre essas coisas.

Nunca me calarei, mas meu lógos será, daqui para frente, mais comunicativo, menos o ‘eu’ acerbo e mais objetivo. Contudo, nada de amorzinho, benzinho, Jairzinho “paz e amor”. Será um lógos afirmativo, macho. Não haverá transformação essencial, apenas uma mudança cerimonial. A essência continuará sendo aquela que diz quem sou de tempo em tempo e aparelhada com o espírito crítico, denunciador, analítico, satírico, audacioso, corajoso, consciente.

Tomara que não me façam voltar atrás, pois bastará um bajulador torpe vir a público falar coisas que não sabe de mim, e...

.

P. S. (1): Não fiz acordo porque quem se dispõe a fazê-lo quase sempre está sem razão ou não acredita nas atitudes ou anda muito apressado. Acredito e confio em mim e no que faço e tenho algum tempo de vida para esperar o fim dessa pantomina.

P. S. (2): Na audiência o prefeito continuou mostrando-se confuso acerca das dimensões da consciência dos “bípedes sem penas” (a que fiz referência na postagem anterior). Ele continua preso ao desconhecimento e ao conceito pré-estabelecido com base no desconhecimento. Não arreda pé disso. Disse que faço críticas pessoais e a seus familiares. Desafio, como disse na audiência, a qualquer pessoa a encontrar no meu Blogue qualquer referência à vida pessoal do prefeito e de seus familiares. Mas quando eles se tornam públicos, ou assumindo funções públicas, todos podem encontrar várias postagens a respeito de suas atuações. Isto só é estranho para quem não aprendeu que a ‘modernidade’ estabeleceu claramente distinções entre essas dimensões. Ele disse também que sou muito agressivo. Fazer críticas não é ser agressivo. Se a pessoa coloca as coisas nesses termos tenta, então, invalidar qualquer manifestação crítica, pois elas, críticas, estariam na conta das atitudes agressivas. Ora bolas, o que se quer é calar a crítica ou estabelecer que só os puxa-sacos podem vir a público manifestarem-se sobre a sua administração. É só ligar os aparelhos nos meios de comunicação da cidade para se ouvir, desde o amanhecer do dia, os escárnios das bajulações torpes apresentarem os fatos de ponta cabeça incentivados que são por uma raçãozinha de pouco mais de um salário mínimo. Com a ressalva de raríssimas exceções iguais ao RIBAMAR DOS SANTOS do Programa “Bom dia Floriano”, Rádio Princesa FM, que têm a dignidade de falar dos fatos como eles são e quando tem de se falar.

.

4 comentários:

  1. Bizarro ein... É o que dá eleger pessoas inacessíveis e engessadas dentro de si mesmas para nos representar. Ponto pro eleitorado dele.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns.....Belissimo texto....Bem como sua dignidade e por ser esse cidadão honesto e de personalidade própria....Estou orgulhosa com sua posição...

    ResponderExcluir
  3. Olá Chico Mário.

    É uma honra tê-lo aqui. Concordo com você em grande parte de seus posicionamentos e defendo muito do que defende. Devemos, portanto, expor o que pensamos de forma clara e corajosa.

    Um abraço.

    Ah! Seu Blog tá show.

    Jair Feitosa.

    ResponderExcluir
  4. Olá Larissa.

    Fico grato por sua manifestação e garanto que a maioria dos meus princípios permanecerão. Alguns, com o tempo, necessitamos atualizá-los, mas os essenciais e norteadores de nossas vidas são capitais.

    Melhor seria se fizessémos como o sarcástico Groucho Marx e expussémos as coisas assim?"Estes são os meus pricípios. Se não lhes agradam, tenho outros".

    Um abraço forte de saudade.

    Jair Feitosa.

    ResponderExcluir

ESTE COMENTÁRIO SERÁ EXIBIDO DEPOIS QUE EU DER UMA LIDA, POIS TEM MUITOS MALEDICENTES ENVIANDO COMENTÁRIOS TRESLOUCADOS E RAIVOSOS. PARA DEIXÁ-LOS MAIS DESESPERADOS AINDA, NÃO PUBLICO NENHUM. MAS NÃO DEMORAREI COM O SEU, PROMETO.